O que levou a ASTA a este ano centrar as atividades na Guarda?
A ASTA é uma companhia que trabalha em todo o território nacional e, felizmente, temos já uma presença assinalável a nível internacional. Na região desenvolvemos as nossas atividades em vários municípios, inclusive na Guarda, embora de forma esporádica. Este ano, fruto da parceria entre a ASTA e a Câmara da Guarda, permitiu-nos levar o ContraDANÇA ao TMG e alargar assim a abrangência do festival no território. Este acordo é uma mais valia para ambas as instituições e, sobretudo para a população da Guarda. Fizemos uma proposta de parceria, apresentamos o festival que, ao chegar à sua 15ª edição, ganha cada vez mais destaque nacional e internacional. E foi recebido como sendo uma mais-valia para a Guarda. Fruto de uma nova visão estratégica para a cultura e de um plano de desenvolvimento cultural, que visa posicionar a Guarda e afirmá-la como uma nova centralidade regional na área da cultura e das artes. Por isso o TMG recebe quatro espetáculos nesta edição do ContraDANÇA e uma residência artística.
Porque é que, estando a vossa companhia sediada na Covilhã, há um reduzido número de apresentações na cidade este ano?
A ASTA terá, este ano, no Teatro Municipal da Covilhã (TMC), dois espetáculos porque não nos deixam fazer mais espetáculos no teatro. A ASTA já esteve, este ano, com uma criação sua no TMC – O Esplendor do Caos, a partir da obra homónima de Eduardo Lourenço – durante três dias. Como o regulamento do teatro só prevê cinco apresentações para as companhias profissionais sediadas na Covilhã, a ASTA já não tem mais dias para apresentar o seu trabalho.
Uma limitação…
Podemos até considerar-nos afortunados pela existência deste regulamento. De outra forma, a ASTA não apresentaria qualquer trabalho seu no teatro. A ASTA apresenta o seu trabalho em vários teatros municipais e até nacionais, tem coproduções com vários, mas não tem com o TMC. Em mais local nenhum se verifica esta situação. Ainda a semana passada estivemos em Setúbal e a companhia profissional de Setúbal (Teatro Estúdio Fonte Nova), que é uma cidade com programação regular, o que não acontece na Covilhã, tem direito a 11 dias por ano no teatro (Fórum Municipal Luísa Todi). E há companhias de outros municípios que ainda tem direito a mais dias nos teatros das suas cidades. Na última candidatura da ASTA aos apoios do ministério da Cultura / Direção Geral das Artes, solicitamos uma carta de conforto ao Teatro Municipal da Covilhã e esta nunca chegou. Ao se fecharem as portas aqui, a ASTA tem de procurar outros lugares onde possa desenvolver os seus projetos. Estamos já a trabalhar para que no próximo ano o ContraDANÇA e outras atividades da ASTA possam ser desenvolvidas noutros municípios. Aproveito a oportunidade para convidar todos os covilhanenses a irem à Guarda, mas também a Gouveia e a Fornos de Algodres, e assistirem aos espetáculos.
Qual a mais-valia do protocolo assinado com a Câmara da Guarda para iniciativas em 2025?
O protocolo assinado entre a ASTA e a Câmara Municipal da Guarda cimenta a parceria criada este ano e vai permitir que o ContraDANÇA em 2025 tenha ainda uma maior escala e ganhe mais destaque na Guarda. Indo ao encontro da sua pergunta inicial, será no próximo ano que o ContraDANÇA se centra na Guarda e daí parte para os restantes municípios. Neste momento, é importante falar da edição deste ano, que está quase a começar, mas poderei já adiantar que no próximo ano o ContraDANÇA na Guarda será uma espécie de festival dentro do festival. Esperamos que este seja o primeiro de muitos protocolos assinados com a Câmara da Guarda. Não nos faltam projetos e ideias no campo das artes e da cultura. Faltam-nos parceiros que nos ajudem a concretizá-las.
Houve alguma tentativa de fazer o mesmo com a Câmara da Covilhã?
A ASTA tem um protocolo com a Câmara Municipal da Covilhã, que é público, e que visa o apoio de todas as atividades e projetos que a ASTA desenvolve. Contudo, este protocolo tem duas questões que precisam de ser revistas. Primeiro, o valor de apoio, que é insuficiente para todas as atividades que a ASTA desenvolve no concelho. É urgente este protocolo ser revisto, quer no que diz respeito ao valor de apoio, quer no que diz respeito a ter um espaço onde a ASTA possa desenvolver o seu trabalho. Já fizemos pedidos para ter mais dias no TMC e a resposta ou não chega, ou quando chega, é negativa.
Quer exemplificar?
A título de exemplo, para o Festival de Artes de Rua Portas do Sol, que a ASTA organiza, e que decorreu em julho passado, ainda não sabemos qual o apoio extraordinário que vamos receber por parte do município. O festival contemplou este ano 31 atividades inteiramente gratuitas, é já uma marca da Covilhã, atraindo cada vez mais público ao Centro Histórico da cidade, e até já serve de referência a outros eventos. Só podemos estar a fazer alguma coisa mal!