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“Que nunca se fechem as portas que Abril abriu”

Vítor Pereira

Presidente da Câmara Municipal da Covilhã

 

“Agora que já floriu

a esperança na nossa terra

as portas que Abril abriu

nunca mais ninguém as cerra”.

(José Carlos Ary dos Santos)

No momento em que Portugal cumpre meio século do 25 de Abril, tomo de empréstimo as palavras do poeta para reiterar a confiança de que vamos continuar a saber manter abertas as portas que foram franqueadas nesse Abril de 1974.

Que vamos saber continuar a consolidar a Democracia que conquistamos e que nos permitiu construir um país assente em valores, direitos, liberdade e garantias.

Há 50 anos, Portugal conseguiu libertar-se de uma ditadura bafienta, odiosa e execrável. Um regime que oprimia, reprimia e perseguia. Uma ditadura que censurava, encarcerava e torturava aqueles que se atreviam a pensar de forma diferente. Aqueles que queriam um País e um futuro melhores. Foram longos anos em que não se podia sonhar ou ter esperança.

Abril resgatou para todos os portugueses a possibilidade de olhar o horizonte com confiança.

Sem Abril, teríamos continuado por mais tempo afastados da modernidade, da Europa, dos objetivos de democratização, da justiça social e do desenvolvimento.

Teríamos continuado a ser um país com presos políticos, com talentos perseguidos, com obras censuradas e com pessoas exiladas. Um país marcado pelo atraso na prestação de cuidados de saúde, pela inexistência de prestações sociais, pelo analfabetismo e por uma desigualdade gritante.

Uma realidade que era ainda mais penalizadora para estas terras do Interior, onde agricultores, mineiros e operários lutavam com o que podiam e como podiam contra esse regime. A Covilhã foi terra de luta. Esteve entre os territórios que mais lutaram pela chegada desse dia “inteiro e limpo”.

A história – agora reunida em livro pela mão de António Rodrigues de Assunção e de Casimiro Lopes dos Santos – diz-nos que houve mais de 500 presos/vítimas da Pide que eram do nosso Concelho ou que aqui viviam.

Nomes que têm de ser homenageados e histórias que têm de ser lembradas para que todos saibam o que significavam esses tempos sombrios, escuros e sem esperança. Para que nunca ninguém sinta a tentação de inverter o rumo, nem mesmo aqueles que já nasceram em plena Democracia. Para que também esses saibam que, em Portugal, o dia 25 de Abril é muito mais do que uma comemoração ou do que um feriado. É a data em que se assinala o dia em que os militares e o povo, unidos a uma só voz, conquistaram a possibilidade de todos termos um futuro melhor.

É a conquista que pintou o país com as cores da esperança que celebramos a cada Abril. No cinquentenário desta data, fazemo-lo de forma ainda mais vincada. Na Covilhã contamos com uma Comissão de Honra dos 50 Anos do 25 de Abril e estamos a dinamizar um programa ambicioso que se prolonga de Abril a Abril.

Um programa que, como não me canso de repetir, queremos que seja de todas e todos. Queremos que todas e todos se apropriem dele, mostrando que em tempos de incerteza e quando os populismos crescem, celebrar Abril também pode ser uma arma.

Passados 50 anos, continua a ser tempo de celebrar para que nunca se fechem as portas que Abril abriu.

Viva o 25 de Abril!

Viva a Covilhã!

Viva a Liberdade!

 

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