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António Costa deixa “terra preparada” para que banda larga chegue a todo o lado

Primeiro-ministro demissionário acredita que concurso internacional que visa dotar mais de 400 mil edifícios de fibra ótica ajudará a combater assimetrias entre litoral e interior

“Não resolve o problema, mas a terra fica preparada para que as sementes sejam lançadas”. Foi assim que no passado dia 12, em Belmonte, o primeiro-ministro demissionário, António Costa, definiu o lançamento do concurso público internacional para a instalação de redes de banda larga nas chamadas “zonas brancas” – territórios onde não existe cobertura de rede ou esta não revela a qualidade adequada. Um projeto que vai abranger mais de 400 mil casas, em diversas regiões, resultando na cobertura da totalidade do território continental até 2026/2027.

Costa, neste seu primeiro ato público após se ter demitido do cargo, disse acreditar que os autarcas “são os melhores” interpretes para agora dar seguimento a um investimento global de 425 milhões de euros, financiado pela União Europeia em cerca de metade, sendo o restante proveniente de fundos nacionais. E que, aproveitando um território nacional todo coberto por fibra ótica, se poderá “criar emprego”. Aliás, o governante deixou bem claro que “só fixamos população onde há emprego”.

Sublinhando a dificuldade dos requisitos exigidos pela União Europeia para este concurso (que já tem luz verde), como por exemplo, ter a referenciação, casa a casa, de quem já usufrui de fibra ótica ou não, Costa enalteceu o trabalho já feito lembrando que Portugal foi o primeiro país da zona Euro a conseguir realizar este trabalho, através da ANACOM, regulador do setor. Disse que Portugal é o “único país” da União Europeia que está ligado a todos os continentes por fibra ótica, considerando que “estamos na linha da frente” nesta área, o que é “uma grande vantagem competitiva”. O primeiro-ministro lembrou que este projeto não visa apenas atrair novas empresas de novas tecnologias ao interior, mas também “servir bem as empresas que já temos” e enalteceu, neste trabalho de atração de inovação, o trabalho feito por municípios como o Fundão ou Proença-a-Nova. “           São a prova de que é possível fazê-lo no interior” afirma.

Porém, diz, “é preciso ter as infraestruturas necessárias”, algo que, garante, o seu governo tem feito por criar quer na rodovia, ferrovia ou no digital, numa política em que a coesão territorial foi sempre uma das prioridades. “Não conseguimos contrariar numa década o que foi a sangria de seis, mas estamos a criar condições para fazer a inversão. Como? Reativando relações transfronteiriças, pois somos o coração da Península Ibérica, apostando no ensino superior nestas regiões ou reduzindo os custos de contexto ao baixar o preço das portagens” disse António Costa.

 

Territórios do interior “têm futuro”

 

O governante garante que “tivemos uma estratégia coerente e integrada de desenvolvimento do interior. Produz frutos em dois anos? Não, não produz frutos em dois anos. Mas cria as condições para que as próximas décadas sejam de inversão daquilo que foram as seis décadas anteriores, dos anos 60 até ao tempo corrente. É esse trabalho que temos pela frente. E este investimento que agora é feito, para dotar de banda larga todas estas regiões, com a mesma qualidade que têm as regiões do litoral, não resolve o problema, mas prepara a terra para a semeadura”, afirmou o primeiro-ministro.

Ana Abrunhosa disse ser este “dos dias mais felizes” enquanto ministra da Coesão Territorial, lembrando que Portugal é “o primeiro país a usar fundos europeus” com este fim, para resolver “de uma vez por todas” a falta de banda larga “em todas as habitações”. A ministra garante que “vamos colocar estes territórios do interior em pé de igualdade com os outros, e isso é o melhor que podemos fazer para combater assimetrias, que nos cortam a liberdade de decidir”. Ana Abrunhosa assegurou que “os nossos territórios do interior têm futuro. Nós não somos o fim do país, somos o coração da Península Ibérica”. E disse duvidar que, no futuro, seja qual for o governo que saia das eleições de 10 de março, este “não tenha um ministério da coesão territorial”.

João Cadete de Matos, presidente da ANACOM, garantiu que este projeto era “uma prioridade do País”, que contribuirá para uma “correção muito significativa das assimetrias regionais”: “Passaremos a ter um país à mesma velocidade, um país mais justo” assegura, lembrando que também no que toca à rede móvel de telecomunicações há um caminho ainda a percorrer. “Experimentei, aqui em Belmonte, a qualidade de rede e é deplorável” lamentou.

Para António Dias Rocha, presidente da Câmara de Belmonte, este é um sinal de que “o poder central não perde o interior de vista” e que a modernização tecnológica pode contribuir para combater “a desertificação”, um dos principais problemas destes territórios. O autarca considerou que os oito anos de governação de António Costa foram “bem-sucedidos”, esperando que o primeiro-ministro demissionário, no futuro, “ocupe um cargo público em Portugal ou até na Europa”.

 

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