Passados 20 anos, João Casteleiro diz que é “inegável” que os serviços de saúde, na região, melhoraram com a criação do Centro Hospitalar. O médico lembra condições físicas, o papel desempenhado no ensino, a falta de financiamento ou a baixa natalidade num Interior que, afirma, também tem que fazer por si
Passados 20 anos sobre a criação do Centro Hospitalar, que balanço faz? Houve ganhos para a população no acesso aos serviços de saúde?
Acho que isso é inegável. Toda a gente vê. E melhorámos também muito a componente humana. Que tem que ser complementada com boas estruturas, bons serviços, boa alimentação, ou seja, boas condições às pessoas. Não há dúvidas nenhumas de que no velho hospital, onde estávamos, isso não era bom nem para os doentes, nem para os profissionais. Felizmente isso mudou. Foi uma mudança de 180 graus. O factor decisivo para a melhoria dos cuidados de saúde na região foi a criação deste hospital, e consequentemente, com a criação do Centro Hospitalar e hospital do Fundão. Só isso é que veio aproximar a maneira como se tratavam os doentes no Interior e Litoral. Na altura, era uma diferença abismal, impressionante. Hoje, felizmente, olhando para há 20 anos atrás, a diferença é enorme.
Um contributo não só para a saúde…
Contribuiu para a melhoria da saúde, mas não só. As unidades hospitalares são, quase sempre, uma das principais empresas nos territórios onde estão implementadas, contribuindo também para que haja emprego. É um factor social importantíssimo. A mudança no nosso Interior e Cova da Beira foi extraordinária. Só desde essa altura até agora, entraram 203 médicos. Obviamente que houve médicos aposentados, ou que saíram, mas isto foi uma diferença extraordinária. O número de serviços quase duplicou. É uma oferta incrível em relação ao que tínhamos. Antes eramos pobrezinhos, no bom sentido. E conseguimos manter uma matriz de humanismo e ligação ao doente que raramente existe em outras unidades. Poderá dizer que em alguns casos há pessoas mal formadas. É verdade, como acontece em outras instituições. Mas a grande maioria, mais de 80 por cento das pessoas, são boas. Pensam nas pessoas internadas.
Quando fala em hospital velho e novo, a própria estrutura foi uma mudança enorme…
Basta ouvir o que dizem os doentes que chegam de outro hospital. Ou quando vão daqui para outro. É diferente. Falam muito bem das condições. Aliás, atrevo-me a dizer que temos um hospital, não do século XIX, mas do século XXI. Todos os quartos com casa de banho, até as visitas têm. Em muitos hospitais, isso não acontece. É um factor menor, mas é o reflexo do todo.
(Entrevista completa na edição papel)