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“Temos de saber ouvir os covilhanenses”

Entrevista a José Miguel Oliveira, vereador com o pelouro do associativismo, do desporto, feiras e eventos

ASSOCIATIVISMO

NC – Começamos por uma notícia que o Notícias deu há dias. A oferta de um relvado sintético ao Grupo Desportivo Teixosense…

 

O sintético ao Teixosense é a solução possível para um de tantos imbróglios que nós encontramos. E são muitos, alguns difíceis de resolver. Mas a verdade é que não nos podemos sobrepor aos direitos e à lei.
Apanhamos, fomos apanhados desde 2015, por vários imbróglios jurídicos.   Recordo, por exemplo, o litígio que tivemos com a Park C, pelo parque de estacionamento que nos custou 9 milhões de euros… resultado de uma negligência grosseira do anterior governo autárquico.  O Parque de São Miguel que foi mais um milhão e meio que nos caiu em cima.
Estes imbróglios condicionam, naturalmente, a acção política.
A Câmara quer ter uma relação clara e transparente com todos os clubes e associações, e as colectividades que apoiamos estão na linha da frente do seu desenvolvimento. Enquanto vereador reconheço bem essa importância. De tal maneira, posso afirmar sem medo de errar, que os dinheiros públicos aqui utilizados são muito bem aplicados.

 

FINANÇAS

NC – O Municipio tem hoje saúde financeira?

O município tem hoje mais músculo financeiro, de tal forma que o nosso apoio às colectividades cifra-se em cerca de 900 mil euros por ano, obviamente divididos por diversas rubricas, e de formas diversas.
Temos um plano muito ambicioso a 10 anos para investir cerca de 15 milhões de euros em reabilitação e criação de novas infraestruturas desportivas. Esta cidade, para se afirmar na região como cosmopolita, precisa de um pavilhão multiusos e de um complexo de piscinas. Eu considero estas obras estruturais.
Herdámos uma autarquia com uma dívida colossal. Fizemos o caminho das pedras, tivemos um primeiro mandato muito difícil, e fruto do rigor e de opções difíceis, os covilhanenses reconheceram, e deram-nos maioria.

NC – Houve uma recuperação no segundo mandato?

No segundo mandato, a Covilhã foi o sétimo município do país no aproveitamento de fundos comunitários.
Hoje estamos muito mais robustos financeiramente, embora com dívidas a amortizar, mas a preparar um novo quadro para olharmos para o futuro.
Fazendo o caminho das contas certas. Há que actuar com solidariedade inter-geracional para pensarmos nos que nos seguirão.

DESPORTO

NC – Há ou não um proteccionismo ao Sporting da Covilhã?

 

Eu não diria isso, o que eu tenho a certeza é que o Sporting da Covilhã é uma marca da cidade, é muito importante que se mantenha no topo das competições profissionais de futebol. A outras caberá outro papel, como a ADE na formação, o Unidos no basquetebol, ou o Grupo da Mata no futsal, e são tão fundamentais para nós. Não há aqui relações de privilégio.

NC – E o Complexo Desportivo Municipal com ar tão abandonado…

O Complexo Municipal foi um projecto bem idealizado e muito mal executado. Queremos recuperar o tempo perdido e criar lá a Cidade Desportiva, onde sobretudo pretendemos valorizar o desporto de formação. E onde se integrará o multiusos, capaz de dar outros mundos à Covilhã. É fundamental para a região.
A Covilhã é a cidade, e que me perdoem os nossos vizinhos, que tem melhores condições para ter um equipamento destes.
É pujante, pela economia, pelo tecido social…

COMUNICAÇÃO

NC – José Miguel acredita muito no que diz.
Tem-se dito pouco. As pessoas não sabem, têm de saber, e ninguém lhes diz.

 

De facto, em alguns momentos não temos sabido comunicar de forma correcta. O exemplo da mobilidade suave. Antes das ciclovias, se tivéssemos mostrado como é possível andar de bicicleta eléctrica na sua cidade, as pessoas teriam olhado para este projecto de forma totalmente diferente. Defendo a clareza das ideias. Falar verdade.

 

NC – Há que falar verdade. Por exemplo como foram conduzidos os processos da rua Frei Heitor Pinto, no que diz respeito aos transportes… aos parques de estacionamento?


Temos de ter a humildade de reconhecer que relativamente às obras da Frei Heitor Pinto, devíamos ter falado com os covilhanenses seis meses antes. Perguntar-lhes o que achavam do espaço público, mostrar-lhes as nossas ideias, e não mudar-lhes o seu quotidiano e o bem-estar de um dia para o outro.

 

MOBILIDADE

NC – E o imbróglio que esta Câmara criou com os Transportes?

Durante anos houve uma desarticulação entre um conjunto de meios de mobilidade, de falta de ligação das infraestruturas. Sem sentido.
O que fizemos aqui, quer nos transportes quer no estacionamento, só tem um sentido. Melhorar os serviços para os cidadãos. E introduzir novos factores de mudança, como por exemplo o shuttle para a Serra da Estrela. Esse é o foco. O que aconteceu, os problemas surgidos, entroncam mais vez na comunicação, ou na falta dela. As pessoas foram apanhadas de surpresa, nós devemos colocar-nos na pele dos outros, faço-o com regularidade, repare, eu estou habituado a tomar o autocarro às 8h10, e de um dia para o outro sem aviso, ele passa às 8h00. Não pode ser. E claro, as pessoas reclamaram com razão, a Câmara reconhece-o, estamos a proceder às necessários correcções, eu acredito que este sistema de mobilidade dará bons frutos.

PARQUÍMETROS

NC – E os parquímetros são assim tão fundamentais?

Isto é claramente, como em todas as cidades, para regular o estacionamento. De forma disciplinada, para que se utilize o espaço publico com parcimónia, ponderação, pensando nos outros. E repare, houve algumas críticas da oposição, mas o estacionamento pago na cidade da Covilhã já existe há 15/20 anos. Não foi este executivo que o inventou. Nós queremos regulá-lo para que as pessoas que lá estacionem fiquem pouco tempo. É tão simples quanto isso. Para que sejam utilizados quando as pessoas precisem, e não sejam de longa duração, como se fossem as suas garagens. Em algumas zonas deve ser assim. Para os serviços, para o comércio, para os cidadãos que querem tratar dos seus assuntos. Claro, ninguém gosta de pagar, mas há que disciplinar, e vai melhorar, estou certo. Quanto ao silo no subsolo é o mesmo. E até foram os comerciantes a pedir. “Ponham o silo a pagar!”

E nós pusemos.

 

“Há mais pessoas a optar por viver na cidade da Covilhã”

 

CENTRO HISTÓRICO

NC – Acha que faz sentido mexer no Centro Histórico?

Podemos discutir um Centro Histórico sem carros. Eu tenho uma ideia. E devemos falar em mudança. Faz sentido discutir se a Ruy Faleiro só deva ser ascendente. Nesse caso temos de criar condições para o trânsito que vem da Serra da Estrela. A Câmara, e o presidente já falou sobre isso, adquiriu um edifício junto à APPACDM, para que se crie nesse local uma alternativa para o trânsito descendente. Comerciantes, empresários, hoteleiros e academia, devem ter uma palavra a  dizer nesta solução. Acho que perdemos uma oportunidade para ir mais longe, quando se abriu o Pelourinho e a Praça do Municipio… para o colossal parque no subsolo, podíamos ter aproveitado o buraco para um túnel antes da Visconde de Coriscada e a sair na Ruy Faleiro…mas isso já lá vai.

E tínhamos ganho uma praça. Eu acho que a Rua Direita deve ser pedonal.

Mas uma rua diferente. Viva e animada. Pôr as gentes na rua.

CIDADE CRIATIVA

NC- A Marca criada é uma oportunidade perdida?

Nós somos constantemente avaliados. Este selo da Cidade Criativa precisa de corpo, composto de diversas partes, dos designers e artistas, da universidade, de modo a criarmos um grande projecto. Criar, criar… como por exemplo transformar visualmente os nossos passeios com desenhos de debuxo, que ainda não concretizamos e que acho determinante.

A MARCA COVILHÃ

NC – A Covilhã tem uma identidade? É conhecida por…

A Covilhã, nós sabemos o que dizem de nós. É a Serra, são os Lanifícios, é a UBI, é a Arte Urbana, pensar num Grande Museu de Arte Urbana, porque não…?! Isto é da nossa marca, e que são coisas que discuto com quem faz a WOOL por exemplo, e que são extraordinários.

NC – E as Feiras e eventos também encaixam nesse contexto?

Temos um calendário bastante longo de feiras e de eventos, muito por culpa, no bom sentido, das associações e das juntas de freguesia.

Estamos muito contentes com o salto que o Festival da Cherovia deu, e foi também connosco que a Feira de São Tiago começou a ganhar o fulgor que merece. Foi uma das mais importantes feiras da Península Ibérica, tem mais de 600 anos de existência, ao nível de uma Feira de São Mateus ou de Trancoso, foi-se perdendo, e quando aqui chegamos estava a definhar.

Um projecto que cresce ano após ano. Este ano tivemos mais de 120 mil visitantes, e estou certo, a Feira de São Tiago vai impactar a nível nacional.

 

TURISMO

NC – Há uma estratégia par vender a Covilhã ao Mundo?

Estaremos na FITUR e na BTL, queremos estreitar laços com Espanha, e queremos dizer às pessoas, ao pais, que a Covihã é um hub, uma placa giratória da região para as visitas turísticas. Este ano vamos ultrapassar, em termos de dormidas, o que foi o melhor ano de sempre. Os diversos players têm de fazer o mesmo caminho. E por vezes não é fácil. A Câmara Municipal deve ser um parceiro. Há investimentos projectados nas áreas da saúde, da indústria, do imobiliário, na área do turismo. E de 2021 para cá, sentimos que há mais pessoas a optar por viver na cidade da Covilhã para trabalhar e para viver.

(Entrevista completa na edição papel/PDF desta semana)

 

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