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Serra Shopping completa 18 anos

Centro Comercial abriu ao público em 23 de novembro de 2005 e mudou as dinâmicas de comércio na cidade.

É o vigilante mais antigo do centro comercial Serra Shopping, onde começou a trabalhar quando ainda estava em fase de obra, e Marco Mendes recorda-se “das romarias” dos primeiros tempos após a inauguração, em 23 de novembro de 2005, faz hoje 18 anos.

“Foi todo um mundo novo, para toda a gente. A região não estava habituada a este tipo de infraestrutura e houve uma grande curiosidade. Os primeiros tempos foi como se fosse Natal todos os dias”, lembra o vigilante de 49 anos, que saiu de uma máquina na indústria de lanifícios para agarrar “a oportunidade” e uma vida em que nenhum dia é igual, se lida com muitas situações e se contacta com muita gente.

Diariamente passam em média, segundo os contadores nas portas, 12 mil pessoas pelo centro comercial, onde trabalham cerca de 600 pessoas, num espaço onde há movimento 24 horas por dia.

Marco Mendes, do Teixoso, observou a mudança por dentro e por fora. “Isto veio dinamizar o concelho, trouxe coisas que não existiam cá e tornou-se um polo dinamizador, quando antes não havia quase nada aqui à volta. Agora, é como se fosse um ponto de encontro para gente de todas as idades”, sublinha o vigilante, que foi acompanhando as lojas que fecham para outras abrirem, as mudanças na decoração, do azul para o “branco como a neve”, e as dinâmicas no espaço.

Empresários locais ocupam 30% das lojas

O diretor-geral do Serra Shopping, António Parracho, anda pelos corredores e cumprimenta os lojistas pelo nome. Dos espaços comerciais, 30% são de empresários locais e foi uma relação criada ao longo de 18 anos no espaço que contribuiu para redefinir o comércio na Covilhã e se tornou “uma âncora” não apenas na zona de expansão, como na cidade.

Das 77 lojas iniciais, estão abertas 72 e há três por ocupar. Segundo o diretor, para permitir girar as lojas, reorganizar os espaços e ir fazendo as alterações necessárias, numa lógica de ter “diversidade na oferta” e ao mesmo tempo procurar “que haja concorrência, para que haja opção para o cliente”, enquanto também se procuram trazer novas insígnias ou algum tipo de negócio que não existe. No caso de algumas marcas, procuram áreas mais amplas, que obrigariam a suprimir várias lojas para se instalarem, explica António Parracho, de 50 anos.

Ao longo dos anos, informa o diretor, o tráfego no centro comercial não tem variado. A população envelheceu, mas chegaram imigrantes. O cliente tem um perfil familiar. Quando neva, notam-se picos de afluência, como na altura do Natal, entre o Natal e o Ano Novo e em agosto, quando chegam os emigrantes.

Este ano o Serra Shopping registou um aumento no número de visitantes e, em agosto, num único dia, verificaram-se 20 mil entradas.

“Sala de estar da cidade”

Desde 1994 que Sandra Cutelo, de 54 anos, está nas instalações, quando tinha o único restaurante no antigo Modelo. A Cozinha Dona Maria deu origem a um conceito pensado para a praça da restauração, o Bitoques, e desse tempo mantém empregados e clientes, mas tudo à volta mudou, a começar pela concorrência, que inicialmente não tinha.

No estabelecimento de comida rápida, mas tradicional, com preponderância dos bifes e acompanhamentos, a empresária observou “um salto muito grande em dimensão” no fluxo de clientes, na oferta e numa cidade que cresceu à volta.

Os clientes vão desde as famílias, os estudantes das escolas nas imediações às pessoas reformadas que ali passam longos períodos a conviver durante o dia, abrigadas “do frio e do calor”. “É uma sala de estar da cidade. O Serra Shopping tornou-se parte do habitat dos covilhanenses, porque se sentem cá confortáveis e há gente desde que abre até que fecha”, comenta Sandra Cutelo.

Com espaços em centros comerciais na Guarda e em Castelo Branco, a empresária nota uma diferença: “a sinergia que há na Covilhã entre a população e o shopping”. Sandra, que chegou à cidade para acompanhar o marido, emigrante em Nova Iorque com o desejo de regressar às origens, alude às dificuldades de mobilidade e à evolução da urbe, que cresceu para a zona baixa. “Não apenas o Serra Shopping, mas também os serviços, a polícia, a biblioteca, os prédios”, elenca.

“O Serra Shopping tem uma boa relação com a população e com a cidade. É um espaço que é vivido pelos covilhanenses, funciona em simbiose, as pessoas apropriaram-se do espaço”, acentua Sandra Cutelo, que alerta para a importância de se ir renovando o centro comercial no interior e exterior, para não se notarem as marcas do tempo.

Chegar a outro tipo de clientes

José Santos e Cristina Azevedo são também empresários locais. Proprietários da Optiframa há 25 anos, não hesitaram em abrir uma segunda loja quando assistiram à apresentação do projeto de um centro comercial de grandes dimensões.

“Tudo o que seja novidade, nós temos, desde o equipamento e a tecnologia de ponta aos espaços. Nós acompanhámos a tendência, que é a nossa forma de estar, e aqui complementámos o comércio que já tínhamos na cidade, com outros horários, e solidificámos a nossa marca, porque o Serra Shopping também foi uma montra que nos permitiu crescer”, refere a optometrista e empresária.

O marido, José Santos, diz que a aposta lhes permitiu “chegar a outro tipo de clientes” e expandirem-se para o Fundão, Belmonte, Penamacor e Castelo Branco.

A grande vantagem do Serra Shopping, na altura uma novidade, além dos 800 lugares de estacionamento gratuitos, os acessos que foram criados e o crescimento da cidade à volta, é “funcionar como um todo e aproveitarem-se as sinergias”.

“Tem sempre movimento, porque são criadas as condições para as pessoas se sentirem bem nele”, acrescenta José Santos, também licenciado em Optometria pela Universidade da Beira Interior, como os trabalhadores que emprega.

Embora dentro de um centro de uma multinacional, gerido pela Sonae, o empresário realça que a Optiframa do Serra Shopping não deixa de ser uma loja “de pessoas da terra, que vivem da terra e para a terra”.

Impulso ao comércio

António Parracho afirma não existir “uma correlação direta entre a abertura do Serra Shopping e alterações no comércio tradicional” e considera que o centro comercial “deu um impulso ao comércio na cidade”. Acabaram por fechar negócios familiares a que não foi dada continuidade e existiu uma movimentação para a zona da ANIL, sublinha o diretor-geral.

Formado em Engenharia Aeronáutica, regressou à cidade onde estudou para dirigir uma estrutura que “é muito parecida com um avião, só que sem asas”.

A parte circulável corresponde a 60% da área do edifício. “Há um espaço que não é visível aos clientes, mas que é o que faz mexer a máquina”, enfatiza o responsável. Nos bastidores, onde há movimento 24 horas por dia, existem armazéns, cais onde diariamente descarregam 20 camiões, compostores onde é depositada todos os dias meia tonelada de resíduos, zonas técnicas, uma caldeira para aquecimento e arrefecimento, arrecadações, escritórios e uma cisterna que permite autonomia para abastecer o centro comercial durante um dia, em caso de falha na rede pública, ou para combater um incêndio.

Atingida a maioridade, os planos para o Serra Shopping não preveem alterações profundas, embora António Parracho vinque a necessidade de estar “em constante mudança” e de “olhar todos os dias para opções de mercado”.

 

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