Num concelho que nos últimos dez anos perdeu mais de 600 pessoas e, destas, cerca de 150 jovens, a eminência de fecho de estruturas que servem crianças é quase diária. Nos últimos anos, muitas vezes o Ministério da Educação, através dos órgãos que gerem a educação em Portugal, sugeriu à Câmara de Belmonte o fecho do ensino pré-escolar em duas aldeias, por falta de crianças. Mas sempre a autarquia se opôs e foi “segurando” as duas estruturas em Colmeal da Torre e Carvalhal Formoso. Inclusive, com providências cautelares. Até este ano. Na passada quinta-feira, 17, em reunião pública, o executivo aprovou por maioria a proposta de encerramento dos estabelecimentos de ensino pré-escolar nas duas localidades feita por parte da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEST).
António Dias Rocha, presidente da Câmara, apesar de lamentar este desfecho, lembrou o reduzido número de crianças numa e outra localidade para frequentar aqueles espaços: no tal, 9 (4 no Colmeal, 5 no Carvalhal Formoso). E recordou que ambos os espaços “não têm condições para lá ter as crianças”. Prometendo ouvir os pais, o autarca aponta para a transferência das mesmas para os Centros Escolares de Belmonte e Caria.
O vereador da CDU, Carlos Afonso, disse ser sempre “polémica” uma decisão destas, mas afirma que “não faz sentido” ter dois espaços onde “há mais pessoas a trabalhar que crianças”. No entanto, apelou à autarquia para que assegure os meios necessários para fazer o transporte dos menores até Belmonte e Caria, com Dias Rocha a garantir que, para isso, iria também pedir ajuda às respetivas juntas de freguesia.
Do executivo, o único voto contra esta medida foi do vereador do PSD, José Mariano, que entende que a educação não tem preço e que é muito negativo retirar as crianças do seu ambiente, zona de conforto. “Sou contra esta posição do executivo. Tirar as crianças da sua zona é mau, e vamos ajudar a matar ainda mais estas aldeias” frisa.
Recorde-se que, no Colmeal da Torre, no pré-escolar, nos últimos três anos as crianças estiveram na sala da antiga junta, uma vez que o espaço do jardim-de-infância (situado no recinto da coletividade local) estava em obras, que ainda não estão concluídas.
O executivo aprovou ainda, por solicitação da DGEST, no âmbito do Movimento anual da rede educativa para o novo ano escolar, manter a extinção do jardim-de-infância de Caria que já está integrado no Centro Escolar de Caria, que passará a ter a denominação de Centro Escolar de São Marcos.