É candidato pela terceira vez às legislativas. Que prioridades o movem?
Desde logo, move-me poder ajudar o meu país e a minha região. Move-me termos um país mais justo e mais equilibrado, em que o Interior é mais desenvolvido, em que há mais Interior nas políticas públicas. Move-me termos um país mais coeso em termos territoriais e sociais.
O que ficou por cumprir e o que é imperioso concretizar?
Neste momento nós temos várias coisas em concretização aqui para o Interior de Portugal. Lançámos a Agenda do Turismo para o Interior, com 200 milhões de euros. Há projeto já contratualizados e queremos prosseguir o desenvolvimento turístico do Interior, porque o turismo é um dinamizador de economias locais. Por outro lado, temos de prosseguir o investimento no ensino superior, apoiar também os nossos idosos, prosseguir o investimento nas instituições de solidariedade social que tem vindo a ser feito. No domínio da economia, temos de continuar a apoiar as nossas empresas do Interior, para termos ainda mais emprego, melhores qualificações, melhores salários e atrair mais pessoas para o Interior. O Plano de Revitalização da Serra da Estrela (PRSE) foi aprovado recentemente. Uma prioridade é assegurar a sua plena concretização. Aliás, um projeto que já foi contratualizado é a promoção turística da marca Serra da Estrela. Há muita coisa que foi feita, mas há ainda muita por fazer, e é com o mesmo sentido de empenho e de proximidade que quero continuar a dar o bom contributo para o meu país e para a minha região.
Pode-se deduzir que a perda constante de população significa que as medidas para o Interior foram insuficientes?
A desertificação do Interior é um problema estrutural. Nós temos ainda cerca de 70% da população situada no litoral. Esse problema estrutural não se resolve apenas com uma única medida, mas com várias ao mesmo tempo, e essa inversão nós temos de a fazer com várias medidas na educação, no ensino superior, no apoio às empresas, no turismo, no apoio à agricultura e às florestas. No caso da Covilhã temos até um saldo migratório positivo. E é nesse âmbito que temos de prosseguir as nossas medidas, para reter e atrair mais pessoas para o Interior. Uma coisa é certa: quando o PS é Governo, olha-se para o Interior a sério. É o caso da A23, da Faculdade de Ciências de Saúde, da aposta nas renováveis, a renovação das nossas escolas, a redução das portagens em 60%.
Votou contra as SCUT no passado, agora o PS defende o fim das portagens e essa tem sido apontada como uma medida eleitoralista. O que é que inviabilizou essa decisão antes?
Aquilo com que nós nos comprometemos no programa do Governo foi com uma redução progressiva das portagens e cumprimos. Comprometemo-nos a reduzir e reduzimos nesse período. Nós tivemos vários contextos. Em primeiro lugar, tivemos o virar de página da austeridade, repusemos salários, aumentámos salários, repusemos direitos, aumentámos as pensões objeto de congelamento e de cortes, melhorámos os rendimentos das famílias. Depois tivemos uma pandemia que parou o mundo dois anos. Tivemos a maior crise inflacionista dos últimos 30 anos e, mesmo assim, conseguimos progressivamente ir reduzindo as portagens. Hoje temos resultados históricos, com excedente orçamental, com contas certas. Face ao atual contexto, e tendo nós uma nova liderança, prosseguindo a linha de diferenciação positiva do Interior, se o PS for Governo haverá a abolição das portagens. E isso é muito claro.
O IC6 é uma ambição de há décadas da região. Há condições para na próxima legislatura ir além de projetos e avançar para a obra?
Neste momento o que posso dizer, porque não devemos prometer aquilo que não temos seguro que podemos cumprir, é que o IC6, se não fosse um tema prioritário, não estava inscrito no PRSE. Ao inscrever-se para estudar a viabilidade da ligação, foi considerado prioritário pelo Governo.
O IC31 vai ser uma realidade?
Este Governo já assegurou financiamento. Os projetos de execução estão lançados. E, portanto, há aí um percurso de decisão política, de se prosseguir a sua execução.
É um assunto da área que tutela. Está satisfeito com os projetos de desenvolvimento turístico da Serra da Estrela?
O plano de investimentos está pronto. Aquilo que considero importante é que haja um compromisso por parte de quem tem a concessão. Hoje o que temos é um plano de investimentos com projetos identificados, com calendário, com orçamento, que vai ser objeto de escrutínio, de monitorização por parte da Comissão de Acompanhamento. E eu acho que isso é um passo em frente para que haja concretização de projetos e monitorização dos mesmos.
As propostas apresentadas parecem-lhe virtuosas?
Essas propostas, de algum modo, respondem àquilo que o território precisa: de maior investimento, de investimento na qualificação da oferta, inclusivamente no domínio da melhoria das infraestruturas turísticas já existentes. Por outro lado, alguns investimentos, para serem concretizados, têm de ser devidamente adequados e adaptados aos instrumentos de gestão territorial. Tem de haver sempre o equilíbrio entre o desenvolvimento económico e a preservação ambiental. E são esses instrumentos de gestão territorial que as entidades competentes se encontram neste momento também a rever. O que é importante é que a Comissão de Acompanhamento permite sentar à mesma mesa os vários atores envolvidos no desenvolvimento da Serra da Estrela.
Este modelo de concessão é o mais vantajoso?
O Estado português assim entendeu, concessionou, os contratos existem o que nós temos de garantir é que, à luz desse contrato de há muitos anos, há um plano de investimentos, há um escrutínio.
É notória a desilusão de alguma população com os eleitos ao longo dos anos, que manifesta a intenção de votar em alternativas que se propõem mudar o sistema político. O que tem a dizer a essas pessoas?
Nestas eleições estão em causa não só a escolha de projetos políticos, e o projeto político do PS olha para o Interior. Abre instituições, não as encerra. Olha para o Interior com diferenciação positiva. Estas são também as eleições pela defesa da liberdade e da democracia. Há partidos que não entram tão bem nesta esfera da pluralidade, do respeito pelos direitos e das pessoas e, portanto, é isso que temos de assegurar também nestas eleições. Admito que possa existir natural descontentamento das pessoas e que depois possam olhar para estes partidos de protesto, mas a verdade é que um voto no partido da extrema-direita é um voto de andar para trás, de recuo do tempo. O partido de extrema-direita não é um partido de olhar para o futuro.
Como é que explica que as pessoas considerem votar num partido que, por exemplo, admite comprimir direitos porque estão desiludidas com o que têm?
O que aqui convoca é uma responsabilidade, nomeadamente ao Partido Socialista, de mostrar as suas ideias, o seu projeto político, de explicar aquilo que foi feito. De explicar aquilo que não foi bem feito e que queremos fazer melhor, e é com propostas pela positiva. Somos uma região extraordinária, com boas empresas, bons produtores, com pessoas altamente qualificadas. Somos um país que bateu recordes de exportações, recordes de atração de investimento e de crescimento da economia. Isto são factos. Temos metade do desemprego que tínhamos em 2015 e aumentámos os salários acima da inflação. Estamos muito melhor do que estavam a fazer em 2015. Estamos satisfeitos? Não estamos. Queremos fazer mais e melhor.
Encabeça uma lista com uma candidata no segundo lugar de fora do distrito. A população pode ter a garantia de que se sentirá representada e que os possíveis eleitos conhecem este território?
Nós temos uma lista forte, qualificada e que está comprometida com as causas do Interior e com as causas da nossa região. Temos uma história e um legado. O PS é um partido comprometido com o Interior. Queremos continuar a puxar pelo desenvolvimento das nossas empresas, das nossas instituições e das nossas populações.
O que é que considera ser um bom resultado?
O nosso objetivo é termos mais votos e mais mandatos do que os nossos adversários.