Quando em Belmonte, estão confirmados pelo PSD, como candidato à Câmara, Germano Fernandes, e o PS acaba de confirmar Vítor Pereira, António Dias Rocha (PS), que depois de três mandatos consecutivos não se pode recandidatar ao cargo, face à lei, deixa um recado a quem lhe suceder: que venha para trabalhar. “Se vier só para fazer o frete de cá estar porque é uma passagem política, não vale a pena” diz, em declarações ao NC.
Numa autarquia em que, os últimos 30 anos foram repartidos entre Dias Rocha e Amândio Melo, o atual autarca, que cumpriu mandatos entre 1994 e 2000, e depois entre 2013 e 2025, garante que sai de consciência tranquila. “Posso não ter feito tudo o que havia para fazer. Ninguém consegue fazer tudo. Mas tenho a consciência tranquila de que fiz tudo o que podia, e que as minhas capacidades me permitiam. Se não fiz mais, a população também teve culpa. Não me tivesse elegido (sorriso). Mas é um orgulho enorme que me tenham escolhido para estar à frente da Câmara este tempo todo” frisa, feliz por ver “Belmonte reconhecido.” Dias Rocha, que mostra orgulho em ter dedicado 40 anos de vida ao serviço público, quer como médico no Centro de Saúde, quer como autarca, garante que a função destes é fazer com que a população se sinta bem onde reside. E que isso foi conseguido. “A minha maior alegria é que as pessoas se sintam bem e tenham orgulho da sua terra. Tenham prazer em dizer que são de Belmonte. E nós, autarcas, temos obrigação de criar condições para que cá fiquem e se sintam cá bem” afiança.
O autarca considera que os últimos quatro anos foram “mais positivos” que os anteriores, marcados pela pandemia, que foram de paragem para muitas câmaras, embora lembre que a sucessiva queda de governos trouxe entraves a algumas concretizações. Dias Rocha, que destaca a concretização do Centro Interpretativo de Centum Cellas como uma obra marcante, lamenta ainda não ter conseguido modernizar o Museu dos Descobrimentos, ter já iniciado as obras na escola sede do Agrupamento, ou ter começado obras para a criação de mais habitação no concelho, bem como reparado as degradas estradas municipais.
Com uma experiência de mais de duas décadas, frisa que quando chegou, em 1994, o trabalho num município era bem diferente. “Houve uma evolução muito grande do funcionamento das câmaras. Hoje não tem nada a ver com a altura em que cheguei pela primeira vez. Era um mundo completamente diferente do que é hoje. É muito mais exigente, interventivo” frisa, lamentando, contudo, que ainda haja muita burocracia. “Não se tem feito no País tudo o que se devia fazer para melhorar a burocracia nas autarquias. Para se conseguir qualquer coisa, é um monte de trabalhos. É preciso mais um papel daqui, de além, uma declaração na Internet, etc…” afirma.
Não querendo “louros” da sua atuação, pois “o que fiz ou deixei de fazer não é importante”, o autarca acredita que socialmente “Belmonte melhorou muito”, tem mais qualidade de vida, é mais divulgado e é um concelho “considerado, respeitado e invejado.”
No futuro, como presidente de Câmara, Dias Rocha espera ver uma pessoa “que goste do concelho”, que tenha “qualidades de trabalho, seriedade e grande capacidade de aguentar o embate”, quando os políticos são hoje considerados “vigaristas e corruptos”.
Quanto a si, pessoalmente, “ainda não pensei nisso”, até “porque ainda faltam seis meses e estou ainda inteiramente dedicado à Câmara”. Contudo, Dias Rocha admite já pensar “um bocadinho” no final do mandato, assume já sentir “alguma nostalgia”, prometendo dar “mais atenção aos meus netos (que são três)”. Mas assegura que estará atento ao município que ainda preside: “Estarei sempre a acompanhar tudo o que diga respeito a Belmonte. Estando na política ativa ou não, sempre otimista no futuro e no potencial desta terra” afirma.