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Santa Bebiana preserva património vinícola e pastorício do Paul

Tornar uma tradição do Paul num evento cultural que seja não só local, como concelhio e, acima de tudo, que extravase as fronteiras da região. É este um dos grandes objectivos da organização da 16ª edição da tradicional festa de Santa Bebiana do Paul, que decorre no próximo fim-de-semana (sexta-feira, 2, e sábado, 3), que regressa três anos depois (em 2020 e 2021 não se realizou devido à pandemia).

Segundo Jorge Pedro, da comissão executiva que, no seio da Casa do Povo do Paul (entidade organizadora) dá corpo à festa, o objectivo é abrir o certame à sociedade civil, focando dois temas que fazem parte da memória colectiva paulense: a pastorícia e a viticultura. “Queremos sensibilizar a comunidade para a tradição pastoril” frisa este responsável de uma equipa constituída por 25 pessoas que tratou de toda a programação do evento. Que este ano não decorre ao domingo. “Era um dia sem grande afluência” justifica.

Uma festa pagã, nem sempre bem vista pela igreja, mas que a presidente da Casa do Povo do Paul, Leonor Narciso, desmistifica. “Não tem nada a ver com a imagem que se criou, de que era a festa dos bêbados. Tem toda uma adoração a Baco, e ao vinho, e à sua prova, mas tem na sua origem o convívio salutar entre pastores e ganhões, que eram as pessoas mais abastadas e que tinham vinho. Não há registos escritos sobre a sua origem, mas há testemunhos. É um património muito rico e imaterial, porque está vivo, está na memória das pessoas” explica. Segundo a responsável, por esta altura do ano, antigamente, abriam-se os pipos e os pastores desciam a serra, movimentavam-se e iam de loja em loja para provar o vinho. “Quase formavam uma procissão, confraternizando entre si” lembra.

Sobre a organização do evento, que conta com a colaboração da Junta de Freguesia do Paul e Câmara da Covilhã, Leonor Narciso mostra-se satisfeita por ter um grupo de jovens que veio dar “uma nova roupagem à festa.” São pessoas “arrojadas, com uma visão diferente de ver o mundo, o associativismo e de trabalhar em rede. Vieram dar uma lufada de ar fresco” garante este rosto bem conhecido da cultura paulense.

“Traz milhares de pessoas ao Paul”

Para o presidente da Junta de Freguesia do Paul, Gabriel Gouveia, esta é uma festa que já granjeou “grandeza e história” e que se espera que “evolua de ano para ano”. “Todos os anos nos traz milhares de pessoas à freguesia. Pena que tenha tido este interregno (provocado pela pandemia), que trouxe algum impasse, a uma festa cultural que enobrece a nossa terra.” “Esperamos que não haja mais interregnos e que todos se unam para que possamos dignificar o associativismo do Paul, que é bastante grande” frisa, vincando que o apoio às associações “não é mais que a nossa obrigação. Não fazemos nada de especial”.

José Miguel Oliveira, vereador com o pelouro do associativismo na Câmara Municipal da Covilhã, acredita que a Santa Bebiana “tem todas as potencialidades para, além de ser a marca do Paul que já é, ser também uma marca identitária do concelho”. “Tem todas as condições para ser uma marca do Paul, como já é, mas também para ser uma marca do concelho, que extravase, inclusivamente, as suas fronteiras, dando a oportunidade a quem nos visita de ter uma vivência única e ímpar de contacto com a cultura popular”.

Para o autarca, uma iniciativa que surge numa altura do ano “em que não há eventos” e por isso um evento de “confraternização”, que será “cada vez melhor” quanto “mais pessoas se envolverem na organização”.

A festa de Santa Bebiana arranca na sexta-feira, 2, com a abertura das tasquinhas típicas, às 19 horas, no recinto da festa, bem no centro do Paul. Às 20 horas, dá-se a chegada da Santa, ao largo da Praça. “A primeira vez que recriámos foi em 2018. Este ano, fazemos de novo, com uma instalação sonora a cargo do artista Bitoca Fernandes, que acompanha a Santa, que não mais que um pipo” explica Jorge Pedro. Depois, o longo da noite há animação de rua, com diversos grupos, desde os zabumbas ou banda do Paul, aos bombos de Lavacolhos, ranchos, gaiteiros e tunas, e às 22 horas, no Café Central, será escolhida a melhor jeropiga das tasquinhas. Um concurso que conta com 38 participantes. O certame encerra às duas da manhã.

No sábado, o certame decorre entre as 15 e as três da manhã. Pelas 10 horas, há uma caminhada pelo património pastoril do Paul, em colaboração com o Geopark Estrela, e depois de um dia que contempla oficinas de lanifícios, danças e provas de jeropiga, decorre pelas 22 horas o “prato forte” da festa, com a procissão profana, seguindo-se o sermão bebiano, pelos pregões de fora. Em permeância, há exposições, tasquinhas e artesanato.

Destaque ainda para um simpósio, realizado no Café Central, sobre pastorícia, em que se procura “sensibilizar a comunidade para a tradição pastoril” explica Jorge Pedro.

O evento conta com animação de rua a cargo de 15 grupos diferentes e terá alguns produtos de merchandising, nomeadamente os copos da festa, boinas, imans, vinho e uma pulseira solidária, com parte da receita a reverter para a Shelter For Life, para a construção de um abrigo para animais.

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