O administrador da Turistrela, Artur Costa Pais, acusou o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) de limitar 95% dos projetos apresentados no ano passado no âmbito do Plano de Investimento para o Desenvolvimento Turístico Sustentável da Serra da Estrela, pedido pelo Governo, mas a diretora regional, Fátima Reis, respondeu que o organismo “tem as costas largas” e enfatizou que a sua missão é “preservar o património natural”.
Durante a Assembleia Municipal da Covilhã temática, onde se debateram as acessibilidades à Serra da Estrela, o empresário apontou a ampliação da Varanda dos Carqueijais, a requalificação do edifício do teleférico, nos Piornos, que seria transformado num hotel do grupo Sana, e a reconstrução da Estalagem da Torre como intenções de investimento inviabilizadas.
“No Plano de Investimento que apresentámos ao Governo, 95% de tudo o que queríamos fazer, está muito limitado, porque o Plano de Ordenamento limita bastante qualquer iniciativa”, lamentou Artur Costa Pais.
O empresário considerou que essas situações “devem ser analisadas”, porque a Serra da Estrela “é única em Portugal”, enquanto em Espanha há 44 montanhas, em França 58 e na Suíça 39, comparou.
A responsável do ICNF afirmou ser sensível às necessidades de acessibilidade e de investimento e garantiu que o organismo será sempre um parceiro, mas que os projetos devem ir ao encontro “da preservação do património natural”.
“O ICNF tem as costas largas”, disse Fátima Reis, segundo a qual ideias “todos temos, concretizá-las é que é mais difícil”.
A diretora regional deixou claro que o que se pretende é “tentar renaturalizar a Torre” e manifestou-se contra a construção de “espaços sobre espaços, que não trazem valor à serra”.
Fátima Reis reconheceu que “a Torre, como está, não agrada a ninguém” e que “há que valorizar o que é nosso”, mas tendo um espaço “que seja digno” e respeite o património natural.
A responsável referiu ainda que o Plano de Ordenamento do Parque Natural está a ser atualizado que que o Plano de Pormenor Intermunicipal da Torre, que envolve os municípios da Covilhã, Seia e Manteigas, está a ser elaborado, para definir o que se pode ou não desenvolver na zona.
“Não nos opomos aos investimentos, opomo-nos, sim, à não preservação dos valores naturais”, acrescentou a diretora regional do ICNF.
O presidente da Câmara da Covilhã, Vítor Pereira, disse que a Turistrela se encontra por vezes “num colete de forças”.