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Ramo dos Enchidos regressa 200 anos depois a Peraboa

Tradicional festa, em honra de São Sebastião, realiza-se no próximo domingo, 19

A Associação Cultural e Recreativa de Peraboa realiza, no próximo domingo, 19, pelas 14 horas, a Festa de São Sebastião, bem como o cortejo dos Ramos em sua honra, uma tradição que já não o é há cerca de 200 anos.

Segundo a coletividade, o objetivo é a preservação do património imaterial da aldeia. “Durante séculos, a festa em Honra de Sebastião perdeu-se no tempo, assim como todas as tradições associadas a ela, como foi o caso especial da “Vara do Ramo”, que consistia em pedir à sua população o melhor enchido para se cumprir a promessa feita pela população a São Sebastião, com intuito de afastar a “peste” nos animais, uma vez que a base de sustento da alimentação tinha a ver com a carne de porco, como os seus derivados, como as chouriças e farinheiras” explica. Para o ramo deste ano foram feitas mais de 250 peças de enchido, que irão compor os diversos ramos.

Pedro Silveira, que nos últimos tempos se tem dedicado ao estudo do culto, explica que o Rei devoto a São Sebastião ordenou que se construíssem capelas em sua honra às entradas de todas as vilas e aldeias, com o objetivo de livrar as populações das pestes que assolavam o reino, como foi o caso de Peraboa com a construção da sua capela (atual padaria de Peraboa) junto a uma das entradas da aldeia e longe da povoação. Segundo o historiador, a capela também servia como hospital de campanha para acolher os enfermos e, por vezes, junto aos templos eram sepultadas as pessoas que não resistiam às doenças contagiosas.  A oferta das ‘melhores partes do porco e seus derivados’ ao Santo protetor também chegou à freguesia, uma tradição que agora será reavivada.

O presidente da Associação, Gilberto Garcia, afirma que este foi um desafio que lhes foi lançado aquando da festa do Espírito Santo, com objetivo de revitalizar esta festa tão importante para Peraboa, e perdida há anos. “A Associação está muito satisfeita com a participação das pessoas nas suas atividades. Fazemos um balanço positivo acerca da nossa ação de trabalho” frisa.

No âmbito da festa, a Padaria de Peraboa criou três pães em homenagem a São Sebastião, uma vez que o edifício foi em tempos uma capela em sua honra. Nuno Silva, proprietário, afirma que foi um desafio “para mim recriar três pães diferentes. O primeiro foi uma regueifa. É um pão nobre, de trigo e milho, que antigamente só era degustado de quando em vez, em ocasiões festivas, sobretudo para confecionar as farinheiras de cozer. A regueifa era colocada no topo da vara dos enchidos. Por esse motivo, vou batizá-la como a regueifa São Sebastião. Os dois bolos de azeite são caraterísticos de Peraboa, apenas lhe adicionei umas sementes, que lhe dão um toque diferente. Faz sentido criar esse tipo de pães, porque a nossa padaria foi há dezenas de anos um lugar muito especial.”

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