O Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas, em comunicado, garante que os salários de agosto na Santa Casa da Misericórdia de Belmonte “ainda não foram pagos”, e que os subsídios de férias e de turno “continuam com meses de atraso”.
A estrutura sindical afirma ter contactado, via telefone, no dia 31 de agosto, o provedor, José Figueiredo, que estando de férias remeteu explicações para a passada segunda-feira, 4, altura em que terá transmitido que “pagaria os ordenados no dia seguinte”, ou seja, ontem, terça-feira, 5, dia em que iria também reunir com uma entidade bancária, e que “era expectável”, segundo o próprio, que até final do mês liquidasse outras verbas em dívida a trabalhadores. Mas “hoje as contas dos trabalhadores continuam a zero” afirma o Sindicato, que acusa o provedor de não dar respostas em novo telefonema efetuado, “só ameaças”.
O Sindicato frisa ainda ser “nosso dever tornar público a gravidade do que está a acontecer”, por se tratar de uma IPSS que opera na área da infância e dos idosos, “funções que o Estado lhe entrega, subsidiando-a com dinheiro de todos nós”.
Contactado pelo NC, o provedor da Misericórdia belmontense, José Figueiredo, garante que “não vou continuar a alimentar aquilo que o sindicato diz”. Reconhece que “existe um problema”, mas que o mesmo “será resolvido”, embora lembre que este tipo de processo “leva o seu tempo”. “Estou aberto a falar com os senhores do sindicato, que não estão a ajudar a resolver o problema, antes pelo contrário” afirma.
No passado dia 30 de agosto, ao NC, José Figueiredo garantira já ter em dia os ordenados de julho e parte dos subsídios de férias. “Os duodécimos dos subsídios de natal e férias estão pagos até maio. O ordenado de agosto espero pagar nos primeiros dias de setembro com o resto dos valores em falta” assegurava o provedor.
O Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas tem denunciado ordenados em atraso na instituição, adiantando que nos últimos meses os pagamentos aos trabalhadores da Santa Casa têm sido feitos “de forma irregular” e fora do prazo legal. O provedor confirmava atrasos e justificava com as dificuldades vividas pela Santa Casa, decorrentes, além do “passivo enorme” herdado, das “crises no setor, da pandemia à guerra e ao aumento dos custos energéticos e dos preços em geral.”
Na altura, o Sindicato denunciava ainda haver falta de pessoal no lar que a Misericórdia gere, algo negado pelo provedor, que confirmava, contudo, a possível redução de trabalhadores. “Eu vou reduzir o pessoal”, vincava o provedor. “Há pessoas com contratos temporários que temos de emagrecer, porque estamos acima dos rácios que a lei estabelece”, acrescentava. Segundo José Figueiredo, os problemas estavam a ser resolvidos, a burocracia associada ao montante a receber do Fundo de Socorro Social (cerca de 500 mil euros) estava a ser tratada e depois de essa verba chegar “a situação fica mais ou menos equilibrada em termos de dívida a curto prazo”.