Procurar
Close this search box.

Troca de gerações no Mercado Municipal

“A minha avó metia-me em cima de duas caixas de cerveja para eu conseguir chegar ao balcão e falar com os clientes”. É a história de Paulo Moura, de 53 anos, que vende no Mercado Municipal há 40.

Desde os 10 anos que Paulo ‘trabalha’ na Praça. Lembra-se de ajudar a sua avó, que tinha um café logo no primeiro piso, onde hoje está o estacionamento. Os pais também vendiam no mercado, mas no terceiro andar, onde tinham uma loja de roupas.

Paulo, que ainda hoje é proprietário do café que está na Praça, diz que já é negócio de família. “Começou com a minha avó, que tinha o café lá em baixo [no 1.º piso] e que foi o primeiro café a aparecer aqui na praça desde a inauguração do mercado, em 1943. Depois passou para o meu pai e agora é meu. Eu já sou a terceira geração”, conta com orgulho.

“Eu, com 10 anos, isto era uma adrenalina. Era pequenito, as senhoras davam-me uma couve ou um sumo, para eu ir meter os xailes delas nas cadeiras do café da minha avó, para lhes guardar o lugar”, recorda.

O proprietário recorda o mercado antigo e explica que as filas de espera eram tão grandes, que chegavam de uma ponta à outra do edifício, lembra-se de existirem até três filas de uma vez, para as pessoas fazerem os seus pedidos. Hoje, lamenta que fechem o estabelecimento às 13 horas, porque, nas suas palavras, “dá cabo do negócio”.

A memória preferida de Sofia Poeta em relação ao Mercado Municipal, era de ir com a sua mãe todos os sábados às compras e do miradouro, apelidado de “redondo”. “A nossa praça tinha um ‘redondo’ tão giro, era um miradouro que havia do 3.º para o 2.º andar e estava no centro do mercado, e os homens costumavam ficar ali a ver, a conversar uns com os outros, enquanto esperavam que as suas mulheres acabassem as compras”, recorda com alegria.

“Havia mercado todos os dias, mas eu só vinha com a minha mãe aos sábados. Todos os sábados estava cá e gostava muito. Isto era muito grande, tinha muita coisa”, lembra Sofia, dos tempos que o espaço chegou a funcionar com quatro pisos de venda de produtos.

Já Graça Pais, de 62 anos, vende no mercado municipal há 22 anos, mas recorda que foi o falecimento da sua mãe que fez com ela a fosse substituir na ‘banca’. Graça conta que a sua mãe vendeu “mais de 50 anos” na praça e, por isso, a sua vida foi sempre passada em torno do mercado municipal.

Os vendedores do espaço já representam uma geração mais antiga, lembrando bem o que era a vida no mercado municipal. Lamentam que, entretanto, com a abertura de hipermercados e das grandes superfícies, esse hábito já se tenha perdido um pouco.

Ao mesmo tempo, todos reparam que, ultimamente, muitos jovens têm escolhido a praça para fazerem as suas compras, principalmente ao sábado.

Como Maria Lucas, de 73 anos, que comercializa as suas frutas no mercado há 45 anos, reparou: “Ao sábado vêm mais jovens, até as crianças gostam de vir à praça. Gostam de escolher e de pagar para aprenderem a fazer as continhas”, conta.

Os comerciantes compreendem que, com a nova mentalidade jovem que se prende em valores e consumos mais sustentáveis para o planeta, isso leva-os a escolherem produtos no comércio local, onde os alimentos são mais frescos e, como defendem os produtores, sai da horta direto para a banca do mercado.

Ao NC, os produtores mostram-se esperançosos que os consumidores optem, cada vez mais, pelo comércio local, fazendo mais visitas ao Mercado Municipal da Covilhã.

VER MAIS

EDIÇÕES IMPRESSAS

PONTOS
DE DISTRIBUIÇÃO

Copyright © 2023 Notícias da Covilhã