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Quando a pandemia é só mais uma luta que se trava

Curva, e contracurva, qual serpente que acompanha o rio Zêzere. É assim a viagem para São Jorge da Beira, para quem vai desde o Ourondo. Uma normalidade difícil a que as gentes locais já se habituaram, do mesmo modo que, no último ano, se acostumaram a novas regras, novos hábitos e novas rotinas, face à pandemia. Que é uma luta, tal como já o são a estrada ou a fraca rede de transportes públicos.

“Nós já estamos isolados que chegue. Se conseguiu passar na estrada, teve sorte. Andamos sempre a travar lutas” afirma Fernando Domingues, 62 anos, “nascido e criado em Cebola”, nome pelo qual São Jorge da Beira era conhecido. Este popular é um dos muitos que, numa quinta-feira de manhã, encontramos à porta do posto médico de uma das duas mercearias da aldeia. Diz que a pandemia é um mal, mas que por ali há outras “malinas”.  “Há pouco tempo, tivemos que lutar para não deixar sair o autocarro, o que vai para a Covilhã. Uma autêntica vergonha. O senhor presidente da Câmara sabe cá vir é a buscar os votos, mas em Outubro, quando cá vier, já fazemos contas” promete. Fernando sabe que na sua terra “falta muita coisa”, sobretudo “desenvolvimento.” E dá precisamente como exemplo a saúde. “Temos médico uma vez por semana, mas é preciso levantar cedo para conseguir uma das seis consultas que há. Isto não é nada” critica.

Mais à frente, a dona Alda, que também ela se dirige ao posto médico, diz que é “muito complicado” viver confinado, apesar de em São Jorge da Beira, pelo que soube, só ter havido dois casos positivos de covid-19, “de pessoas que estavam fora”. Para ela, “aqui faz falta tudo. Conviver. Tenho a minha mãe, com demência, em casa, antes podia vir até à rua, e agora não pode. E no caso dela, quanto mais fechada em casa está, pior é” exemplifica.  “Aqui, a diferença é ter os cafés fechados, que também fazem falta, pois ajudavam-nos a conviver uns com os outros” frisa. Alda acrescenta mesmo que “faz de conta que estamos presos nas nossas casas. Pensávamos que estávamos mal, mas agora ainda estamos pior. O único bem disto tudo é que não há casos.”

(Reportagem completa na edição papel)

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