Pedro Farromba
Assistimos nos últimos meses a uma alteração frenética da forma como nos organizamos profissional e socialmente. As reuniões familiares que fazíamos, os jantares com amigos onde participávamos, as reuniões de trabalho para onde éramos convocados, as viagens de trabalho que tínhamos que realizar, tudo isso mudou. Somos hoje capazes de reunir com pessoas de várias cidades e até de vários países, sem sair da nossa casa. As empresas, as pessoas, os processos e procedimentos mudaram. Vivemos num tempo em que, quase magicamente, nos reinventámos numa nova forma de ver o mundo.
É, pois, neste imperioso sentido de mudança que a Covilhã completa 150 anos de vida enquanto lugar administrativamente consagrado. A história, todos a conhecemos, os desafios pelos quais passámos, a resiliência das nossas gentes que aqui ergueram vida, a capacidade de trabalho invulgar deste “´nobre povo serrano” deve ser, por todos nós, louvada.
Se soubemos reerguer a cidade construindo fabricas com as pedras que outrora foram do castelo também seremos capazes de sobreviver a este difícil período que se avizinha.
Celebremos, pois, os 150 anos de vida, preparando-nos para juntos, desafiarmos o futuro.
Caberá a todos nós, cidadãos, que nos empenhemos na ajuda às nossas gentes na certeza que vamos ultrapassar este momento e sair disto mais organizados e mais fortes, estando atentos às inúmeras possibilidades que os (muitos) milhões de Bruxelas nos vão proporcionar.
Este será um momento único na nossa história coletiva. Todas as oportunidades perdidas nestes últimos anos, todos os projetos não realizados, todas as obras não edificadas, toda a inercia que vivemos, vão ter, em breve, um novo e determinante momento para nos reinventarmos.
Somos um povo sereno, humilde e trabalhador, que exige quando deve e se empenha quando é necessário. Quando queremos, sabemos que, juntos, conseguimos superar obstáculos e adversidades. Recordo-me da luta pela manutenção da nossa maternidade que em 2006 nos quiseram tirar e que juntos, conseguimos que aqui se mantivesse.
É nesse período da nossa história que vamos entrar em que temos que nos desassossegar, temos que lutar pelo que acreditamos ser melhor para nós, para o nosso futuro coletivo, com a astucia que sempre tivemos. Honremos a história que nos trouxe até aqui e lutemos juntos pelo nosso futuro.
A oportunidade é esta, o momento é agora, o desafio é gigantesco. Só teremos os próximos anos para nos voltarmos a reerguer, para voltarmos a levantar a nossa voz hegemónica na região, para batermos o pé pelo que é nosso, para desafiarmos o futuro, criando emprego, apoiando o turismo, sustentando a ação social, a educação e a saúde, dando vida, de novo, ás nossas associações, desafiando os nossos jovens a realizar o seu sonho de vida no concelho, apoiando as empresas que temos e cativando mais, com inteligência, com estratégia, falando a voz de quem pode ajudar a criar empregos. Lutemos pelos nossos pais e avós, dignifiquemos o trabalho de uma vida, garantindo as melhores condições a quem tanto lutou por nós.
Não nos confinemos ao conforto do sofá, está a ficar na hora de sairmos de casa e levantarmos alto a bandeira da Covilhã.
Só é possível mudarmos se, realmente, acreditarmos na mudança. O criador já nos deu a montanha e o granito que nos construir a alma, sejamos nós agora com a força da nossa vontade a acreditar que é possível sonharmos com uma Covilhã de futuro e com futuro.