Procurar
Close this search box.

População manifesta-se pelo acesso à habitação

Dezenas de pessoas concentraram-se em frente à Câmara Municipal da Covilhã na tarde de sábado para reivindicar melhores condições de habitação

“O preço das rendas continua a aumentar. Uma pessoa trabalha a tempo inteiro e é quase impossível pagar a sua própria casa”, afirma Miguel Sousa, um dos contestatários, presente na manifestação contra a crise na habitação na tarde de sábado, 30, no Pelourinho.

“Habitação é um direito, sem ela nada feito”, “Casa é para morar, não é para especular” foram algumas das palavras de ordem entoadas pelos manifestantes. Entre outras reivindicações, os manifestantes pediram mais habitação para estudantes a um preço acessível, controlo sobre o preço das rendas e subida de salários.

Miguel Sousa veio para a Covilhã por altura da guerra da Ucrânia e considera ter sido uma “péssima altura”, devido ao aumento das rendas. “Vim para a Covilhã com a expectativa de que aqui as rendas fossem mais baratas, mas a verdade é que são iguais ao resto do país”, considera.

O jovem diz “ganhar o suficiente” para pagar renda enquanto partilha casa com outra pessoa. “Neste momento estou a partilhar casa com outra pessoa, mas ela vai sair de cá e, quando isso acontecer, não sei como vai ser. Tenho de procurar um quarto”, confessa.

Catarina Taborda, membro do coletivo Covilhã a Marchar, um dos movimentos presentes na concentração, afirma “não ser admissível” haver pessoas “a ter de escolher entre pagar a renda e comer”.

“Os governos não têm tomado medidas necessárias, têm aplicado pensos rápidos”, salienta. Para Catarina Taborda a solução passaria por “colocar tetos máximos, apostar em soluções públicas de habitação e em residências de estudantes a preços acessíveis”.

Marisa Marques, porta-voz do movimento Porta-a-Porta, enfatiza também a questão dos estudantes que têm dificuldades em encontrar habitação. “O que nós percebemos é que existe a realidade dos estudantes, que muitas vezes vêm de sítios distantes do país, mas também do mundo. A Covilhã acolhe atualmente muitos estudantes internacionais e mais difícil será ter essa noção do que são preços acessíveis e justos”, refere. A ativista destaca também os casos de “pessoas mais velhas que viveram toda a sua vida no centro da cidade, ou mesmo na Covilhã, e que saem da cidade porque não existem casa a preços comportáveis para uma pessoa reformada”.

Verónica Gonzalez entende que o mercado de arrendamento “é um mercado fechado” e que “não é acessível a toda a gente”. “O que me leva a participar é a nossa própria realidade enquanto inquilinos. Sempre que mudei de casa, teve de ser intermédio por pessoas da terra”, diz. “Há uma grande fila de espera de pessoas que precisam de arrendar casa e, se a pessoa não estiver contente com a falta de condições que o senhorio dá, há muita gente que se vai sujeitar certamente a elas para sobreviver”, refere.

“No outro dia vi um anúncio de um T1 no Centro Histórico da Covilhã com mobílias dessa marca mais barata a 750 euros. 750 euros por um T1? Como é que os jovens conseguem sair de casa dos pais? Vão para onde? Para uma tenda de campismo?”, manifesta-se Isabel Almeida, 68 anos, uma das participantes na concentração, em declarações ao NC.

Manifestações do movimento “Casa para Viver” decorreram no sábado, 30, por todo o país e, no mesmo dia, Marcelo Rebelo de Sousa promulgou o pacote Mais Habitação.

VER MAIS

EDIÇÕES IMPRESSAS

PONTOS
DE DISTRIBUIÇÃO

Copyright © 2023 Notícias da Covilhã