O concelho de Penamacor tem mais gente. Pelo menos, mais do que tinha em 2008. É esta a conclusão de um relatório de caracterização da situação e dinâmica imigratória na Beira Baixa, promovido pela Comunidade Intermunicipal (CIMBB) que foi apresentado, a 5 de junho, em Penamacor, e que revela, segundo a autarquia, um “crescimento real da população no concelho em 2023”.
Segundo o estudo, realizado pelo Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB) para a CIMBB, e divulgado numa sessão pública no auditório da Santa Casa, e que teve como propósito analisar a evolução da população estrangeira nos oito concelhos desta Comunidade, entre 2008 e 2023, no concelho de Penamacor, o número de estrangeiros residentes passou de 58, em 2008, para 78, em 2013, 199, em 2018, e 440, em 2023. “Devido a este crescimento, a população real no território de Penamacor, em 2023, aumentou 49 habitantes, resultante de um saldo positivo migratório de 130 habitantes, em contrapartida de um saldo natural negativo de 81 habitantes. Este crescimento e esta inversão populacional acontece pela primeira vez nos últimos 50 anos e vem valorizar a estratégia de desenvolvimento do nosso concelho, reforçando o crescimento da comunidade escolar dos últimos três anos” salienta a Câmara em comunicado.
O estudo partiu da premissa de que a dinâmica demográfica da Beira Baixa tem sido marcada por um declínio populacional e um envelhecimento acentuado ao longo das últimas décadas, “o que tem um impacto significativo na estrutura económica e social da região.” E frisa que o recente movimento migratório “tem desempenhado um papel fundamental na reconfiguração da dinâmica populacional da Beira Baixa, refletindo tendências de crescimento que contrastam com a histórica dinâmica recessiva da região.”
Assim, segundo o relatório, entre 2008 e 2023 houve um aumento da população estrangeira residente nesta região, sobretudo a partir de 2018, “o que levanta novas questões sobre a integração, dinâmicas sociais e impactos no desenvolvimento local.” Dos dados recolhidos, verifica-se que o número de estrangeiros legalizados residentes na região passa de 1856, em 2008, para 6786, em 2023, o que representa um aumento de 265,6% no período analisado. Penamacor segue a mesma tendência e, segundo o estudo, o Reino Unido e a Alemanha são quem mais novos residentes fornecem ao concelho.
O presidente da autarquia, António Luís Beites, salienta que esta é a primeira fase de um trabalho que ainda não está concluído, e que a Câmara já estava em diálogo com a CIMBB para realização deste estudo. “Oleiros também queria fazer, decidimos alargá-lo, por unanimidade, a toda a Comunidade Intermunicipal” explica. Beites afirma que o crescimento da população estrangeira no território “tem sido exponencial a ponto de inverter o decréscimo populacional praticamente em todos os municípios do território nestes últimos dois anos”, acrescentando que “estas novas comunidades são muito bem-vindas ao território”. “Don Sancho foi o povoador e esta nova comunidade está a recuperar o foral de Penamacor e a povoar novamente o território. Temos falta de mão-de-obra e eles fazem cá falta. É necessário, no entanto, que estejam bem integrados. Este estudo é necessário para conhecermos estes novos residentes, porque é que cá estão e porque é que continuam a vir mais. Este é um processo que vai continuar, pelo menos nos próximos anos”, garante.
Durante o estudo foram feitos cerca de 400 inquéritos a imigrantes residentes no território, nos mais diversos sectores de atividade, sendo que “a perceção geral sobre os imigrantes é positiva na maioria dos concelhos”, frisa a autarquia penamacorense. Os autores do estudo dizem ainda, que, na ótica da comunidade, a imigração na região “representa uma oportunidade para revitalizar a economia e combater o despovoamento, mas exige estratégias eficazes de inclusão, sendo que os desafios mais prementes incluem habitação, barreiras linguísticas e acesso a serviços públicos.”