Desmistificar e ensinar o que é o folclore é o objetivo do Seminário de Cultura Popular – Do Fiar ao Trajar, promovido pelo Rancho Folclórico da Boidobra e Museu de Lanifícios, que acontece no dia 21 de outubro, no Núcleo da Real Fábrica Veiga.
Durante um dia os participantes vão poder assistir a várias palestras que vão desde a obtenção da matéria-prima até à confeção dos trajes utilizados no primeiro quartel do século XX que eram influenciados pelo clima, vivências e “maneira de ser das pessoas”, explica Paulo Jerónimo, diretor técnico do Rancho Folclórico da Boidobra, na conferência de imprensa de apresentação do seminário. No mesmo dia há uma visita guiada ao Museu de Lanifícios e o espetáculo etnográfico “Entre Fios e Filhos”, do grupo organizador.
Alexandre Pereira, presidente do Rancho da Boidobra, afirma que “a cultura popular é mais do que simplesmente danças e cantares” e que o evento pretende “trazer outras vertentes da cultura para a população”.
Para Paulo Jerónimo, o seminário pretende, além de divulgar o trabalho efetuado, ser também uma “formação”. “Essa também é a nossa missão enquanto grupo de folclore para que sejamos encarados como entidades culturais”, refere.
O responsável lamenta que o folclore seja “denegrido nos próprios meios de comunicação quando por qualquer ato de maior risota se diz ‘isto é folclore’. Os políticos e até os próprios meios de comunicação o dizem”.
Rita Salvado, diretora do Museu de Lanifícios, afirma que “desde logo” disseram sim ao acolhimento da iniciativa, uma vez que a cultura popular “está associada à representação do caráter da comunidade” e que a comunidade industrial da Covilhã, “como identidade têxtil tão forte” é um território fértil para a reflexão da cultura popular.
A responsável pelo museu considera ainda que o local escolhido para decorrer o seminário, “no coração do campus académico”, serve também para “potenciar a sinergia e o trabalho em rede, desde logo entre o rancho e a federação, porque convida outros grupos e a academia”. “Com certeza, há grupos de pequenas comunidades da academia que estarão particularmente interessados, nomeadamente, a área das ciências da cultura ou moda”, afirma.
Paulo Jerónimo espera que outros grupos de folclore marquem presença na iniciativa. “Se gostava que estivessem mais grupos ou pessoas intervenientes dos grupos de folclore neste seminários? Gostava bastante”, acrescentando que sabe quais “as lacunas” dos grupos de folclore, sendo uma delas “a forma de trajar”. “Para os grupos, das coisas mais difíceis é trajar um grupo como ele deve ser trajado, pegando na história, usos, costumes, influência do clima”, destaca. “Esta é daquelas formações que os grupos de folclore deviam vir, mas todos, pelo menos os do nosso concelho”, salienta Paulo Jerónimo.
Em representação da INATEL, uma das entidades parceiras do seminário, esteve Margarida Pereira que frisou o trabalho feito pelo Rancho Folclórico da Boidobra: “o rancho da Boidobra conta com mais de 50 anos e nesta vivência, adquiriu estes conhecimentos, este know-how. É uma associação que aprendeu, cresceu e está a voar sozinha”. “Trabalhar com o rancho da Boidobra é meio caminho andado para que as coisas corram bem”, finaliza.
Além da INATEL, o seminário também conta com o apoio da Direção Regional de Cultura do Centro e do Município da Covilhã que integrará a iniciativa no programa de comemorações do dia da cidade.