A participação do Sporting Clube da Covilhã na próxima edição da Liga 3 não está em causa, mas resta saber em que condições o fará: apenas para lutar pela permanência ou tentar uma subida à II Liga. Foi isto que o presidente do clube, Marco Pêba, assegurou ao NC depois de, na passada quinta-feira, 22, o presidente da assembleia geral, Francisco Moreira, ter adiantado que existe “urgência” em conseguir um investidor para o clube.
O presidente da direção, Marco Pêba, revelou publicamente que enquanto não tiver um orçamento assegurado para a próxima temporada, não avança para a constituição nem do plantel, nem equipa técnica. “O planeamento da próxima época só com garantias financeiras” disse o responsável máximo do clube. Ao NC, Marco Pêba assegura que, em termos salariais, apenas este mês ainda não foi regularizado, mas que de resto, está tudo em dia. Porém, salienta que são necessários mais apoios de modo a ter uma época mais tranquila em termos financeiros. “Não vou cometer o mesmo erro da época passada, em que chegámos a março e abril, e tivemos que ir arranjar dinheiro para pagar salários” frisa ao NC. Por isso, neste momento, o trabalho é, sobretudo, de reunir apoios. “Andamos à procura de gente que goste do clube e possa apoiar com patrocínios, seja da camisola, ou do estádio” afirma.
Na quinta-feira, o presidente da mesa da assembleia, Francisco Moreira, adiantou que existiam negociações adiantadas para a entrada de um investidor no clube, de modo a se conseguirem apoios para ter uma equipa a lutar pela subida à II Liga. “À semelhança do que acontece com outros clubes, que já o fizeram, estamos à procura de investidores. Ainda há cerca de uma hora tive uma conversa nesse sentido. Está em andamento e creio que vamos conseguir o objetivo que é dotar o clube de valores que possam levar ao segundo objetivo que é a subida à segunda Liga”, disse Francisco Moreira. Que disse mesmo que, em termos temporais, face ao facto do campeonato arrancar em agosto, “é da maior urgência possível”.
Francisco Moreira recordou que a Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas (SDUQ) permite a entrada deste investimento, não estando o clube obrigado a criar uma Sociedade Anónima Desportiva (SAD). O que só acontecerá se não existirem alternativas e caso seja vontade dos sócios. O presidente da mesa adiantou que, até final de junho (dia 27 ou 30), haverá uma assembleia geral de sócios para a aprovação do orçamento da próxima temporada e mostrou-se confiante em que, apesar dos avisos de Marco Pêba de que só se planeará a próxima época com garantia de apoios, não se colocará em cima da mesa um cenário negativo da não participação do clube na Liga 3.
Ao NC, Marco Pêba assegura que tal cenário não se equaciona, mas alerta que é necessário “um valor avultado” para não ter uma temporada como a passada, em que o Sporting da Covilhã só assegurou a manutenção na última jornada. Sobre a entrada de um investidor, o presidente reitera que tal só é necessário “para o futebol profissional”, com alguém que possa, por exemplo, colocar atletas que possam estar “pelo menos duas épocas”, e que se possam valorizar, gerando receita. “O nosso cenário não é catastrófico. O Covilhã não tem praticamente dívidas e a nossa conta corrente tem entre 60 a 70 mil euros” frisa, lembrando que, por exemplo, na última temporada se gastou menos 40 por cento, em termos orçamentais, que na temporada anterior, em que o Sporting da Covilhã também não passou da Liga 3. “Temos é que conseguir arranjar mais dinheiro, seja com investidores ou patrocinadores” vinca.
Segundo a Federação Portuguesa de Futebol (FPF), o início da competição está marcado para 10 de agosto, estando a conclusão das fases de apuramento de campeão e manutenção e descida prevista para 17 de maio. Já os dois jogos do play-off de subida estão agendados para 23 e 29 de maio.
O clube serrano, para já, ainda não adiantou nem a equipa técnica, nem o plantel, para uma pré-temporada que deverá arrancar no início de julho.
Estabilidade no clube mesmo após demissões
Francisco Moreira, na conferência de imprensa realizada no estádio José Santos Pinto, disse que a mesa da assembleia geral aceitou o pedido de renuncia de mais dois vice-presidentes, António Vicente e Diogo Gil, que segundo ele já há alguns meses demonstravam divergências com a direção, no que respeita à gestão do clube. O responsável garantiu, contudo, que mesmo após estas duas saídas, somadas às de Fausto Batista e Pedro Saraiva, há já largos meses, a direção “tem condições de funcionamento, reúne quórum”. Tendo neste momento dez elementos, sendo chamado mais um dos dois suplentes que se mantêm para integrar a mesma.
Confrontado pelo NC se mais algum elemento lhe fez chegar algum tipo de descontentamento, Francisco Moreira garantiu que não. “Mais ninguém me mostrou vontade de ir embora. Estão todos os elementos presentes” frisa.
Francisco Moreira considera que, um ano depois de ter tomado posse, o balanço acaba por ser positivo, já que em termos desportivos foi alcançada a manutenção na Liga 3, mas recordou a dificuldade em suceder ao legado deixado por José Mendes, em termos diretivos. “Tínhamos alguém que trabalhava 24 horas por dia pelo Sporting da Covilhã. E um tipo de liderança muito concentrada nele, o que obviamente traz dificuldades” afirma, revelando nunca esperar “vir a encontrar o que encontrei”.
No próximo dia 18, decorrerá uma assembleia geral de sócios, para analisar e votar os novos estatutos do clube, que se poderá prolongar por uma outra, caso não se chegue a bom porto. O resultado de uma comissão criada para o efeito, para mexer num documento com 25 anos de existência. “Estão concluídos. Chegou a hora de os rever e adaptar à atual realidade” afirma Francisco Moreira, que informa que os novos estatutos têm agora 73 artigos, contra os 68 que existiam antes. A proposta está agora em apreciação jurídica.