Serviço ferroviário de hora a hora é “de extrema importância” para a região

A Associação Move Beiras aplaude ideia de haver mais comboios entre as duas cidades, mas defende a extensão do serviço à Guarda e Vila Velha de Ródão. E diz serem necessário careiras regulares, que levem pessoas às estações

A ideia de ter um serviço ferroviário de hora a hora, entre as cidades da Covilhã e Fundão, é uma medida de “extrema relevância” para a região, mas o serviço diurno de comboio, na Linha da Beira Baixa, deve ir mais além, estendendo-se a norte até à Guarda, e a sul, até Vila Velha da Ródão. É isso que defende a Associação Move Beiras, criada com o intuito de valorizar as pessoas e os territórios percorridos pelas linhas da Beira Baixa e Alta, através da utilização de comboio.

Numa altura em que o tema regressa à atualidade, depois do presidente da Câmara do Fundão, Paulo Fernandes, ter reunido com o ministro das Infraestruturas e Transportes, Miguel Pinto Luz, sensibilizando-o para a necessidade de ter um metro de superfície a circular, de hora a hora, entre o Fundão e a Covilhã, numa primeira fase, e estendendo-se depois ao eixo Guarda-Castelo Branco, a Move Beiras recorda que esta medida já foi abordada em 2023 e 2024, sem nunca “se concretizar”

A Associação, criada na Benespera, onde a estação ferroviária foi reativada quando o comboio voltou a circular para a Guarda via Beira Baixa, diz que, por questões de “coesão, desenvolvimento do território e justiça social, é fundamental que um serviço deste género seja concretizado rapidamente, garantindo que responde eficazmente às necessidades da população e assegura a sua sustentabilidade a longo prazo.” Porém, a Move Beiras alerta para “fatores críticos de sucesso” a ter em conta para evitar que este serviço “siga o destino de outros projetos ferroviários fracassados no passado”, como as Linhas de Leixões e de Vendas Novas, ambos em 2009.

Por isso, além de defender logo uma maior extensão do serviço entre os dois distritos, a Move Beiras salienta ainda que é preciso coordenar e articular os serviços de transporte urbano, “de forma a garantir horários ajustados e intermodalidade eficaz com o novo serviço ferroviário, fundamental para uma mobilidade integrada.” Segundo a mesma é “crucial” definir um sistema de bilhética integrada (comboio + mobilidade urbana), ajustar ou criar carreiras urbanas que sirvam as estações onde ainda não existam, identificar polos geradores de tráfego, como centros de saúde, escolas, estabelecimentos de ensino superior ou zonas comerciais, assegurando que o serviço “responde às reais necessidades”, sendo até necessário depois avaliar a criação de novas paragens ferroviárias.

A associação defende ainda a realização de obras que tornem mais acessíveis e confortáveis as estações, e que se avalie a disponibilidade do material, recursos necessários e o custo da operação. “Deve ainda considerar-se a isenção da “portagem ferroviária”, durante a fase piloto” frisa a Move Beiras. “Só depois de garantidas estas condições, será possível assegurar a viabilidade e sustentabilidade do serviço a longo prazo, evitando que acabe poucos meses após o arranque, comprometendo futuras iniciativas” salienta.

Sob o lema “Há linhas que os unem e uma região que nos move”, a Move Beiras recorda já ter abordado este tema com deputados dos dois distritos na Assembleia da República, em 2023, e com o secretário de Estado dos Transportes do governo de António Costa, Frederico Francisco, no mesmo ano. E que, além disso fez chegar, várias vezes, estas e outras questões à Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT).  “A Move Beiras mantém-se, como sempre, disponível para trabalhar em conjunto com todas as entidades, promovendo soluções sustentáveis para a mobilidade ferroviária na região” frisa.

Em comunicado, o PCP de Castelo Branco afirma que, no distrito, o sistema de transportes inter e intra concelhios, “para além de ser caro, é insuficiente, desarticulado e não responde às necessidades das populações”, que por isso recorrem ao automóvel. E diz que, agora “que se aproximam eleições” surge a promessa do lançamento do “metro de superfície” entre a Covilhã e o Fundão, para “começar a funcionar até ao Verão”, recordando que há muito defende a criação de ligações ferroviárias “regulares, rápidas e frequentes entre Castelo Branco e Guarda”, que corretamente implementada poderia contribuir para “potenciar sinergias entre todos os concelhos do eixo urbano Castelo Branco, Fundão, Covilhã, Belmonte e Guarda.” Mas o PCP lembra que tal iniciativa só terá sucesso se esta ligação ferroviária “der resposta adequada às reais necessidades e se interligar com os restantes sistemas de transportes públicos, o que implica a sua completa reformulação.”

No passado dia 10, o executivo da Câmara da Guarda ratificou o protocolo de cooperação assinado entre a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes e cinco municípios que prevê “melhorias na mobilidade no eixo entre a Guarda e Castelo Branco.” O acordo subscrito pelos municípios da Guarda, Belmonte, Covilhã, Fundão e Castelo Branco visa “oferecer respostas inclusivas, acessíveis e satisfatórias às populações e empresas, promovendo a coesão social, económica, ambiental e territorial.” Segundo o autarca Sérgio Costa, a ideia é que no futuro “haja uma automotora que diariamente faça aquele eixo para além dos horários normais, tendo em conta o fluxo diário de centenas de pessoas, com ligação às redes já existentes.”

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