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Ajudar sem julgar

Paulo Pinheiro

Presidente do Banco Alimentar Cova da Beira

Segundo dados divulgados recentemente pelo INE, 17,0% das pessoas estavam em risco de pobreza em 2022, mais de 2 milhões de pessoas encontravam-se em risco de pobreza ou exclusão social.

A rede de instituições de solidariedade desempenha um papel insubstituível na ajuda aos mais necessitados e o apoio alimentar dos Bancos Alimentares é determinante nesta ajuda.

O Banco Alimentar suporta muitas das IPSS angariando alimentos não só nas campanhas de Natal e Primavera (a face mais visível), mas também recebendo, diariamente, excedentes alimentares doados pela indústria agroalimentar, pelos agricultores, pelas cadeias de distribuição e pelos operadores dos mercados abastecedores e donativos de particulares e empresas.

Mas, para muitos, fica a questão da equidade e justiça da distribuição, da identificação clara de quem necessita e das razões pelas quais necessita.

Cada pessoa que é ajudada tem uma história, um contexto e as suas razões, mais ou menos compreensíveis à luz do senso comum. Cada uma percorreu um caminho diferente, mais ou menos longo, mais ou menos acidentado. Mas o ponto onde estão é igual: são pessoas desempregadas ou empregadas com muito baixos rendimentos, famílias com filhos ou idosos com reformas muito baixas, imigrantes ou deslocados, estudantes estrangeiros e nacionais, são pessoas que não têm dinheiro para comer com dignidade. São pessoas em carência alimentar. São pessoas que comem pão e Nestum duas vezes por dia, que jantam chá e cereais porque não têm dinheiro para mais.

São pessoas que, independentemente da sua história, do seu caminho, necessitam de ajuda para comer, para viver dignamente. São pessoas que não precisam ser julgadas, mas ajudadas.

Claro que as IPSS que acompanham cada caso fazem um grande trabalho na identificação de causas e na proposta de soluções que passem por melhorar o contexto de cada um, para se tornar autónomo e não precisar de alimentos. E uma grande parte dos que ajudamos, necessitam de uma ajuda temporária, durante um período mais complicado.

Curiosamente, essas são as pessoas que nunca deixam de doar alimento ao BACB, dizendo: “Eu já precisei, mas agora já posso dar a outros”.

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