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Quem casa…

O Lapinha era um construtor civil do Estoril, que para ajudar a vender os seus imóveis, contratou Eusébio, um futebolista dos anos sessenta e setenta, para uma mensagem publicitária; “Quem casa quer casinha, por isso vai ao Lapinha “. O tempo voa, e hoje nem o Ronaldo conseguiria fazer tal anúncio por muito assertivo que fosse o seu pregão. A não ser que sejamos nós a entoá-lo; “não tens casa, pede ao Ronaldo! ”

Não há casas, o que é feito dos Lapinhas deste mundo? Anos mais tarde, no pós-25 ficou bem patente na canção, que não há liberdade a sério, sem habitação. Diz-se, está escrito, que deve o Estado programar e executar uma política nacional de habitação. Para que se cumpra, por diabo, um direito inequívoco à sua diga morada. Seja ou não moço casadoiro como o antigo jogador do Benfica, queira ou não morar junto, sozinho, com os gatos, com os periquitos ou com as tartarugas. Caramba, custa-nos assim tanto perceber que a não consagração desse direito fundamental plasmado desde 1948 na Declaração Universal dos Direitos Humanos, nos remete para uma sociedade totalmente injusta e exclusa, que faz de nós seres ignorantes, egoístas e completamente alheados de uma realidade cada vez mais dramática, que coloca inacessibilidade de uma classe média a um bem de primeira necessidade para um padrão mínimo de vida, e que a cada dia que passa, atira para as ruas centenas de trabalhadores que não são capazes de suportar os pornográficos valores das rendas de casa, e milhares de desempregados “abarracados” por essas cidades fora.

Há anos que, com a constante degradação das sociedades, e o efeito de um monstruoso e devastador movimento migratório, a falta de um lugar adequado para morar constitui um desafio incapaz de concretizar pelos diversos regimes políticos europeus que se têm perdido em desenfreadas lutas pelo poder, ao invés de uma dedicação sem limites para que as suas comunidades sejam felizes. A casa é o princípio de tudo. A base, a fundação, o conforto, a segurança. Sem estes valores elementares, não podemos ambicionar uma vida com dignidade.

Por estes dias, a Europa parece estar finalmente a acordar para o problema de milhões de cidadãos europeus que não podem arrendar uma casa, ao criar no âmbito da Comissão Europeia, um Plano para a Habitação Acessível, e que visa pelo menos no papel, estancar uma crise que afecta tanta gente, jovens e velhos, solteiros e casados, famílias inteiras que lutam todos os dias pelo seu direito ao lar. Esperemos que a decisão política dê lugar a medidas práticas porque a vida não pode ter este combate… por uma casinha.

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