A NeuroSov, empresa criada na Covilhã, recebeu este mês os resultados que aguardava sobre os ensaios pré-clínicos e tem agendadas reuniões com empresas farmacêuticas a quem pretende licenciar a patente de uma molécula que pode vir a retardar a progressão da doença de Parkinson.
“O nosso grande objetivo é que, se funcionar, os doentes permaneçam no primeiro estádio da doença, e que nunca evolua para os estádios seguintes. Significa que os doentes podem ser independentes, ter uma vida quase normal, porque eles vão ter sempre uma resposta eficaz às medicações que já existem no mercado”, explica, ao NC, a neurocientista e investigadora Ana Clara Cristóvão, uma das fundadoras da NeuroSoV.
A outra cofundadora da ‘spin-off’ da Universidade da Beira Interior (UBI), Dina Pereira, sublinha que os resultados de toxicidade e segurança dos testes pré-clínicos, na reta final, “foram muito favoráveis” e existem contactos com grandes empresas farmacêuticas interessadas na patente, a quem a licença deverá ser vendida para serem depois desenvolvidos os ensaios clínicos necessários para que o inovador medicamento possa chegar aos doentes, um processo moroso e dispendioso.
“Com os últimos ensaios que recebemos, estamos agora a ultimar relatórios, a escrever o dossier de investigação que documenta tudo, e é esse dossier que nós vamos licenciar a uma farma. A ideia é os ensaios clínicos já serem feitos por uma indústria que nos compre a licença. Isto é o que vai acontecer”, refere Dina Pereira, doutorada em Engenharia e Gestão Industrial.
Dina Pereira acentua as “perspetivas muito promissoras” e a previsão de que o candidato a medicamento venha a ser licenciado a uma farmacêutica. “Não acredito que seja ainda este ano, mas, se calhar, no primeiro trimestre de 2024 estamos a pensar que sim”, reforça.
Segundo Ana Clara Cristóvão, que acentua este ser o resultado de 17 anos de investigação, nesta fase, testada em animais, “o que falta são os ensaios de segurança de longa duração”, que permitem fazer uma “validação de segurança à exposição da molécula de forma consecutiva durante três ou quatro meses”.
A neurocientista explica que o que existe no mercado ajuda os doentes a lidarem com os sintomas da doença, enquanto a molécula em que estão a trabalhar não pretende substituir essa solução, mas fazer com que os neurónios que ainda estão funcionais no doente “permaneçam funcionais e vivos durante mais tempo”, de maneira a responderem de forma mais eficaz às terapias que existem no mercado para os sintomas para a doença neurodegenerativa, ainda sem cura.
(Reportagem completa na edição papel/PDF desta semana)