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“Passámos a ser uma Câmara com finanças saudáveis e dívida reduzida”

Como não há duas sem três, avança para um último mandato. Porquê?

 

Recandidato-me porque o caminho que iniciámos em 2013, assente numa estratégia de desenvolvimento com vista à construção de uma Covilhã pujante, moderna e próspera, ainda não está terminado. Há oito anos a Covilhã iniciou um novo rumo e encontra-se hoje a meio de um ciclo de progresso que não pode parar. Além disso, temos neste momento um importantíssimo capital de experiência e relacionamento com entidades parceiras que são uma mais-valia muito relevante num momento em que Portugal se prepara para executar muitos milhões de euros através do Programa de Recuperação e Resiliência e do Quadro Portugal 2030. No programa “Portugal 2020”, a Covilhã foi dos municípios na zona centro que mais aproveitou o financiamento comunitário.            Temos aplicado os financiamentos obtidos na melhoria da qualidade de vida das pessoas, em várias áreas, e na aposta nos nossos jovens, através de iniciativas como a requalificação das escolas e jardins de infância, a eficiência energética, a mobilidade ou a sustentabilidade, assim como a cultura e a regeneração urbana, a rede de miradouros na Serra da Estrela e cerca de 200 km de percursos e trilhos pedonais espalhados pelo concelho, entre outros. Em 2013, a Covilhã, que é a porta de entrada da Serra da Estrela, não tinha este tipo de oferta. Enfim, priorizámos muitos projectos para melhorar a qualidade de vida das pessoas e do espaço público, no centro urbano e também nas freguesias. Em relação a fundos comunitários, é preciso agora capitalizar todo o saber-fazer que já demonstrámos para trazer verbas do PRR e do Quadro Portugal 2030 para a Covilhã, fundamental para o futuro do nosso concelho. É este rumo que nos mobiliza e é novamente por isso que me candidato a um novo mandato, confiante de que a Covilhã será cada vez mais uma cidade de referência para se viver, trabalhar, estudar, visitar e investir.

São já oito anos à frente dos destinos do município. O que mudou neste tempo?

 

Mudou muita coisa. De um município sobreendividado, mau pagador e que fazia da sobranceria e agressividade cartão de visita, passámos a ser uma Câmara com finanças saudáveis e dívida reduzida a muito menos de metade do que em 2013, com um prazo de pagamento a fornecedores de 9 dias, com uma capacidade operacional reforçada em recursos humanos e novas máquinas e viaturas que permitiram finalmente passar a prestar um melhor serviço, também com boas relações institucionais com a vizinhança. Este foi todo um caminho que exigiu muito empenho e determinação e que era absolutamente fundamental para alicerçar o futuro.  E não obstante a situação herdada, assim como outros problemas que, entretanto, também conseguimos resolver, tais como vários processos que corriam nos tribunais de que os covilhanenses com certeza muito bem se lembrarão, fomos conseguindo fazer obra logo no primeiro mandato e projectar o futuro, ganhando um novo ritmo e dinamismo no segundo mandato.

“No passado, Centro Histórico foi abandonado e esvaziado”

Que obras?

Por exemplo, investimos muito na regeneração urbana e no Centro Histórico da Covilhã ao longo dos anos, hoje um espaço cosmopolita, de comércio e de vida. No passado, foi completamente abandonado e esvaziado. Decidimos apostar nele e vamos continuar a apostar. O resultado está à vista de todos. A par das mais diversas intervenções camarárias e de grandes obras concretizadas ao nível da requalificação de edifícios históricos – como o velhinho Teatro-Cine agora reconvertido em Centro de Inovação Cultural, o antigo liceu transformado em Centro de Inclusão Social, o ex-edifício da PSP requalificado para acolher o Centro de Inovação Empresarial, o Pátio dos Escuteiros ou o novo Museu- os privados também começaram a investir nesta zona da cidade. Hoje, há obras de privados um pouco por toda o núcleo histórico. Em paralelo, requalificámos grande parte do parque escolar, de norte a sul do concelho. Por outro lado, investimos também na inclusão, na área social e nas pessoas, com intervenção no parque de habitação social e no seu conforto. Ainda não foi possível chegar a todo o lado, mas conseguiremos fazê-lo através da Estratégia Local de Habitação, já aprovada e que brevemente assinaremos com o IHRU. São 14,8 milhões de euros para melhorar e expandir o nosso parque habitacional social e, ao mesmo tempo, apostar na reabilitação urbana e numa Bolsa Municipal de Arrendamento Acessível, bolsa essa destinada à população residente com rendimentos intermédios e também à comunidade estudantil. Apostámos também muito na cultura, no desporto e no associativismo.

Em quê?

A Covilhã já tem, finalmente, uma sala de espectáculos à altura da cidade e do concelho, o Centro de Inovação Cultural e o Teatro Municipal já estão de portas abertas, com visitas guiadas. A Covilhã vai afirmar-se ao nível cultural no panorama nacional e internacional. Nele poderão actuar os mais famosos artistas portugueses e estrangeiros e temos a ambição de que o espaço disponibilizado para a criatividade e residências artísticas venha a colocar a Covilhã na vanguarda da produção cultural. A Covilhã será num futuro muito próximo um importante produtor de talentos em diversas áreas, ganhando assim também uma atração natural para quem pretenda ter sucesso. Já no âmbito do associativismo, as associações do concelho contam hoje com um Gabinete de Apoio para auxiliar os seus dirigentes nos desafios diários, tais como na submissão de candidaturas a fundos, e com um Regulamento de Apoios que trouxe critérios de isenção e total transparência na atribuição de verbas por parte da autarquia. Já atribuímos, em 3 anos, mais de 1 milhão de euros às associações para projectos muito importantes para as comunidades onde estão inseridas e para o concelho. Quanto às freguesias, realizámos também um conjunto de obras relevantes, sempre com profunda preocupação no que respeita à coesão territorial, sendo que hoje estão mais atractivas. Por fim, entre várias outras obras e iniciativas que poderia ainda destacar, encontra-se a candidatura da Covilhã a Cidade Criativa da UNESCO na categoria de Design, cujo resultado deverá ser conhecido dentro de poucos meses. Esta candidatura constitui uma oportunidade única para, através do Design, a Covilhã se poder afirmar como uma cidade de inovação, de investigação e de cultura.

“Quando cheguei à Câmara encontrei um concelho com estradas muito degradadas”

Quais os principais problemas que ainda identifica que não tenham sido resolvidos?

Mais do que problemas, temos é vários desafios para os próximos anos, como a transformação digital do concelho, o período pós-pandemia ou a conclusão do ciclo das infra-estruturas básicas que uma cidade como a nossa tem que ter. Entre elas, está a construção de um pavilhão desportivo multiusos. A Covilhã tem há vários anos pavilhões espalhados pelo concelho, mas não tem um multiusos de referência, um pavilhão municipal que esteja ao serviço de todos e à altura de eventos de topo. Vamos criá-lo, ao abrigo do Plano Estratégico Desportivo, já aprovado. Vai revolucionar o desporto no nosso concelho. Através deste plano, vamos também construir uma nova piscina coberta e um centro de rendimento em altitude, nas Penhas da Saúde. A par destas iniciativas, vai ser criado um Conselho Municipal de Desporto e, ainda, uma bolsa solidária, para assegurar que nenhuma criança ou jovem do concelho deixe de praticar desporto devido a carências financeiras. Outra prioridade é prosseguir o trabalho de construção e requalificação das vias rodoviárias do concelho. Quando cheguei à Câmara encontrei um concelho com estradas muito degradadas e, como já disse, total incapacidade operacional, por falta de equipamentos nos serviços municipais. Depois destes dois mandatos, já temos máquinas e recursos humanos para reparar estradas e construir pequenos troços e, igualmente, capacidade financeira para progressivamente irmos chegando a todo o concelho. Estamos apostados em reforçar e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos no espaço público, repensando a circulação automóvel e de peões na zona urbana e no concelho, com a construção e qualificação de passeios e praças, ordenação de estacionamento e outras infra-estruturas.

Os últimos Censos revelam que, em dez anos, a Covilhã perdeu mais de cinco mil pessoas. O que pensa fazer para estancar esta sangria?

É verdade. A realidade nua e crua dos números, que infelizmente também não são muito diferentes da realidade de praticamente todos os concelhos do País, à excepção de alguns que pertencem à Área Metropolitana de Lisboa. A verdade é que a coesão territorial tem de ser uma prioridade nacional, qualquer que seja o Governo, sob pena perdermos parte muito significativa da nossa diversidade cultural. No fundo, com o despovoamento do Interior, o que estamos a perder é uma parte muito significativa e importante da nossa identidade enquanto povo e enquanto Nação.  Com esta capacitação e qualificação que estamos a realizar no concelho pretendemos criar as necessárias condições de atração e fixação de pessoas e investimento. Mas que não haja ilusões: contamos muito e cada vez mais com o Poder Central para os grandes desafios da criação de emprego e especialização territorial. Acredito que a dinamização das várias infra-estruturas que já funcionam ou as que em breve vão entrar em funcionamento, com o reforço da colaboração com a UBI e com a reconhecida capacidade de inovação e resiliência dos covilhanenses, vamos conseguir contribuir para a inversão desta tendência e atrair novos habitantes.

“A UBI é parceiro imprescindível na estratégia de desenvolvimento”

Como é que vai ajudar a criar mais emprego?

Muito resumidamente, melhorando e capacitando as infra-estruturas de acolhimento empresarial no concelho com as novas fases das zonas industriais e com um reforço dos espaços de acolhimento. Tenho a ambição de nos próximos quatro anos criar novos espaços para esse efeito, juntamente com todas as Juntas do Concelho, requalificando edifícios com condições de teletrabalho e alojamento. A ideia é dispor em cada uma das nossas aldeias de espaços que permitam acolher temporariamente os chamados nómadas digitais, que virão não apenas trabalhar, mas também para experimentar e vivenciar as culturas e tradições locais, incrementando assim a economia local. Com um ecossistema empresarial e empreendedor, mobilizado pela dinâmica do Parkurbis, do novo Centro de Inovação Empresarial, da UBI, da Ubimedical e de todos os outros parceiros, estou convencido que a Covilhã irá crescer e aumentar as ofertas de emprego no nosso território.

Há um candidato que diz que a Câmara não se relaciona como deve ser com a UBI e não aproveita todo o seu potencial. Concorda? O que irá mudar nesse âmbito?

Com o devido respeito, esse candidato precisa de dizer coisas para tentar captar a atenção dos eleitores. Recordo com orgulho que em mais do que uma sessão pública em que participei a convite da UBI ao longo dos meus mandatos, o reconhecimento e destaque, por diferentes responsáveis, relativamente à minha presença, disponibilidade e colaboração. Ouvi mais do que uma vez “O Senhor Presidente já veio mais vezes a esta casa num ano que o seu antecessor em todos os seus mandatos”. Além disso, fui até hoje o único autarca eleito para o Conselho Geral da UBI. Escusado será lembrar que o meu antecessor é hoje mandatário dessa candidatura e calculo que tenha sido nele que o candidato se tenha inspirado para dizer tais dislates.  O que posso assegurar é que desde que sou presidente da Câmara temos cooperado, mantido e cultivado as melhores relações com a UBI, nos mais diversos níveis. Naturalmente que podemos fortalecer ainda mais este relacionamento, em prol do desenvolvimento do concelho, é o que queremos fazer. A UBI e a sua comunidade são um dos principais activos da nossa comunidade e que têm hoje o seu campus universitário na malha urbana da cidade. Naturalmente que a relação entre o Município e a UBI só pode ser reforçada porque a UBI está a crescer e comigo na Câmara Municipal ela é parceira imprescindível na estratégia de desenvolvimento da nossa comunidade.

“A Covilhã está em velocidade de cruzeiro, sem que nos tenhamos endividado”

Disse ter herdado uma dívida avultada, mas que nos últimos anos a conseguiu abater. Há agora condições para ter mais obras? Quais as prioridades do próximo mandato?

As contas da Câmara estão equilibradas, temos feito obra, intensificámo-la neste segundo mandato e a Covilhã está em velocidade de cruzeiro, sem que nos tenhamos endividado para a realizar, como acontecia no passado. Temos os necessários financiamentos assegurados, obras cabimentadas e planos prontos a serem executados. As prioridades no mandato são as que já referi, é manter a Covilhã no rumo certo e concretizar em plenitude a estratégia que temos para o concelho. Dotá-lo de infra-estruturas desportivas dignas, continuar o plano de requalificação rodoviário e requalificar o espaço público em todo o concelho.

“Queremos resgatar a concessão da água”

No que toca à água, há condições para baixar a fatura? A remunicipalização do sector é hipótese em cima da mesa?

É do conhecimento público que estávamos, há largos meses, em negociações com os parceiros privados com vista à redução das tarifas de saneamento que os covilhanenses estão a pagar. Na Covilhã não é a água que é cara, mas sim o saneamento. Não tendo essas negociações resultado na redução das tarifas como era nosso anseio, foram dadas instruções a uma equipa de consultores para nos prepararem o caminho para o resgate da concessão, ou seja, para romper o contrato e fazer regressar o saneamento a 100 por cento para as mãos do Município, de onde nunca deveria ter saído. O negócio da água realizado no passado foi ruinoso. Eu era vereador da oposição na Câmara Municipal e votei contra. Quando cheguei à Câmara, como presidente em 2013, o negócio da água já estava feito, os então Serviços Municipalizados de Água e Saneamento já tinham desaparecido, os esgotos já estavam concessionados à empresa Águas da Serra até 2035, cobrando a tarifa de esgotos mais alta do País. A ICOVI tinha sido criada com um activo sobrevalorizado para permitir o endividamento municipal e 49% da ADC já tinha sido vendida aos privados. O investimento em modernização, equipamentos e infra-estruturas de água, seja em condutas ou reservatórios, era incipiente, fruto de uma gestão que maximizava a receita e o lucro privado em detrimento do serviço prestado. De 2000 a 2013 os covilhanenses puderam assistir a um aumento médio de 400% da sua factura, o que é um absurdo. O que nós fizemos depois foi tentar conter esta subida desenfreada e em 2016 conseguimos inclusive reduzir o preço. Foram 3,7 milhões de euros que ficaram nos bolsos dos covilhanenses e das empresas por via dessa redução. Passámos do 6º município mais caro em 2013 para o 18º em 2020. Não é suficiente, claro. Os covilhanenses não podem continuar a pagar pelos erros do passado e é por isso que, dado que não foi possível chegar a um entendimento com os privados, queremos resgatar a concessão, para que os covilhanenses possam pagar um valor justo pela factura da água.

 

Será vereador caso perca?

Respeitarei naturalmente e com toda humildade o veredicto dos covilhanenses, mas sinceramente não me parece que possa servir melhor os meus concidadãos como vereador de oposição do que tenho servido e irei servir, se merecer a sua confiança, enquanto presidente para os próximos quatro anos.

Aceitará algum tipo de acordo pós-eleitoral?

Sinceramente, espero que não seja necessário fazer essa análise e reflexão porque acredito que irei merecer novamente a confiança dos covilhanenses para governar com estabilidade. Mas também já dei provas de saber governar sem maioria, pelo que comigo como presidente não me parece que um cenário de ingovernabilidade autárquica seja provável.

Qual será um bom resultado na noite de dia 26?

Estou certo de que os covilhanenses reconhecem todo o trabalho que temos vindo a desenvolver e a importância de continuidade deste ciclo de desenvolvimento alcançado. Acompanham-me candidatos e equipas valorosos, experientes, motivados e preparados para os novos desafios, quer na lista para a Câmara Municipal, quer nas listas para a Assembleia Municipal e Assembleias de Freguesia. Apresentamos candidaturas em 19 das 21 freguesias, 16 do PS e 3 apoiadas pelo partido, com equipas preparadas para os novos desafios. Acredito em todos eles, no seu empenho e competência, temos as melhores equipas, os melhores candidatos. Os tempos que aí vêm não recomendam amadorismos nem experimentalismos. Quanto à candidatura à Câmara Municipal, ser reeleito presidente de um executivo municipal que permita uma estabilidade política de governação para continuar a desenvolver a Covilhã seria um bom resultado. Estou convicto de que, face ao que foi realizado pelo concelho da Covilhã nos últimos oito anos e àquilo que me proponho a executar nos próximos quatro, os covilhanenses me irão renovar essa confiança.

PERFIL

Vítor Pereira, 59 anos, é pela terceira vez candidato seguida candidato do PS à Câmara da Covilhã. Advogado, já foi vereador da oposição no executivo, e também já foi deputado à Assembleia da República. É também o presidente da Federação Distrital do PS Castelo Branco.

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