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Residências de estudantes: da agitação ao silêncio

O silêncio, a contrastar com o habitual rebuliço de um espaço onde mora muita gente, é a principal diferença notada por quem, desde o meio de Março, viu quase todos os colegas partirem e tem passado o período de confinamento nas residências de estudantes da Universidade da Beira Interior (UBI).

“É como se fosse todos os dias fim-de-semana, quando muitos dos portugueses vão a casa”, compara Mariquinha Francisco, aluna de Design Multimédia, de 23 anos, que partilha o quarto com uma colega brasileira e, por isso, não está tão sozinha como outros.

Nas residências universitárias ficaram cerca de 300 estudantes, 17 nacionais e os restantes estrangeiros, de 26 países. A maioria de Angola, Brasil e Equador.

Mariquinha Francisco, angolana, de Luanda, está há três anos na Covilhã e esta é a situação mais atípica a que teve de se adaptar numa “cidade calma”, nas últimas semanas quase parada.

“Ficámos os alunos que não podem voltar para casa, que não têm família perto e quem não quis voltar com receio de infectar familiares”, conta a estudante de Design Multimédia. Há também quem é natural das zonas mais afectadas pela covid-19 e tenha preferido não regressar ao local de origem, por uma questão de segurança. De resto, “foi tudo embora”, assim que a universidade anunciou, a 12 de Março, a suspensão das aulas a partir de dia 16.

Açoriana Sidónia tem “saudades do contacto físico”

Sidónia Cordeiro tem 19 anos e é da ilha de São Miguel, Açores. A aluna do primeiro ano de Design Moda optou inicialmente por não regressar ao arquipélago, por ter em conta os problemas de saúde da mãe, o receio de que pudesse, durante a viagem, transportar o vírus silencioso e por entender que, no início da pandemia em Portugal, faltava controlo nas deslocações.

Agora está tudo “mais controlado” e equacionou ir para casa, mas o anúncio de que, no final do mês, vão regressar as aulas práticas e por uma das disciplinas, Confecção, ser difícil ensinar à distância, fez com que decidisse permanecer na Residência I.

Sidónia tem estado quase em total isolamento. A colega de quarto não está e passa quase todo o tempo sozinha, praticamente sem ver ninguém. “Antes já não era habitual frequentar os espaços comuns”, agora com regras de distanciamento, por isso não sente a falta desse convívio. Fazem-lhe falta os amigos, com quem passa horas ao telefone e em videochamadas, alguns dos quais já com data marcada para voltar à Covilhã.

“Eu não passava tempo quase nenhum nas residências. Havia dias em que não me viam cá, ficava em casa de amigos. Agora os amigos não estão cá e tenho passado os dias praticamente sozinha no quarto”, descreve a açoriana, que se diz “uma pessoa de abraços” e tem “saudades do contacto físico”.

(Reportagem completa na edição papel)

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