Pelo palco da Feira de São Tiago. Na Covilhã, passam nomes sonantes do panorama musical português, mas há vários anos que o certame tem também um palco secundário, onde músicos da região animam as noites, uns aproveitam para se mostrar a um público mais heterogéneo e outros se dão a conhecer fora da garagem ou da sala de ensaios.

O espaço já teve várias localizações e este ano, na confluência entre a zona comercial, a área de restauração e a entrada para o relvado onde decorrem os espetáculos a opinião é unânime: este é o melhor sítio, com visibilidade e onde transita muita gente.

Hugo Santos, professor de música, tem várias bandas, atua em grupos como os Rosa Negra ou o Projeto 80, ensinou a tocar várias pessoas que vão atuar e foi o responsável por montar o cartaz do palco secundário, por onde vão passar 18 bandas e cerca de 60 músicos até dia 28.

Segundo este responsável, a maioria dos projetos que vão subir a este palco são do concelho da Covilhã, mas há bandas do Fundão à Guarda. A preocupação foi ter músicos da região, vários géneros musicais e diversidade.

“Há muito talento na região e, muitas vezes, esse talento é desconhecido. Temos aqui muitos músicos, temos essa tradição de haver muitas bandas, há o Conservatório, a EPABI, tantas bandas filarmónicas e não há um espaço onde possam tocar regularmente ao vivo. Este é um sítio fantástico onde o podem fazer”, salienta Hugo Santos.

Para o vereador com o pelouro das Feiras e Eventos, José Miguel Oliveira, o palco secundário do certame “visa fomentar a aposta na cultura regional” e considera-o uma montra. “Alguns destes projetos estavam desativados há alguns anos, pois não tinham quem apoiasse o seu trabalho, nem uma montra como esta que foi criada”, frisa o autarca.

Habituado a estar a agitar baquetas nas mãos, há 18 anos na bateria dos covilhanenses Sequela, Samuel Inácio, 38 anos, atua sábado, pela segunda vez, na Feira de São Tiago, “um privilégio para os músicos da região, devido à importância” do certame. “Poder tocar em casa, e numa feira com esta magnitude, torna tudo único e especial”, considera o baterista da banda que promete tocar 15 temas originais “cheios de energia e muito rock”.

Samuel, acompanhado de Romeu, Sérgio, Edgar e Artur, tocam na mesma noite de Xutos & Pontapés, coletivo com quem têm afinidades e com o qual se identificam, o que torna a noite “muitíssimo especial”. “São uma das nossas principais influências e vamos ter casa cheia”, vinca o baterista dos Sequela.

Rita Fidalgo, de 14 anos, move-se com dificuldade no palco, enquanto faz o teste de som e acerta pormenores com os restantes cinco elementos dos Até Sexta, grupo que se costuma juntar nesse dia da semana numa sala de ensaios e se prepara para atuar para muita gente. Fez uma cirurgia há poucos dias, mas não quis falhar a oportunidade para a qual ensaiaram.

A baixista, que elogia a localização do palco nesta edição, é a segunda vez que toca na feira e conta que lhe “dá gozo ver as pessoas pararem” para ouvirem a banda tocar versões. “É importante termos este espaço para nos mostrarmos e é divertido tocar” ao vivo, sublinha a estudante, que tenciona vir ao Complexo Desportivo outros dias para ver bandas locais.

A limar arestas antes da atuação, a baterista, Margarida Reis, enfatiza que, embora a música seja um passatempo, é gratificante poder mostrar o que são capazes de fazer e poder tocar transmite “uma energia muito boa”. Para a estudante de 19 anos esta é também “uma oportunidade para conhecer outros projetos, porque há muito talento no concelho”.

Frederico Ferreira, 17 anos, na voz e guitarra, frequenta o Conservatório, quer prosseguir estudos na área e acredita que poder tocar além dos saraus e neste tipo de palcos “ajuda na formação, a dar confiança e a largar os nervos”.

Depois dos Português Suave, dos Até Sexta, do projeto 80, de Margarida Geraldes & Renato Folgado, dos regressados Syncopated Groove e dos Últimos da Semana, esta quinta tocam os Irmã Maria, sexta os Rosa Negra, sábado os Sequela e domingo o fundanense Jerónino e os Cromagnon. Dia 22 sobem ao palco os Rubberband, 23 Alexandre Almeida, 24 Ruben Matos e Henrique Tavares, 25 Andrea Guerreiro & The King Size Band, 26 os 100 Ensaios, 27 JC & Os Heróis de Shaolin e 28 Flávio Torres Duo.