Para que o esforço dos resistentes ao Estado Novo e, em particular, dos muitos presos políticos do Tortosendo não fique esquecido, a vila vai ter, a partir de hoje, dia em que passam 50 anos sobre o 25 de Abril, um memorial. A peça é inaugurada esta quinta-feira, às 18:00, na rotunda junto ao Jardim de Infância do Centro de Assistência Social do Tortosendo.
A Junta de Freguesia da que era conhecida como “vila vermelha”, promotora da iniciativa, frisa que o memorial é uma homenagem a muitas pessoas que ofereceram às mais recentes gerações a liberdade, um símbolo da importância que a vila teve na oposição à ditadura e um gesto de preservação da memória coletiva.
“Queremos que a memória do que foi o 25 de Abril não se apague”, disse ao NC o presidente da autarquia local, David Silva, que acrescenta estarem previstas ações durante todo o ano dentro dessa mesma lógica.
O presidente da Junta de Freguesia do Tortosendo salienta que a intenção é perpetuar a consciência de que “esta liberdade que hoje temos se deve ao 25 de Abril e a muitas pessoas” da vila e tem também o intuito de a data não ficar esquecida com o tempo e não passe a ser “só mais um feriado”. “Que fique ali marcado em reconhecimento do que estas pessoas sofreram e, acima de tudo, para que daqui a 50 anos todos possam lembrar que houve pessoas como estas, que lutaram pela nossa liberdade”, destacou.
“Tivemos aqui muita gente ligada aos lanifícios, gente que sofreu na pele o que era duro trabalhar nos lanifícios e que sofria a opressão e a perseguição por parte da PIDE”, referiu o autarca.
Também hoje é inaugurada, na Casa da Vila, a exposição “50 Anos de Abril” e está agendada uma homenagem aos antigos combatentes da Guerra Colonial.
Às 00:15 teve início a habitual Arruada da Liberdade, acompanhada da Banda Filarmónica de São Jorge da Beira, realizou-se o almoço popular comemorativo no CPT Pinhos Mansos.
Na quarta-feira, 24, durante a manhã, estava previsto cerca de cem crianças dos jardins de infância e das escolas do primeiro ciclo, vestidas com as cores da bandeira nacional, saírem em direção à Casa da Vila e, no caminho, distribuírem cravos, “para envolver” os mais jovens nas comemorações. Os mais novos vão fazer um mural, recriar a bandeira nacional e um cravo gigante.
“Queremos envolvê-las para que as crianças não possam esquecer. Para que percebam que hoje somos livres porque houve alguém que lutou pela liberdade”, enfatizou David Silva.
Às 18:00, no Unidos do Tortosendo, coletividade considerada “uma universidade” para muita gente, foi inaugurado na quarta-feira a instalação “Sentir Abril” e às 22:00, no auditório da agremiação, realizou-se o espetáculo musical “50 Anos de Abril”, seguido na concentração da população junto ao Monumento aos Combatentes, à meia-noite, onde foi lançado fogo de artifício.