São necessários 280 nadadores-salvadores na Beira Interior

Orla Periférica, com sede em Penamacor, fez levantamento das zonas de banhos nos distritos da Guarda e Castelo Branco

Nos distritos de Castelo Branco e da Guarda são necessários 280 nadadores-salvadores para cumprir a legislação nos espaços identificados para banhos e as dificuldades de recrutamento são superiores ao litoral, tendo em conta que a maioria dos formandos dos cursos são estudantes de fora da região e, no verão, muitos optam pelas zonas de residência.

Os dados resultam de um levantamento feito pela Orla Periférica – Associação de Nadadores-Salvadores do Interior, com sede em Penamacor.

Segundo a associação presidida por Filipe Batista, em Castelo Branco são necessários 190 nadadores, considerando um mínimo de dois para cada uma das 48 piscinas, seis piscinas em hotéis e 41 praias fluviais.

Na Guarda existe uma necessidade mínima de 90 nadadores-salvadores para a as 38 piscinas assinaladas e 20 praias fluviais.

Filipe Batista, presidente da Orla Periférica e diretor técnico da escola de formação da Universidade da Beira Interior, sublinhou, no entanto, que “muitos municípios preferem não identificar as suas zonas balneares como praias de banhos, para evitar custos com nadador-salvador”, o que significa que as águas “não são monitorizadas pela Agência Portuguesa do Ambiente, para saber se estão aptas para os banhos”.

“A procura é muito superior à quantidade de nadadores-salvadores que nós temos”, constatou Filipe Batista.

Segundo o responsável, as entidades “só se lembram dos nadadores-salvadores quando chega a altura do verão, quando as preocupações vêm ao de cima”, e considerou que “há falta de planeamento para que este problema seja resolvido de uma vez por todas”.

O presidente da Orla Periférica preconizou a partilha de recursos humanos por parte de entidades como as comunidades intermunicipais, que reduzam o custo com este serviço, uma vez que a dificuldade em recrutar leva a regatear salários, e permitam colmatar folgas ou faltas de nadadores-salvadores.

“Em vez de cada um olhar por si, se a comunidade contratasse um número que permitisse alguns deles fazerem folgas em dois ou três municípios, reduzíamos substancialmente o custo com todos eles. Ou seja, ganhavam todos com esta solução”, recomendou Filipe Batista.

Por outro lado, a inclusão de quem trabalha nas piscinas cobertas nessa bolsa já “seria um número significativo para resolverem problemas no verão” e deixava de ser um trabalho apenas sazonal.

A certificação, de 150 horas, é válida por três anos e os cursos têm no máximo 30 vagas, mas nem todos terminam a formação, além da dificuldade de haver cada vez menos gente para ministrar os cursos, até ao verão três a concluir nos dois distritos.

Filipe Batista afirmou que a escassez de oferta na região para as piscinas, rios e albufeiras com necessidade de vigilância faz com que os nadadores possam regatear os preços junto das entidades e a média do salário ronde os 1500 euros mensais, embora alguns ganhem valores na ordem dos dois mil euros, ou superiores.

O dirigente da Orla Periférica sublinhou que com regularidade chegam à associação pedidos de juntas de freguesia e municípios, que divulgam junto da bolsa de pessoas com formação, mas “há muita dificuldade em dar resposta”.

Filipe Batista defendeu que o sistema de incentivos previsto há dez anos para estudantes, à semelhança do que acontece com os bombeiros, por exemplo isentando propinas, seja finalmente implementado e regulamentado em portaria pelo Governo.

O formador acrescentou que, dos 38 afogamentos ocorridos em 2024 em praias do interior, quase todos se verificaram em áreas não vigiadas.

VER MAIS

EDIÇÕES IMPRESSAS

PONTOS
DE DISTRIBUIÇÃO

Copyright © 2025 Notícias da Covilhã