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Teatro Municipal reabre como ícone da cultura da Covilhã

Depois de três anos fechado, o Teatro Municipal da Covilhã será reinaugurado em grande estilo nesta sexta-feira, 12 de Novembro. A casa de espectáculos, que serviu de cinema, teatro, musicais e até abrigou cafés e uma esplanada, agora surge como uma das casas culturais mais modernas da região. Muitas das partes do prédio que estavam em desuso, agora voltam com outra utilidade. “Esses espaços passaram por remodelações e agora terão outra finalidade”, diz Rui Sena, director do teatro. O diretor destaca, principalmente, o Centro de Incubação e Apoio a Indústrias Culturais e Criativas, um espaço de criação para as companhias que conta com uma residência artística, sala de reuniões, bar e espaços multiusos.

Décadas após a sua última reforma, o prédio encerrou as portas em 2017 para realização das obras, com um investimento inicial de cinco milhões de euros. De acordo com o engenheiro responsável, Jorge Vieira, houve auscultação às companhias de teatro da região, que apontaram necessidade de melhorias na climatização do edifício, estrutura dos camarins, iluminação, sonorização e o aumento do palco principal em dois metros.

Hoje, ícone na arquitectura da cidade e na cena cultural local, o Teatro Municipal teve percursores de peso antes de ter essa importância.  Em finais do século XIX, a cidade ansiava pela construção de um teatro. Vários foram os movimentos, grupos e sociedades constituídas ao longo dos anos com o objectivo de procurar um local para a construção do desejado teatro.

A Sociedade Covilhanense (1865), a Associação dos Artistas Covilhanenses (1865) a Comissão Dramática (1871), Troupe Dramática Covilhanense (1894), Troupe Recreativa Campos Melo (1897) foram alguns desses grupos. Apesar das dificuldades e entraves que a Câmara da época invocava, alguns locais provisórios, como a praça dos Cereais e o Telheiro do Peso da Lã, foram palco de pequenos espectáculos públicos.

Em 1874, iniciaram-se as obras para a instalação de um edifício destinado a teatro, localizado no largo de São João de Malta. Em 1899, essas obras se encontravam ainda por concluir e o edifício, anos mais tarde, seria vendido em hasta pública, com a condição de ali vir a ser construído um outro, com a mesma finalidade. Foram elaborados projectos para a construção do Teatro de São João, mas, todavia, este não chegou a edificar-se, tendo neste local sido construída a Garagem de São João.

Em 4 de Março de 1899 seria inaugurado o Theatro Calleya, no então largo do Peso da Lã, e representada a récita Demi-Monde, pela Companhia Lisboeta Lucília Simões. “O Theatro Calleya era pequeno, mas elegante, e estava situado no largo do Peso da Lã. O espaço, propriedade de José Cristóvão Correia e António Ferreira Copeiro, tinha uma lotação de 550 lugares e funcionou até 1907, data em que sofreu um violento incêndio e foi vendido para instalação do Círculo Católico de Operários da Covilhã (1909).

No início do século XX, surge o efémero Hermínius Terrasse, de Francisco Pina. O primeiro cinema da Covilhã no local da antiga “casa de chapa” na rua Ruy Faleiro que, em 1924, daria lugar a um edifício mais consistente – o Teatro Covilhanense.

O Teatro Covilhanense, propriedade de Francisco Pina e João Ferreira Bicho, foi inaugurado a 13 de Janeiro de 1924 pela Companhia Dramática Lucília Simões-Erico Braga, com a peça “Uma mulher sem importância”. O teatro, com capacidade para 560 pessoas, estava equipado com um moderno e cómodo mobiliário, sendo a decoração dos camarotes e frisas da responsabilidade de António Esteves Lopes.

Já o Teatro-Cine da Covilhã, actual Teatro Municipal, foi inaugurado a 31 de Maio de 1954, por iniciativa de João Ferreira Bicho, com um espectáculo pela Companhia Amélia Rey Colaço – Robles Monteiro.  O novo teatro, projectado pelo arquitecto Raul Rodrigues de Lima, foi desenhado de modo a inserir-se no conjunto arquitectónico composto pelo Edifício Municipal, Correios e Caixa Geral de Depósitos.

Os baixos relevos que ornamentam a torre do edifício são da autoria do escultor Joaquim Correia, e representam a comédia e a tragédia. A sala de espectáculos abriu com lotação para 1200 pessoas, distribuídas pelas plateia, balcões e camarotes. Estava devidamente equipada com cabina eléctrica, máquina de cinema, instalação sonora, aquecimento central, e o seu edifício possuía camarins independentes, salão para festas, restaurante e bares, e ainda uma esplanada para espectáculos de Verão.

“No átrio, impressionam a cores suaves, os mármores de Estremoz – brancos nos pavimentos, rosa nos lambris, pretos no revestimento das colunas – tudo a condizer em luminosa harmonia. Candelabros de cristal são de óptimo efeito iluminação de todo este conjunto, onde não falta a elegância dos ferros forjados (…) e uma tapeçaria mural decorativa (Manufaturas de Tapeçarias de Portalegre) que enche de cor, como um fresco”, é a descrição feita na edição 1730, de 20 de Maio de 1954, do jornal Notícias da Covilhã.

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