“O Parque da Goldra é a vergonha desta cidade. É o parque que está deitado ao abandono”. Quem o diz é Ana Viegas, 38 anos. Ana mora perto do parque e admite que, antes, gostava de frequentar o espaço para fazer exercício físico e passear, mas isso mudou. “Eu gostava de ir para lá fazer exercício, às vezes até para dar uma volta com a família e aproveitar os dias de sol, porque é aqui perto de casa. Mas agora tenho medo de ir para lá, porque não me inspira confiança nenhuma”, lamenta.
Rosa Gonçalves, de 60 anos, também utilizava o espaço do Goldra, mas diz que nunca mais lá foi. “Antes ainda se podia ir para lá dar umas caminhadas, que eu costumava ir com os meus filhos quando eles vinham cá visitar-me, mas agora não se pode ir, porque não tem condições nenhumas”, diz.
“O jardim está num bom sítio, em termos de localização, só que não foi bem aproveitado”, opina Rosa, que considera que o parque teria potencial para albergar outras atividades. “Podiam aproveitar o espaço, metiam uns passeios, umas pistas para os miúdos poderem andar de bicicleta, por exemplo. Podiam pôr uns aparelhos de ginástica, mesmo para as pessoas mais velhas se manterem ativas”, acrescenta.
Ana Viegas acredita que a acessibilidade do parque também é importante. “Podiam melhorar a acessibilidade, porque há lá zonas em que nem se consegue passar com um carrinho de bebé”, afirma.
“Aquilo está uma tristeza, acho que é uma vergonha para a Câmara. As tábuas estão soltas, os pregos estão à vista, está tudo cheio de silvas e os muros estão quase a cair. A única parte que aproveitam é o anfiteatro, mas também só fazem lá qualquer coisa muito raramente”, vinca Rosa Gonçalves.
Para Ana Viegas, estas questões refletem a falta de interesse da Câmara Municipal. “É a falta de cuidado que a autarquia tem para com as coisas. Porque, se os muros estão a ceder, a Câmara devia mandar arranjar, pôr as coisas a funcionar, para a população poder usufruir do espaço”, opina.
Ângelo Oliveira, 23, costumava ir para o jardim com os amigos, “enquanto ainda funcionava propriamente”. “Agora, ninguém faz lá nada e não dá para usufruir do parque. Gostava de ir para lá com a minha irmã mais nova, por exemplo. Mas não dá, porque não há condições para estarmos lá”, lamenta o jovem.
Mathilde Amaral costumava visitar o parque da Goldra com a sobrinha e restante família, enquanto isso era possível. “Quando estava bem cuidado, até era um espaço agradável, e nós íamos para lá”, conta. “Depois, começou a ficar muito estragado e nunca mais lá fui. Só passava por lá quando vinha da faculdade às vezes, ou quando tenho alguma coisa para fazer no centro da cidade e uso o elevador, se estiver a funcionar. Porque aquilo está cada vez pior, não há nem cuidado das pessoas, nem do próprio município e, em certos pontos, está a ficar perigoso, principalmente para as crianças”, acrescenta a jovem.
“Para mim, o espaço tem todo o potencial para um parque cheio de diversões para os mais novos, mas, por alguma razão, caiu no abandono. É até rodeado por um espaço de restauração que poderia facilmente ganhar mais clientela, caso o jardim estivesse a funcionar em melhores condições”, aponta Ângelo.
Já Mathilde concorda que “apostar num parque para crianças, com diversões e mesas de piquenique para as famílias se juntarem e aproveitarem o espaço”, seria uma boa aposta para a requalificação do Parque da Goldra.