Era já um projeto de arquitetura paisagística que incluía alguns dos contributos dos vereadores da oposição, depois destes terem revelado dúvidas sobre o mesmo, na sua votação em junho deste ano. Porém, ontem, segunda-feira, 4, na reunião do executivo de Manteigas, a apreciação e votação do projeto “Matufa Green Park” voltou a ser adiada e já será decidida por um futuro executivo camarário que resulte das eleições autárquicas de 12 de outubro.
Em junho, o presidente da Câmara, Flávio Massano, apresentara algumas imagens e linhas gerais de um projeto que visa a requalificação de um local que está sem aproveitamento, no centro da vila, num espaço verde, natural, num projeto avaliado em cerca de 900 mil euros. Mas dúvidas e discordâncias levantadas por elementos da oposição acabaram por fazer com que o ponto da ordem de trabalhos fosse adiado para uma posterior reunião, que decorreu esta semana. Na altura, o vereador do PS, David Leitão, discordou dos lugares de estacionamento previstos e da opção de ter um quiosque/bar que apenas daria para funcionar no verão; e o vereador independente Nuno Soares alertou para a necessidade de se criarem acessos para moradores nas imediações e viaturas de emergência. E disse “não conseguir ver” no projeto onde se aplicariam quase um milhão de euros, alertando também para a necessidade de se acautelar estacionamento. Aconselhando a que se deixasse para o próximo executivo a votação do mesmo e sugerindo que se possa usar algum do espaço para construção de habitação.
Na segunda-feira, segundo Flávio Massano, o projeto, já revisto, aportava já contributos da oposição. “Está de acordo com o anterior, com contributos dos vereadores e não foi desvirtuado” disse, alertando, contudo, que mesmo que o projeto fosse aprovado nesse dia, muito dificilmente ainda iria a concurso neste mandato. “Ficaria, pelo menos, o projeto de arquitetura” disse.
Nuno Soares concordou que já não haverá tempo nem para lançar o concurso, nem para executar a obra, e apesar de ver diferenças de que gostou, mostrou-se favorável a outro tipo de solução para o local, “mais light, com preços mais baixos”. Flávio Massano recordou que soluções mais baratas revelam-se, na maioria dos casos, “mais caras”, optando por soluções “mais duradouras” que, apesar do preço, têm financiamento assegurado. No entanto, o autarca disse “não ver mal” na retirada do ponto, de modo a que um futuro executivo decida o que fazer, o que acabou por acontecer.
Segundo revelara o autarca em junho passado, o projeto contempla a criação de “um espaço verde, um corredor ecológico” no meio da localidade, que “funcione todo ano” e que se torne num “pulmão verde” da vila, com ligação à natureza e aos cursos de água. “Queremos um espaço o mais natural possível e menos urbano, menos artificial” disse Massano, justificando, por exemplo, o uso de madeira em toda a construção, desde as estruturas de apoio, como um quiosque/bar, aos espaços infantis para as crianças se divertirem. O autarca garantia que já existe “um envelope financeiro” de 500 mil euros para dar andamento ao mesmo, apontando para setembro ou outubro para o lançamento do concurso público, o que já não acontecerá. Na altura, Massano garantia que estavam previstos 11 lugares para viaturas, “suficientes para uma utilização diária do parque”, que teria também três a quatro lugares para caravanas e parque de bicicletas elétricas. Quanto aos acessos, “estão acautelados”. O quiosque/bar, admitia, poderia ser revisto, se fechado ou aberto. Quanto ao investimento, não o considerava exagerado. “O objetivo é criarmos o nosso Central Park, e não um local artificializado. Não concordo que ali se construa habitação, até porque é um dos únicos espaços verdes que temos na vila. E não concordo que projeto possa ficar parado. Quem vier depois, pode fazer, ou deitar no lixo. Mas as câmaras não podem ficar paradas devido às próximas eleições” disse então o autarca manteiguense.