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Sinais dos tempos

“Continuamos a ser nós que, impávidos e serenos, permitimos ataques à liberdade individual”

Privar alguém do uso da liberdade, tornou-se uma prática corriqueira, e o princípio da presunção de inocência deixou de ser considerado. Não adianta estar consagrado na Constituição, se de facto não é cumprido. Em Portugal culpamos primeiro. Somos muito bons a rotular de criminoso qualquer cidadão que está a ser investigado, ou eventualmente suspeito de algo potencialmente ilícito. Basta tão só ter sido “visitado” pela polícia. Nesse momento estamos à espreita, a nossa rede social apanha-o, trata do primeiro juízo, e do seu destino. Seguem-se os “directos” televisivos, as análises e comentários em estúdio, e a vítima está sobre o cadafalso, para ser “enforcado”, “degolado” por nós, seleccionados e diligentes carrascos, funcionários da moral e dos bons costumes. Somos intocáveis quando nos pomos a julgar, melhores ainda chamados a executar. Narcisos, hipócritas, incultos e impreparados, assim somos, quando incapazes do benefício da dúvida. A prepotência de quem investiga e deixa trabalho por fazer, condicionando processos e atrasando diligências, e mesmo assim detendo cidadãos portugueses durante dias a fio antes de serem interrogados em primeira instância.  Que Justiça é esta? Que “diabo” de país é este que assobia para o lado, permite que deitemos fora direitos adquiridos, e que enrola as bandeiras da liberdade e da verdade?!

A resposta está patente na Democracia. Por um lado, fazemos alarde do sistema conquistado, por outro não gostamos assim tanto dela. Ainda não aprendemos a viver em democracia. 50 anos depois de a termos ganho. É por isso que com a desculpa de longas más condutas de políticas e de governos, damos aval a discursos populistas, mentirosos, fascistas. Não são apenas responsáveis os partidos que nos governaram, somos nós também, que os validamos, que os apoiamos. Continuamos a ser nós que, impávidos e serenos, permitimos ataques à liberdade individual, com a justificação do combate à corrupção. Não nos iludamos, nos estados autoritários, e nas fiéis organizações de juras aos pastores de seitas, é a troca de favores, a grande moeda da acção política e do chamado “desenvolvimento”.

Não nos deixemos enganar.   A saudável vida cívica e democrática está posta em causa, estamos minados por uma virose “justicialista”. Se não a tratarmos, corremos o risco de um regime pandémico. É urgente esquecer umbigos, dar as mãos, unir forças, e erguer muros. Contra fundamentalismos, contra extremismos. Esta é a receita, como um desígnio nacional, para não permitirmos que a doença se alastre.

 

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