Até final deste verão, a Cooperativa de Produtores de Queijo Serra da Estrela DOP (Estrelacoop), sediada em Celorico da Beira, prevê entregar a candidatura do Queijo Serra da Estrela a Património Cultural e Imaterial da Humanidade da Unesco. A garantia foi deixada na passada semana pelo presidente da cooperativa, Joaquim Lé de Matos, em Tábua, na apresentação da feira sectorial que ali decorreu, uma das muitas que durante os meses de fevereiro e março decorrem na Região Demarcada do Queijo Serra da Estrela.
Segundo o responsável, a salvaguarda do fabrico deste queijo é um trabalho que já está “muito avançado” pelo que, sem promessas, Joaquim Lé de Matos prevê que até final do verão as candidaturas sejam entregues no Estado e na Unesco.
Em julho de 2024, 17 municípios da região do Queijo Serra da Estrela assinaram um protocolo de cooperação para a elaboração da candidatura à Unesco da salvaguarda daquele produto regional, com coordenação técnica e científica de Paulo Lima, que também foi responsável pelas candidaturas do Fado, do Cante Alentejano, do Fabrico de Chocalhos e da Morna (música tradicional de Cabo Verde). O acordo envolveu também a Associação Nacional de Criadores de Ovinos da Serra da Estrela (ANCOSE). No total, a EstrelaCoop, a ANCOSE e os 17 municípios, que pertencem a três comunidades intermunicipais (CIM) – Beiras e Serra da Estrela, Viseu Dão Lafões e Região de Coimbra – financiam “em quase 80 mil euros a candidatura”.
A candidatura à Unesco para salvaguarda do fabrico do Queijo Serra da Estrela a Património Cultural e Imaterial da Humanidade pretende preservar toda a fileira do queijo, nomeadamente “o trabalho árduo dos produtores e, sobretudo, dos pastores”, tornando a atividade mais rentável para atrair jovens para o setor.
Outra salvaguarda necessária relaciona-se com o número de efetivos da raça autóctone da Serra da Estrela, que tem de ser [ovelha] Bordaleira ou Churra Mondegueira, porque, segundo os dados existentes, está a haver uma diminuição de ano para ano. Porém, o presidente da Estrelacoop salienta que, fruto do trabalho realizado pela ANCOSE e pelos pastores, aquelas raças não estão em vias de extinção graças ao Queijo Serra da Estrela, embora se tenha registado uma diminuição do número de ovelhas “não muito significativa” e, consequentemente, da produção de leite de Denominação de Origem Protegida (DOP).
Segundo Joaquim Lé de Matos, nos últimos três anos, a produção de Queijo Serra da Estrela tem andado entre as 160 e 180 toneladas, e com uma procura “muito superior à produção”. Já o número de produtores na última década, segundo o responsável, tem-se mantido estável. Algo que Lé de Matos enaltece, pois a Estrelacoop, garante, não quer criar “escalar” na produção do Queijo porque é “um produto único genuíno, que se pretende preservar”.
A região demarcada da produção Queijo da Serra da Estrela abrange os municípios de Carregal do Sal, Celorico da Beira, Fornos de Algodres, Gouveia, Mangualde, Manteigas, Nelas, Oliveira do Hospital, Penalva do Castelo, Seia, Aguiar da Beira, Arganil, Covilhã, Guarda, Tábua, Tondela, Trancoso e Viseu. Destes concelhos, só Arganil ficou de fora do protocolo de financiamento da candidatura à Unesco.
Este mês, e início do próximo, são vários os certames em que o Queijo Serra da Estrela é rei, em eventos associados ao Carnaval e que pretendem trazer turistas aos diversos concelhos. Em Celorico da Beira, a feira do queijo decorre entre 21 e 23 de fevereiro, seguindo-se Seia, entre 1 e 4 de março, uma data na qual Manteigas também tem uma feira de atividades económicas, embora não tão ligada ao aspeto específico do Queijo Serra da Estrela. Segue-se Oliveira do Hospital (8 e 9 de março), Fornos de Algodres (21 a 23 de março) e Gouveia (28 a 30 de março).