Miguel Saraiva
Os primeiros jogos de futebol realizados na cidade da Covilhã datam por volta de 1920. Eram normalmente disputados ao domingo, no Campo da Várzea (zona da atual Laneira), para onde as pessoas se deslocavam em grandes romarias a pé, com os covilhanenses de mais posses a deslocarem-se nas suas viaturas. Os encontros eram combinados, pois não havia campeonatos organizados, sendo muitas vezes oferecidos troféus, por empresários ou coletividades, para o vencedor. As receitas eram normalmente doadas a instituições como os Bombeiros Voluntários da Covilhã, Creche do Menino Jesus, chamada também como “Florinhas de Rua”, Albergue dos Inválidos, Hospital da Misericórdia, Lactário, Cantina Escolar, Comissão a Assistência dos Tuberculosos, Asilo de Infância ou para causas e obras que fossem necessárias fazer na cidade.
Os confrontos eram normalmente entre o Sporting Clube da Covilhã e o seu grande rival, o Montes Hermínios Sport Club, mas também contra outras equipas, como o Grupo Desportivo da Escola Industrial, o Vitória Luzo Sporting, o União Desportiva da Covilhã, o Grupo Desportivo Militar Regimento Infantaria 21, o Internacional Foot-ball Club que era filial do C.F. Os Belenenses e em 1932 passou a dominar-se Club Foot-ball “Os Covilhanenses”, o Sport Comércio e Industria, o Caria Foot-ball Club, o Sport Lisboa Tortozendo, Sporting Club do Tortozendo, o Grémio Desportivo União (Castelo-Branco), o Grupo Desportivo Os Serranos (Gouveia), o Grupo Desportivo Fundanense e o Sporting Club do Fundão.

Do Sítio da Várzea à Palmatória
Em abril de 1925 começam as terraplanagens no novo campo do Sporting Clube da Covilhã, visto que o entusiasmo pelo futebol na nossa cidade crescia e o número de adeptos aumentava cada vez mais. Como os jogos tinham mais assistência, existia a necessidade de encontrar outro campo que tivesse melhores condições e albergasse mais gente. Foi assim que em agosto de 1925 se inaugurou o Campo de Foot-ball do Sítio da Palmatória, obra começada e concluída pelo presidente da direção, Dr. Alexandre Quental Calheiros Veloso e pelo presidente do Conselho Fiscal, Dr. António Pereira Espiga, onde foram gastos muitos milhares de escudos, pelo que a eles deve o Sporting da Covilhã e todos os desportistas desta cidade o seu novo campo.
O jogo inaugural teve como adversário do Sporting Clube da Covilhã o seu grande rival, o Montes Hermínios Sport Clube, em que o resultado do jogo foi de 4-1 a favor das cores verde e brancas.


O Campo das Festas e Bairro Municipal
Em 1929, a falta de condições do Campo do Sítio da Palmatória obrigou a direção do Sporting Clube da Covilhã a procurar outras soluções. Assim, os jogos passaram-se a realizar no “Terreno dos Barrios” (Bairro Municipal) e no Sítio do Campo das Festas.
Em 23 de outubro de 1933 deu-se início às primeiras obras do novo campo de jogos situado no sítio do “Alto do hospital da Misericórdia”, na zona da floresta, iniciando-se assim as terraplanagens do novo campo. Um grupo de amigos, através dos seus auxílios financeiros e sacrificando o seu tempo na recolha de fundos, demostraram sempre uma vontade incansável na construção do campo. Eram chamados os “Capacetes de Aço” e o seu principal obreiro foi José dos Santos Pinto, um lutador pela causa do desporto. Em 1935, e já com apoio da Câmara Municipal da Covilhã, a planta do campo é remetida para o Conselho Superior das Obras Públicas para ser apreciada e comparticipada pelo Fundo do Desemprego, resultando daqui um contributo no valor de 250 contos.


O Alto do Hospital que passou a Santos Pinto
Em abril de 1935, o Campo do Alto do Hospital apresentava-se já com bancadas e em junho começaram com o levantamento dos muros. Apesar do campo de jogos ainda estar em construção, o retângulo de jogo já estava num estado razoável e o último encontro da época foi realizado no novo campo no dia 14 de julho de 1935, em que o Sport União Operária de Santarém venceu o clube serrano por 2-1. A receita do jogo foi destinada para a comissão pró-obras do campo de jogos.
Em setembro de 1935 foi aprovado um novo projeto para a continuação das obras do “Campo de Jogos do Alto do Hospital”. A obra estava orçamentada em 507 contos, sendo 198 contos de materiais e 309 contos de mão de obra, estando assim assegurada a realização de importantes melhoramentos. Foi fundamental o apoio da Câmara Municipal e o empenhamento do seu presidente Dr. Alexandre Calheiros Veloso e o contributo do Sr. José dos Santos Pinto, seria impossível a nossa cidade ter um campo de jogos. No dia 27 de maio de 1940, José dos Santos Pinto, faleceu em Lisboa. Após o seu falecimento o Sporting Clube da Covilhã, por sua sugestão, solicitou à Câmara da Covilhã licença para a mudança do nome daquele recinto, deixando de chamar-se Campo do Alto do Hospital para designar-se Estádio José dos Santos Pinto, mantendo-se até aos dias de hoje o nome deste mítico estádio.

