“A festa da Santa Bebiana tem crescido, já é uma referência a nível regional, mas também queremos fazer dela um símbolo a nível nacional.” É esta a convicção do presidente da Junta de Freguesia de Caria, Silvério Quelhas, que na passada sexta-feira, 27, viu os deputados da Assembleia Municipal de Belmonte aprovarem, por unanimidade, a festa de Santa Bebiana como Património Cultural de Interesse Municipal.
Um documento que será inserido no processo de classificação a património imaterial iniciado em outubro de 2023 pela Associação da Irmandade de Santa Bebiana de Caria, que quer assim valorizar a festa satírica em honra da padroeira associada às pessoas ébrias e ao vinho.
“Estamos a preparar o dossier. Aliás, já temos uma plataforma criada onde estamos a introduzir toda a documentação, da qual este documento também irá fazer parte. Faz parte também do plano de salvaguarda. Este é um processo longo, mas estamos a fazer todos os esforços para ser o mais breve possível esse reconhecimento que é mais que merecido” afiança o presidente da Junta de Caria, Silvério Quelhas, que adianta que o processo passará depois por uma comissão de avaliação e, “como é algo de nível nacional, obviamente ainda irá demorar o seu tempo.”
Proibida durante o Estado Novo, a Santa Bebiana de Caria é uma tradição com 79 anos, que teve algumas interrupções, mas que nos últimos anos foi retomada, com papel muito activo da Irmandade, que se constituiu como associação. Em dezembro do ano passado, Graça Ribeiro, uma das responsáveis pela pesquisa e recolha de material, adiantava ao NC que o processo tinha sido iniciado junto da Direção Geral do Património Cultural, e que agora era tempo de “densificar com documentação”, como por exemplo, o reconhecimento de Interesse Municipal à efeméride.
A investigadora salientava tratar-se de “uma festa singular e irreverente”, uma tradição de algumas localidades do distrito de Castelo Branco, e acentuava a importância de preservar este património coletivo. “A ideia da classificação surgiu como uma forma de salvaguarda e de divulgação da festa, mas também de preservação da história, para que passe para as gerações futuras, porque ela faz parte da herança cultural dos carienses”, enfatizava Graça Ribeiro. Segundo esta, o processo de entrega de todo o material pode demorar cerca de ano e meio e a investigadora prevê que o período de avaliação possa ser “relativamente demorado”. “O que esperamos é garantir a salvaguarda do que aqui se faz, que a festa melhore, que a classificação lhe traga visibilidade e que seja bom para a comunidade, porque esta é uma festa comunitária e intergeracional”, referia Graça Ribeiro.