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Reduzir compras para fugir à “afronta” do aumento

Entrou em vigor em abril de 2023, mas acabou por não ter a influência esperada pelos clientes. O IVA Zero deixou de existir, desde quinta-feira passada. Quem faz compras diz que há produtos em que se nota a diferença. A opção: comprar apenas o necessário e reduzir quantidades

“É sempre com preocupação que vemos a subida dos preços”. Quem o diz é António Saraiva, 66 anos, quando acaba de sair de um estabelecimento comercial. “As pessoas têm mais dificuldades, os salários são baixos e ainda se torna mais difícil. É um afogamento, as pessoas não podem deixar de comer” acrescenta António, que dá o exemplo de um dos bens que vai aumentar: o pão. “É uma coisa que aumenta bastante e toda a gente utiliza, é um produto básico”, refere.

O IVA Zero, medida aplicada pelo Governo em abril do ano passado para combater o aumento de preços em produtos básicos, chegou ao fim na passada quinta-feira, 4, e na Covilhã há quem já tenha reparado que os preços estão diferentes. É o caso de Dayane Neri, 26 anos, que num supermercado no centro da cidade já nota que “está tudo muito mais caro.” Esta brasileira afirma que, nas compras gerais, “o valor final fica mais elevado do que eu pagava antes. Assim fica difícil gerir o orçamento, os gastos são maiores”, afirma a jovem. “Eu tenho uns produtos selecionados que preciso de comprar, mas reduzo as quantidades que compro, para os gastos não serem tão elevados”, acrescenta.

Carlos Canário, proprietário do Supermercado Canário, confirma: “Em alguns produtos, a diferença vai ser notória, mas não em todos”. Segundo o dono, “de todos os produtos que vão aumentar, acho que o óleo é o que vai subir mais”. Antes do IVA Zero, o óleo era taxado a 23%, passou depois a zero e agora sobre 13%. “É o produto que vai ter mais impacto com o aumento. O azeite também vai aumentar 6%, mas o preço já está extremamente elevado”, lembra.

Segundo o comerciante, o processo de alteração dos preços é relativamente simples. “A atualização é feita durante a noite, automaticamente, num programa próprio para isso. Como pertencemos a uma cadeia, temos uma equipa que faz esse trabalho. Durante a noite, eles fazem isso e nós, de manhã, só temos de imprimir as etiquetas e trocar os preços”, explica Carlos. O empresário não mostra preocupação com a influência que a subida de preços possa ter no negócio. “Vai influenciar nos maiores bens essenciais que nós temos e que as pessoas não vão deixar de comprar por aumentar o preço ou não, porque não podem abdicar da alimentação”, esclarece. Sobre os últimos meses, Carlos Canário acha que a medida teve mais impacto nos óleos. “O resto foi ‘ela por ela’. As pessoas não notaram muita diferença e nós também não”, afirma.

Segundo Carlos, as pessoas reparam nos aumentos “quando vão comprar e vêm a conta. Dizem logo ‘Então agora já custa isto?’, aí é que percebem”. “Nota-se é que optam pelos produtos mais baratos e fazem as suas compras com mais atenção às contas”, conta.

Helena Oliveira, 63, consumidora, considera que “a diferença de preços vai ser notória, porque mesmo com o IVA Zero, os produtos já estão mais caros”. E explica que também se viu obrigada a adotar uma nova estratégia para ir às compras. “Faço sempre contas, opto pelas marcas brancas e pelos produtos mais baratos, e faço uma lista para comprar mesmo só aquilo que é necessário”, acrescenta. A senhora dá ainda um exemplo da disparidade existente nos valores. “Uma embalagem de detergente para a roupa, de marca, custa cerca de 15 euros. A embalagem de marca branca ronda os três, quatro euros. Logo aí, vê-se a diferença. Temos de andar sempre a contar peso e medida, porque estamos sempre afrontados a fazer contas para ver se o dinheiro chega para tudo”, lamenta.

Maria Pereira, 57, considera que “com o IVA zero, nalguns produtos notou-se a baixa no preço e noutros, houve um aproveitamento, porque baixaram o IVA e aumentaram o preço”. “Como as pessoas não podem parar de comprar esses bens, eles não ficam prejudicados. Por isso é que as grandes superfícies têm lucros astronómicos de milhões de euros”, afirma.

“Na alimentação, tento sempre comprar bons produtos, porque a saúde está em primeiro lugar. Mas tudo o que é supérfluo, como o detergente e o papel higiénico, é tudo marca branca e o mais baratinho possível, já que é tudo desperdício”, garante.

Também obrigada a recorrer a novas formas de comprar, Maria refere que utiliza “muito as promoções, porque torna os preços mais acessíveis numa série de produtos e nota-se a diferença no preço final das compras”, remata.

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