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Os jogos que promovem “alegria” e “superação”

Os X Jogos Adaptados da Cova da Beira Special Olympics, que decorreram na Covilhã e Fundão, contaram com 350 participantes de 30 instituições de todo o país em modalidades como futsal, natação, basquetebol e badminton. Quem participa, enaltece o convívio, e os “dias diferentes” que o desporto proporciona

“Ajuda-me na minha saúde mental e física e dá-me sempre uma alegria”. Quem o afirma é Rita Mascarenhas, 35 anos, que joga pela Associação de Apoio à Criança de Castelo Branco (AACCB) na X Edição dos Jogos Adaptados da Cova da Beira Special Olympics. Este ano, as provas realizaram-se de 20 a 22 de novembro, na Covilhã e no Fundão. Rita diz participar nestes eventos “há muitos anos”. “O desporto faz-me muito bem, é uma coisa que eu adoro”, conta a jovem.

João Miguel Duarte, 26, é colega de equipa de Rita. Explica que gosta muito do convívio que acontece nestas edições e de conhecer novas pessoas. “Participar ajuda-me a melhorar os meus problemas e a desenvolver ainda mais as minhas capacidades. A cada dia supero-me”, vinca com orgulho.

Vinda de Pinhel, Telma Almeida, 29 anos, é a treinadora do grupo ADM Estrela. Afirma que “no geral, todos são capazes de fazer alguma coisa, quando querem. São tão capazes como as pessoas ditas ‘normais’”. O melhor, nos Jogos Adaptados, é ver a evolução dos participantes. “É uma sensação muito grande de orgulho, de os ver a superarem-se a cada dia que passa. E eles têm muito para evoluir, mesmo ao nível do aumento de capacidades, não só desportivamente. Acaba por melhorar muito a autonomia deles, o que é muito mais importante do que o resto”, explica Telma.

A responsável pelo grupo conta que “eles gostam mais do convívio, da interação com as outras instituições e não propriamente dos resultados desportivos. Isso não está em causa. Tentamos sempre que haja melhoria nos resultados obtidos, mas não é o mais importante”, explica.

A parte mais complicada, segundo a treinadora, é lidar com os feitios dos participantes. “Nem sempre é fácil eles entenderem o que é pretendido e o que devem fazer. E há ali uma relação muito estreita entre uma pessoa corrigir alguma coisa que está menos bem e eles levarem a mal. Fazem daquilo logo uma confusão muito grande” conta.

Um dos participantes da ADM Estrela, Marco Ferreira, 33, já participou em todas as edições do Special Olympics. “Gosto de tudo, de todos os tipos de desportos, de conviver com as outras instituições e fazer as atividades” garante. O jovem realça que estas provas fazem com que tenham “dias diferentes”. “Gosto muito de fazer desporto porque nos ajuda a desenvolver, a esclarecer as nossas cabeças e a sairmos um bocado à rua. Termos uns dias diferentes”, conta Marco.

Susana Capeto, 49 anos, vive em Pinhel e está na ADM Estrela, mas é natural do Porto. “É a minha primeira vez a participar nestes jogos e estou a gostar. É diferente, faço outras atividades e temos dias novos”, enuncia.

“Participar nestes eventos beneficia a minha saúde, porque sou diabética e fazer desporto é importante para me ajudar nesse aspeto. E também gosto de conhecer novas pessoas, ver novas terras. Vim do Porto para Pinhel e agora venho conhecer esta zona toda com estes jogos”, frisa Susana.

Integrar através do desporto

Bruno Santos, 46 anos, é treinador do grupo da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) do Fundão.

“A expressão deles de felicidade, de gostarem de participar, de ganhar às vezes e de se divertirem uns com os outros, isso é o mais importante”, diz Bruno. “É lógico que gostam de ganhar e ter aquelas medalhas no fim, mas o que importa é a participação e o convívio”, vinca.

Bruno Santos relembra a importância deste tipo de iniciativas. “Também é uma forma de os integrar através do desporto. Não só aqui, mas também fora dos campos, com o convívio, o jantar de gala e o bailarico. A melhor parte de participar é vê-los felizes. Concretizar vivências diferentes para eles. A primeira vez em que muitos deles, se calhar, dormiram num hotel, foi ao virem a estas provas”, explica o treinador.

O responsável do grupo fundanense considera que o que de mais positivo acontece faz esquecer tudo o que se torna mais difícil nestes torneios. “Ver as coisas que eles aprendem, as vivências nestes dias, é a parte que se calhar é melhor. Acho que não há nada que seja mais difícil. Nós sabemos que, se calhar, até é mais fácil lidar com eles do que com gente e crianças ditas ‘normais’, sem doença. Sinceramente, não aponto nada de diferente. Na base, a parte mais gratificante é vê-los felizes, as vivências e o convívio. É o mais importante e ultrapassa o que pode ser mais difícil”, afirma.

Melissa Silva, 23 anos, faze parte do grupo da APPACDM do Fundão. Melissa já participa “há muito tempo” nos jogos adaptados e confidencia que os seus desportos favoritos são basquetebol e natação. “O convívio aqui é bom e faço muito amigos novos. Fico mais solta, faço novas amizades e evoluo nos desportos”, diz a rapariga, que anseia participar em mais edições.

Sair da esfera familiar e institucional

António Marques, presidente da APPACDM da Covilhã, instituição organizadora do evento, descreve esta edição como “um êxito”. “A décima edição foi, de facto, um êxito. Superou todas as nossas expectativas, já que tivemos o maior número de instituições presentes e, também, um maior número de atletas”, explica.

Segundo o presidente, estiveram presentes 30 instituições “praticamente de todo o país” e 350 pessoas envolvidas nos três dias de provas.

“O nosso objetivo para estas edições é sempre o mesmo: juntar os jovens, permitir-lhes praticar atividades desportivas, conviver com outras pessoas. No fundo, há uma questão para além da área desportiva, há também o aspeto da socialização”, frisa António Marques. “Não andamos atrás de resultados, nem de pódios, primeiros nem segundos lugares. O que a nós nos interessa é, de facto, esse aspeto da inclusão através da prática desportiva”, continua.

“Este ano, mais uma vez, foi evidente a concretização dessa nossa visão, porque correu tudo muito bem. Eles adoraram, estiveram três dias em franco convívio, o que lhes permite, mais uma vez, sair da sua esfera mais usual, que é a esfera familiar e das instituições e poder vir até uma cidade e conviver com outras pessoas”, vinca o responsável da instituição.

António Marques lembra que as limitações criadas pela meteorologia obrigam a que não se aposte nas modalidades ao ar livre. “Apenas fazemos modalidades no interior dos espaços, já que as condições do tempo são sempre imprevisíveis nesta altura do ano. Podíamos, noutra altura do ano, fazer atletismo e outras atividades, porque temos equipas que participam ao longo do ano noutros eventos”, explica.

O presidente garante que, na próxima edição, pretendem continuar a apostar no badminton, a nova modalidade que surgiu este ano em forma de demonstração.

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