O primeiro-ministro António Costa deslocou-se esta quarta-feira, 25, à Covilhã, para participar na inauguração da primeira residência para estudantes no país requalificada no âmbito do Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior (PNAES), que prevê a criação no país de mais 26 mil camas até 2026.
As obras na residência III, localizada junto à cantina de Santo António, informalmente conhecida como Benetton e agora rebaptizada Retrofit, com 47 camas, representou um investimento de 801 mil euros, muito acima dos 591 mil euros previstos, devido ao aumento da globalidade dos custos de construção, com uma comparticipação de 474 mil euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Ao NC, o reitor da universidade da Beira Interior (UBI), Mário Raposo, informou que os projectos das restantes residências a intervencionar “estão em fase de conclusão” e pretende iniciar primeiro as obras da residência I e também ainda este ano arrancar com a adaptação da antiga cantina da Boavista a local de alojamento, com a criação de 24 camas.
No próximo ano será a vez das residências de estudantes IV e V serem remodeladas, tendo a totalidade das obras nas 300 camas, financiadas no âmbito do PRR, de estarem terminadas até ao final de 2026.
“Com os custos a aumentar, esperamos conseguir algum financiamento suplementar para suportar isso”, salientou Mário Raposo, acrescentando que, apesar das dificuldades, a UBI vai cumprir o plano traçado, porque “a UBI cumpre sempre aquilo em que se mete”.
Na requalificação de três residências de estudantes e na adaptação da cantina da Boavista a universidade viu aprovadas as respectivas candidaturas num valor global inicial de 5,8 milhões de euros, comparticipados em 3,4 milhões de euros pelo PNAES.
Com 8600 alunos e mais de 85 % dos estudantes deslocados, a UBI tem disponíveis 800 camas, incluindo as 250 desactivadas para recuperação.
“Com o passar dos anos, as instalações vão-se degradando e ficando obsoletas, por isso, por motivo do subfinanciamento, a UBI viu-se obrigada, no passado recente, a encerrar algumas residências, por falta de condições dignas, reduzindo temporariamente a sua oferta hoteleira”, explicou Mário Raposo.
Mas o reitor mencionou a diferença entre o valor financiado e o custo total da obra, paga com receitas próprias, alertando o primeiro-ministro para a necessidade de o Governo ter “a sensibilidade necessária para rever para o futuro o valor padrão de construção por cama, no sentido de o aproximar dos custos reais do mercado”.
“Em virtude da inflação, os custos de construção dispararam e o montante total é quase o dobro do financiado, pelo que terá de ser coberto por receitas próprias”, reiterou Mário Raposo.
António Costa, que se fez acompanhar da ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, e da ministra do Ensino Superior, Elvira Fortunato, além de secretários de Estado, reconheceu as dificuldades que comportam o aumento dos custos com a construção e referiu ser necessário as instituições promotoras das residências de estudantes, assim como o Estado, fazerem “a ginástica necessária para se conseguir”, com os recursos que o PRR disponibiliza.
“Mas não podemos desistir de as executar, porque se desistirmos de as executar, isso significa que em 2026 vamos ter menos camas disponíveis do que aquelas que sabemos que são necessárias para satisfazer as necessidades”, enfatizou António Costa. “Temos este calendário e vamos cumprir”, acrescentou, lembrando que a opção da União Europeia foi não alargar o período de execução do PRR além do final de 2016.
Com a meta do Governo de em 2030 ter 60 % dos jovens com 20 anos a frequentarem o ensino superior, António Costa vincou ser necessário reforçar as condições de acolhimento, uma das formas de democratizar o acesso ao ensino superior.
“Acho que hoje a maior barreira para as famílias terem os seus filhos no ensino superior é mesmo o alojamento estudantil e isso é particularmente evidente numa universidade onde mais de 80 % dos seus alunos são deslocados”, salientou o primeiro-ministro, que recordou o reforço de 72 milhões de euros da verba global para o efeito, por o valor previsto no PRR, 375 milhões, se ter revelado “insuficiente”.
Elvira Fortunato, ministra da tutela, declarou que, com a inauguração da primeira residência de estudantes do PNAES “a UBI está a fazer história” e manifestou a preocupação relativamente ao número de camas disponíveis.
“Com a concretização destas residências estamos a reforçar as condições de alojamento para estudantes deslocados, designadamente os mais desfavorecidos economicamente, dando resposta às necessidades que a pressão do mercado imobiliário impôs, sobretudo nos últimos anos”, disse a governante.