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Rota pedestre do Geopark é local onde se quer explorar minerais

Executivo aprova, por maioria, realização de estudos de prospeção na Penha de Águia, mas vereador da CDU é contra eventual exploração num local por onde passa uma rota integrada no Estrela Geopark Mundial da UNESCO

Em abril de 2023, durante as festas do concelho, e aquando da inauguração daquele percurso pedestre, o presidente da Junta de Freguesia de Maçaínhas, Carlos Teixeira, chegou a classificar o local como “um novo museu no concelho, neste caso, um museu da natureza”. É por isso que, para o vereador da CDU na Câmara de Belmonte, Carlos Afonso, qualquer eventual exploração de lítio na Penha da Águia não faz qualquer sentido.

Na passada quinta-feira, 6, durante a reunião privada do executivo, a maioria (neste caso o vereador do PSD, José Mariano e o vice-presidente, Paulo Borralhinho) aprovou um pedido de parecer e esclarecimento sobre a prospeção e pesquisa de depósitos minerais, relativamente às condicionantes territoriais, restrições e servidões de utilidade pública abrangidas pela pretensão, na Penha de Águia. Um pedido da Direção Geral de Energia e Geologia para “se estudar no terreno” a eventual existência de minerais “com as condicionantes que a própria lei impõe” explica Paulo Borralhinho. Uma intenção que passou (André Reis voltou a faltar à reunião, justificando com acompanhamento da seleção de São Tomé, e Dias Rocha, que presidiu à reunião, ausentou-se mais cedo) com dois votos favoráveis, mas um contra, do vereador da CDU, Carlos Afonso.

“Votei contra, porque não podemos aprovar uma prospeção num local que andamos a promover com o Estrela Geopark, no âmbito das rotas da natureza. Não faz sentido nenhum” explica o vereador, que não obstante saber que existem regras de salvaguarda lembra que se trata de um local “natural, de conservação, e existem já muitas pessoas a percorrer aquela rota”. Carlos Afonso reconhece que, pelo que se sabe ao longo dos anos, aquela zona “é rica em minerais, como lítio, está provado”, mas recorda o estatuto que o local ganhou com o selo do Estrela Geopark Mundial da UNESCO.

A zona da serra de Maçaínhas está identificada como local de prospeção já desde 2019. Na altura, numa reunião do executivo em que se analisou o aviso de publicação da Direção Geral de Energia e Geologia para prospeção e pesquisa de depósitos de minerais (ouro, prata, chumbo, zinco, lítio e cobre, entre outros) na zona da Caneca, freguesia de Caria, o presidente da autarquia, António Dias Rocha, dizia ter conhecimento de idêntica intenção, por parte de uma empresa, para as serras de Colmeal da Torre e Maçaínhas. “Só tínhamos conhecimento para esses locais, e não para os lados de Caria. Nos casos de Colmeal e Maçaínhas, uma empresa manifestou essa intenção, mas há regras bem definidas para isso, e que têm que ser cumpridas” lembrava.  O autarca mostrava-se preocupado com o impacto que, a concretizar-se, estas prospeções poderiam ter no concelho, quer em termos ambientais, quer na rede viária. “Não queremos, diariamente, camiões carregados de inertes constantemente a partirem as nossas estradas. E é claro que em termos ambientais também me preocupa, porque estamos a falar de toneladas de material” afirmava.

A exploração mineira, ao longo do vale da Gaia, bem perto de Maçaínhas, é uma história que já remonta a 1914, na altura por parte de uma empresa norte-americana, que acabou por ali instalar uma draga para explorar o subsolo. Na altura, à procura de estanho. A exploração durou até 1974 (com outras empresas pelo caminho), altura em que o povo se uniu e impediu, com apoio da autarquia, o perfurar de novas zonas “virgens”.

O tema da prospeção de minerais, em especial, lítio, voltou a ganhar relevância na última década, e já em anteriores reuniões do executivo belmontense, neste mandato, o tema foi discutido. Carlos Afonso já recordou que a exploração mineira “é histórica no nosso concelho”, mas defende que “os interesses colectivos sejam salvaguardados”.

O autarca local, Dias Rocha, também já mostrou, no passado, preocupação. E apesar de reconhecer que o lítio “é importante, é preciso pensar nos interesses da região, nomeadamente na área do turismo, que pode sofrer reflexos negativos”.

O geossítio da Penha de Águia, em Maçaínhas, ganhou em 2023 uma rota pedestre, com selo do Estrela Geopark, um percurso de cerca de sete quilómetros, a uma altitude de 687 metros. “A Penha de Águia constitui um relevo granítico que se destaca na paisagem. Este tor granítico (forma de Torre) teve a sua origem na descomposição química profunda do granito, num período em que o clima era mais quente e húmido. A partir deste miradouro observa-se amplamente a Serra da Estrela e a Cova da Beira, assim como o inselberg de Belmonte, um monte ilha definido pela Serra da Esperança” explica a autarquia no seu site, lugar onde promove esta rota.

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