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Sessões do Grupo de Apoio para Pais de Crianças com Necessidades Específicas permitem a partilha de experiências e acontecem todos os meses na Biblioteca Municipal

“Enquanto família somos uma família como outra qualquer. Adaptamos a nossa vida, viramos tudo do avesso, aprendemos a reeducar-nos enquanto pais, aprendemos que está tudo bem e que há outras formas de educar e de estar”, afirma Vera Louro, 38 anos, sobre a parentalidade de crianças com necessidades específicas (NE).

Vera Louro e Rui Santos, 51 anos, são pais de Afonso, uma criança de quatro anos com Perturbação do Espetro do Autismo e frequentam o Grupo de Apoio para Pais de Crianças com NE, “Os Outros dos Outros Somos Nós”, promovido pelo Espaço dos Sentido da Biblioteca Municipal da Covilhã em que, todos os meses, são debatidas várias temáticas relacionadas com a parentalidade. As sessões são dinamizadas pela terapeuta ocupacional, Inês Pereira, e pela psicóloga, Patrícia Arrais.

De acordo com a terapeuta ocupacional, o objetivo do grupo passa, por um lado, por “aumentar os conhecimentos dos pais em relação às problemáticas das crianças com NE, saberem mais sobre a doença e incapacidade dos seus filhos e, ao saberem mais, conseguirem adequar as suas abordagens e comportamentos”. Por outro lado, serve também para “aumentar a rede de apoio informal dos pais”, sublinha Inês Pereira.

A profissional explica que este grupo de apoio surgiu da necessidade de capacitar os pais para lidar com as dificuldades dos seus filhos. “Sentia que as sessões [de terapia] não eram suficientes. Havia muitas outras competências que nós tínhamos de trabalhar ao nível familiar. Tínhamos de capacitar os pais e desmistificar falsas crenças que poderiam ter”, refere.

“O objetivo é que os pais partilhem as suas opiniões, porque têm aqui um espaço para pensar alto, para partilhar”, afirma Patrícia Arrais.

O casal, Vera e Rui, revela que o que os faz levar àquele Grupo de Pais é a “partilha de experiências”. “Eu estou a passar o que ele já passou, o outro passa um bocadinho pior que eu e, às vezes, no sofrimento dos outros, encontramos o nosso conforto”, diz Vera. “Ou a nossa resposta. É perceber que não estamos sozinhos, não somos só nós. Há mais pessoas iguais, com os mesmos problemas e que podem ter soluções também”, acrescenta Rui.

“Há poucas respostas e poucas soluções”

Segundo Inês Pereira, há uma “partilha das diferentes faixas etárias” em que, “alguém que esteja a começar, pode conseguir ver a luz ao fundo do túnel por ouvir alguém que já é pai de uma criança adolescente dizer ‘olha, isso vai passar’ e fomentar um bocadinho a esperança e os pensamentos positivos”.

A psicóloga, Patrícia Arrais vinca que embora o grupo de apoio seja para pais de crianças com necessidades específicas, “acabam por não ser tão específicas quanto isso”. “Acho que são desafios muito maiores do que outros pais, mas na verdade é uma questão de intensidade. Estes pais vivem com muito mais intensidade as dificuldades dos miúdos”, considera.

Apesar da condição do filho, Vera e Rui afirmam que “enquanto família” não sentem dificuldades. “Agora, se falarmos em termos médicos e terapêuticos, aí sim, há vários desafios. Há poucas respostas e poucas soluções”, considera a progenitora. “Descrédito também”, diz Rui Santos. “Há muito isso e acho que é transversal a todos os pais que é o ‘está tudo bem’, ‘ele não anda porque ainda não esta no tempo dele’… é o descrédito”, afirma Vera Louro.

São cerca de 20 pais a frequentar o grupo de apoio, não sendo necessário que os seus filhos sejam utentes do Espaço dos Sentidos. “Isso não é um critério, porque a nossa ideia é mesmo estar abertos e disponíveis. É receber o máximo de pessoas possível nestas circunstâncias, para que todos possam usufruir”, frisa Inês Pereira. As sessões, não sendo abertas à comunidade em geral, “são abertas à comunidade de pais de crianças com NE, apenas”.

A iniciativa vai continuar em 2024 e centrar-se-á “num segundo nível de aprendizagem”. “Agora já não é preciso desmistificar, já são competências adquiridas. Vamos dar um passo em frente e tentar trabalhar competências concretas e específicas de problemas que surgem no dia-a-dia, do género ‘o meu filho não come, o que posso fazer?’, ‘o meu filho bate-se e bate-me, o que posso fazer para resolver essa situação?’”, adianta Inês Pereira.

A próxima sessão do grupo acontece no dia 27 de novembro, pelas 18:00, sob o tema “Futuro da Criança com NE”.

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