Foram muitos os populares que, no passado domingo, na aldeia do Barco, saíram à rua numa manifestação para contestar a eventual exploração mineira na Serra da Argemela, bem como o Programa de Prospeção e Pesquisa de Lítio.
A acção foi dinamizada pelo Grupo pela Preservação da Serra da Argemela (GPSA) e a ela se associaram diversos presidentes de junta e autarcas, para contestar a eventual exploração mineira naquela área.
O grupo que tem lutado contra esta intenção na Argemela sublinha que esta, bem como a Beira Interior, estão ameaçados com o chamado ‘plano de fomento mineiro’ e aponta as declarações do secretário de Estado Adjunto e da Energia, João Galamba, para alertar que o processo da Argemela se encontra “muito mais avançado” e que a assinatura do contrato de concessão estará para breve, apesar da oposição que tem sido manifestada pelas populações e autarquias dos concelhos da Covilhã e Fundão.
O processo para a concessão mineira de uma exploração na Serra da Argemela foi iniciado em 2011, sendo que, no início de 2017, foi publicado o pedido de atribuição de concessão por parte da empresa PANN – Consultores de Geociências Lda., tendo sido renovado em 2020, em plena pandemia. O pedido visa a exploração e depósito de lítio e de outros minerais, numa área 403,7 hectares, bastante próxima das freguesias. O GPSA salienta que a concretização dessa mina a céu aberto traria “graves consequências” para as populações e respectiva saúde, bem como para a fauna, flora e recursos hídricos, e que colocaria em causa atividades como a agricultura, a pecuária ou o turismo sustentável, promovendo a doença, a pobreza e a desertificação da região. Este grupo mostra ainda preocupação com a “lei das minas” aprovada em Maio e frisa que se aproxima uma tempestade perfeita, consubstanciada no anúncio da consulta pública do relatório de avaliação ambiental preliminar do Programa de Prospeção e Pesquisa de Lítio do Governo, que decorre até 10 de Novembro, e na existência de fundos no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para subsidiar a extração de lítio.
“É, pois, o momento de fazermos as nossas escolhas para o nosso território, de alertar para a imperiosa necessidade de alterar aquele diploma legal, bem como de contestar o recente Relatório de Avaliação Ambiental Preliminar, relativo às oito áreas que, potencialmente, poderão integrar um concurso público para atribuição de direitos de prospeção e pesquisa 3 /3 de lítio”, aponta, salientado que a escolha do momento para a publicação deste relatório vem “esvaziar o direito de participação pública e a intervenção dos municípios”.
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