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Se a tua terra te dá natureza, corre…

A Associação Desportiva de Manteigas tem vindo a promover o trail, nos últimos anos e aposta agora numa equipa no circuito nacional. Quem corre, desvaloriza a competição, mas enaltece a vertente terapêutica de uma modalidade onde o que importa é a amizade

“Quando, em 2017, começámos, corríamos na rua e as pessoas chamavam-nos malucos”. É assim que Vítor Graça, 39 anos, na altura presidente da Associação Desportiva de Manteigas (ADM), onde jogou futebol largos anos, lembra como se iniciou a modalidade do trail no concelho que se orgulha de ser o “coração” da Serra da Estrela. Vítor, que ainda hoje representa a ADM, não a correr atrás da bola, mas sim nas paisagens que a natureza tem para oferecer, foi, a par de Roberto Cleto, um dos percussores do trail naquele concelho, onde agora se aposta em ter uma equipa federada para fazer o circuito nacional da modalidade.

“Comecei a perceber que em Manteigas faltava algo diferente, não na ADM, mas na vila. E acabei por usar a associação para promover este desporto da natureza que, sem dúvida, se adequa ao nosso território. Chamavam-nos malucos” frisa. Aos poucos, foi desafiando pessoas a pegar nuns ténis e correr. No meio do mato. Junto à ribeira. Na rua. Em especial pessoas para quem o desporto nunca tinha feito parte do quotidiano. “A superação está sempre presente e, talvez por isso, o aparecimento de pessoas que nada faziam. Foi um dos objetivos que defini, ir buscar essa gente para promover a atividade física” conta, lembrando que seja em distâncias mais curtas, ou mais longas, o que conta mais não é a competição, a classificação.  “Nós, o que sempre tentamos promover é a entreajuda. Pode-se deixar alguém para trás, desde que se saiba que está bem. De outro modo, não” garante.

Joel Albuquerque, tesoureiro da direção, e responsável pela secção, lembra que este projeto já vem do elenco diretivo anterior, com os “ditos malucos” que iniciaram “uma brincadeira” a que agora a ADM quer dar mais asas. “O que queremos é apostar na modalidade a nível nacional, com atletas que tenham valor, mas também espírito de equipa e se identifiquem com o clube. Este ano é de iniciação, no qual queremos fechar o circuito nacional, com gente de cá, e não só. Um sonho desta direção é sermos uma referência do trail, em termos regionais. E tenho a convicção que podemos chegar a um bom patamar a nível nacional” afirma o responsável. Que garante que o que mais importa é “o valor da amizade”.

A ADM conta neste momento com 58 atletas, “uns mais praticantes, outros menos” e no circuito nacional, que se iniciou este mês e se prolonga até abril, contará com 15. Com idades compreendidas entre os 27 e os 44 anos. Um investimento de cerca de oito mil euros anuais, mas em que cada atleta corre sem qualquer remuneração, garante Joel Albuquerque.

“É uma fuga à realidade do dia-a-dia”

Uma das caras da equipa é Susana Terras, 29 anos. “O trail é uma fuga à realidade do dia-a-dia. Traz-nos um bocadinho de liberdade, alívio, deixamos de pensar naquilo que nos apoquenta mais. Tem um espírito terapêutico” garante a jovem, que diz que a competição, mais do que contra adversários, é sobretudo interna. “Muitas vezes competirmos contra nós próprios. O importante, no fundo, é a entreajuda, o espírito de equipa e o convívio. E superar limites, uma competição interior. Há dois, três anos, que faço, e é para continuar” garante.

Hélio Costa, belmontense de 47 anos, tem sido um dos rostos de divulgação do trail em termos regionais. E este ano, é em Manteigas que o faz. “Foi um desafio que me lançaram. Tive o convite da ADM, e foi com agrado que agarrei o projeto. Quero ajudar a modalidade a crescer” garante, lembrando que este concelho serrano é “um sítio espectacular, com todas as condições, para a prática do trail.”

Joel Albuquerque subscreve esta opinião, recordando que esta tem sido também uma aposta da autarquia local. “A Câmara tem apostado nos vários trilhos que temos. Por isso, faz todo o sentido que a nossa associação tenha o máximo de atividades, entre as quais o trail, o desporto da moda. Tem atraído cada vez mais gente, mais provas, e malta que praticava outras modalidades, como o futebol” garante.

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