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Penamacor: mais crianças sinalizadas e menos estrangeiros

Em 2023 foram acompanhados 32 processos e este ano, até maio, já vai em 26

Em Penamacor, a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) está a registar um aumento do número de situações sinalizadas, mas os casos de menores da comunidade estrangeira residente no concelho diminuíram, disse ao NC a presidente do organismo, Cristiana Santos.

Em 2023 foram sinalizadas 32 crianças e jovens durante todo o ano, enquanto este ano, até maio, esse número já atingiu as 26 crianças e jovens em risco.

Se no ano passado a situação de perigo mais diagnosticada foi a negligência, a falta de supervisão e acompanhamento familiar, este ano a maior problemática está relacionada com a violência doméstica, a exposição a comportamentos que possam comprometer o bem-estar e o desenvolvimento das crianças, informou a responsável pela CPCJ de Penamacor.

No concelho reside uma grande comunidade estrangeira e, em 2023, dos casos sinalizados, 40,1% eram de menores estrangeiros. Este ano, regista-se uma queda para os 30,1%.

Cristiana Santos sublinha que se tem tentado fazer uma aproximação não apenas à sociedade em geral, através de medidas de sensibilização e de prevenção, como aos estrangeiros, muitas vezes dispersos e residentes em locais remotos.

A intenção é tentar desmistificar ideias erradas associadas às CPCJ, por vezes porque são relacionadas aos sistemas de países onde funcionam de forma diferente.

“Temos de ter sempre muita atenção, porque sabemos que a comunidade estrangeira que temos muitas vezes reside afastada e os processos podem não chegar, porque as pessoas ainda não conhecem as pessoas que chegam, ou não sabem muito bem onde elas residem”, realça a responsável.

 

Com as iniciativas que têm sido promovidas pretende-se, por exemplo, dar a conhecer a intervenção que é feita pelo organismo, para que as pessoas “possam sinalizar sem receio” e os técnicos possam intervir atempadamente e agir de forma preventiva, porque “quanto mais grave é a situação, mais difícil é a intervenção e mais difícil é trabalhar o bem-estar desta criança”, sublinha Cristiana Santos.

 

“Existem sistemas em que muitas vezes a proteção é associada logo à retiradas das crianças, e é com essa ideia que nós queremos quebrar”, vincou a presidente da CPCP. “Não queremos criar problemas às pessoas. Não queremos que as crianças sejam tiradas. O que nós sabemos é que, quanto mais cedo nos chegarem as sinalizações, melhor é a intervenção, porque mais preventiva”, acrescenta.

 

O objetivo, acentua Cristiana Santos, é “não deixar que as situações se agravem, que não cheguem tão longe, conseguir-se chegar a essas crianças mais cedo”.

 

Apesar do aumento dos números este ano, e embora não tenha como o comprovar, a técnica está convencida que muitas dessas sinalizações possam não estar relacionadas com um aumento efetivo de casos, mas com uma “comunidade mais atenta” e mais sensível a estas situações.

 

Os alertas continuam a chegar maioritariamente através das forças de segurança e das escolas, mas também da comunidade, em alguns casos anónimos, o que considera benéfico. “Se a comunidade estiver alerta, conseguimos tratar mais questões”, sublinha a técnica.

 

A maioria dos casos registados são rapazes entre os 11 e os 14 anos.

 

Segundo a responsável, as situações com que a CPCJ trabalha não são relativas a nenhuma classe social em particular, mas casos transversais.

 

No dia 1 de junho, para trabalhar a prevenção e tornar visível a CPCJ à comunidade, é promovido com as famílias do concelho, no Parque de Campismo do Freixial, o Dia dos Afetos, um momento em que se pretende estimular o convívio entre pais e filhos “num ambiente calmo, relaxado, em que são proporcionados momentos de brincadeira”.

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