O administrador das Minas da Panasqueira disse que vai desencadear, a partir de segunda-feira, os mecanismos legais para acionar o ‘lay-off’, depois de os trabalhadores terem entregado hoje um terceiro pré-aviso de greve que prolonga a paralisação até 28 de abril.
“Vamos fechar a mina por tempo indeterminado. O ‘lay-off’ pode ir no máximo até seis meses. Vamos, a partir de segunda-feira, começar a agilizar os processos legais necessários para entrar em ‘lay-off’”, adiantou ao NC António Corrêa de Sá, que pediu que “impere o bom senso” e a greve seja desconvocada.
Os trabalhadores, desde dia 14 em greve às primeiras três horas de cada turno, argumentaram que desde a entrega do segundo pré-aviso a Beralt Tin And Wolfram apenas propôs, além de 6% de aumento dos salários, mais um euro no subsídio de alimentação, quando o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira pediu um aumento salarial de 13%, o que corresponde a um mínimo de 110 euros, embora entretanto tenha adiantado que os mineiros estão “disponíveis para fechar acordo” com um aumento de 100 euros.
“Entrámos numa situação que não conseguimos aguentar isto. Deixamos de cumprir os nossos contratos, não temos vendas, não temos dinheiro”, sustentou o administrador, segundo o qual, atendendo aos valores reivindicados, a empresa deixa de ser rentável.
Mário Matos, representante sindical, mencionou os investimentos do grupo Almonty, detentor da Beralt, na Coreia do Sul e em Espanha.
“Esta é a única mina do grupo Almonty em exploração. Está a suportar o resto do grupo. Não percebemos como é que, quando são anunciados investimentos de 150 milhões, não existe dinheiro também para os trabalhadores, não se invista também nos trabalhadores”, referiu o sindicalista, que sublinhou a elevada adesão à greve e a paragem da extração de minério nesse período.
Segundo Corrêa de Sá, “uma coisa não tem nada que ver com a outra”.
“O grupo pode investir para abrir novas minas, que é o que está a acontecer na Coreia [do Sul]. Outra coisa é ter dinheiro para manter a operação no minimamente existente. Com esse valor, a empresa deixa de ser rentável”, salientou o administrador da Beralt.
Além do aumento salarial, os trabalhadores reclamam melhores condições de higiene e segurança no trabalho, a valorização das carreiras, “porque há mineiros que, após vinte anos, continuam no início da carreira”, o pagamento de subsídio de risco para todos os que trabalham no fundo da mina e subsídio de fogo para todos os que executam essa tarefa.
O representante da estrutura sindical manifesta disponibilidade para negociar, caso a empresa “tenha vontade de apresentar propostas que os trabalhadores possam considerar”, com valores “que se aproximem” do que é reivindicado.