A ideia de que todos gostamos da democracia, dela fazemos apologia, mas depois não a praticamos. Simpatizamos com ela, mas como somos “analfabetos políticos”, cometemos diariamente atentados contra coisas tão essenciais como o pensamento livre, a participação, ou a representação. Conceitos essenciais para a respiração do ar através do exercício democrático. Do mesmo modo, muitas vezes sem nos apercebermos porquê, damos conta de que estamos aprisionados de um quotidiano de chavões que nos condicionam. Ignoremos por isso o que está estipulado, o “deve ser assim”, como regras que nos impomos, e pensemos se não seria melhor do ponto de vista de uma mais eficiente representação popular, considerarmos todas as opiniões como válidas na hora de escolhermos quem nos dirige ao exercer o serviço público. Sem dúvida que o escrutínio seria mais alargado, e o resultado mais fidedigno, mais autêntico, mais verdadeiro. É também este um exercício de como olhar em nosso redor, no nosso habitat, e equacionar outras formas de uma avaliação mais objectiva, mais limpa e clara, sem nebulosidade. Focamos a mira, e tentamos acertar no alvo, que somos nós. Tomemos como exemplo o nosso concelho, a nossa cidade, a um ano sensivelmente das eleições autárquicas, que como bem sabemos são as que mais importam, as que mexem com o nosso quotidiano, as que impactam a nossa qualidade de vida. Em que aqueles que elegemos nos estão mais próximos. A quem podemos saudar com um bem-haja, expressando a nossa gratidão por o que de bom fazem pela nossa terra.
Cumprindo três mandatos, o presidente da autarquia da Covilhã terá de ceder a cadeira do município, e tudo fará para que o seu sucessor lhe siga as pisadas, que é como quem diz, seja da mesma família política. Ora quem olhar para esta família numerosa em que parece constituir-se o lote de putativos herdeiros, imagina vários irmãos tentando o abençoado primeiro lugar na fila das opções. Decisão difícil, pois, para os órgãos nacionais, mas sobretudo para a federação distrital socialista, liderada precisa e curiosamente por quem abandona a câmara municipal, dando por findado o seu tempo. Tal como uma boa parte de actuais presidentes de executivos camarários. Não sendo de intrigas, e do mesmo modo bem longe de me imiscuir na orientação política do processo que me é completamente alheio, dei por mim a pensar, se numa perspectiva do que pode ser melhor para o eleitorado e para a democracia, por que não afectar a nível local o que já se faz em âmbito nacional ou mesmo em contexto mais global. Estou certo que umas Primárias Abertas convidando todo o potencial eleitorado, resultaria num consenso mais alargado, e naturalmente no reforço da legitimidade democrática. Eu sou a favor. Primárias Já!