Os consumidores de água no concelho de Manteigas vão, em breve, ver a sua fatura de água aumentar. É que o executivo aprovou, no passado dia 14, em reunião extraordinária, um novo tarifário de água que irá ainda submeter à Entidade Reguladora do Serviço de Águas e Resíduos (ERSAR), bem como a entrada no sistema intermunicipalizado “Águas públicas em Altitude”, que integra os municípios de Guarda, Celorico da Beira e Sabugal, uma medida já aprovada também, na última sexta-feira, 21, pela Assembleia Municipal de Manteigas.

Flávio Massano, presidente da autarquia, diz que aprovar uma subida no tarifário da água é algo que “ninguém quer trazer a uma reunião”, mas que a autarquia, nos últimos anos, tem tido um serviço “incapaz, ineficiente” e que não cumpre a lei. Segundo o autarca, o tarifário em vigor “não respeita a lei” já que não cobre 90 por cento dos custos, antes pelo contrário, tem um prejuízo anual de um milhão de euros. Um aumento “inevitável” diz o presidente da Câmara, sob pena de “termos que devolver dinheiro que o município já investiu” no sector.

Assim, a proposta, aprovada por maioria no executivo (voto favorável de presidente e vice, e abstenção dos eleitos do PS e PSD), contempla a subida da taxa fica de um para 4,90 euros, ainda assim “abaixo das necessidades” diz Flávio Massano, que reconhece que será “duro” para alguns munícipes o aumento, ressalvando, contudo, que existirá um tarifário social que abrangerá 350 pessoas. “Não pagarão nada, a Câmara irá assumir, pois são pessoas mais carenciadas” explica. “Custa-nos muito, mas temos que ser responsáveis e decidir. Se outros tivessem feito a sua parte, hoje não custava tanto. Desde 2009 que o tarifário não teve mexida. Deixaram a fava para este executivo” acusa.

Tomé Branco, vereador do PS, reconhece que se nos últimos 15 anos tivesse havido atualizações “hoje o problema não seria tão grande”, não se opondo à medida. “Gabo-lhe a coragem” disse a Flávio Massano, admitindo que o município está “entre a espada e a parede”.

Já Nuno Soares, vereador do PSD, admite que o problema não se deve arrastar “eternamente” questionando apenas o timing dos aumentos. “Penso é que não é o melhor momento para esta decisão, numa altura de crise, inflação alta e dificuldades. Preferia um aumento mais dilatado no tempo”.

O executivo aprovou também a entrada nos serviços intermunicipalizados das “Águas Públicas em Altitude”, que integram os municípios de Guarda, Celorico da Beira e Sabugal. Na passada sexta-feira, 21, também a Assembleia Municipal aprovou a medida, por maioria (votos favoráveis dos deputados do movimento Manteigas 2030, PS, abstenção do PSD e um voto contra do deputado “laranja” Luís Pedro).

Flávio Massano explicou que dos quatro municípios, apenas a Manteigas faltava ratificar a adesão. “A entrada de Manteigas neste projeto é de importância extrema. Cabe-nos resolver um problema (água) que herdámos” disse.