A UBI vai receber uma verba extra de 1,4 milhões de euros (ME) para fazer face ao subfinanciamento e espera que esse reforço se repita no futuro, disse ontem o reitor da instituição.
“Não é o ideal, mas, pelo menos, é o reconhecimento de que tínhamos razão nos nossos argumentos, esperando por isso que a correção continue para o futuro”, afirmou Mário Raposo.
O reitor da universidade falava na cerimónia de abertura do ano académico, durante a qual fez questão de dar as boas-vindas aos alunos, destacando o facto de a UBI ter tido “o maior número de sempre de alunos colocados nas três fases de acesso” ao ensino superior, com cerca de 1.460 novos alunos e com cerca de 90% a escolheram a UBI como primeira opção.
Ao longo da intervenção, Mário Raposo voltou a abordar o tema do subfinanciamento desta universidade, que há vários anos reivindica a aplicação de um novo modelo. Uma reclamação que, revelou o reitor, foi este ano tida em conta pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que reconheceu que “o orçamento histórico das universidades não se encontrava minimamente adaptado à realidade atual” e decidiu construir um “novo cenário”.
Mário Raposo explicou que a nova análise teve em conta o número de alunos e os fatores de custo dos cursos, sendo que, no caso da UBI, essa realidade revelou um subfinanciamento de cerca de nove milhões de euros. Na decisão final, explicou, o Governo optou por distribuir pelas universidades subfinanciadas mais 1% do total do orçamento para o ensino superior, “o que significou atribuir à UBI um valor extra de um milhão e 400 mil euros”. “Deste modo, iremos continuar a estratégia, progressiva e gradual de contratação e renovação do corpo docente em áreas científicas mais necessitadas, através de concursos internacionais”, anunciou, acrescentando que, ao nível da progressão da carreira, também serão abertas vagas para professores catedráticos e para professores associados.
Entre os objectivos com o pessoal também inscreveu o aumento do número de funcionários de apoio e suporte, através de novas contratações, e apontou que está a ser desenvolvido “um novo regulamento orgânico, no sentido de criar um conjunto de chefias intermédias, possibilitando a progressão dos mais competentes, atuando assim sobre o fator motivação”.
Sem esquecer os alunos e os problemas socioeconómicos que poderão enfrentar, face ao agravamento do custo de vida, frisou que a UBI irá avançar com medidas de apoio, designadamente a possibilidade de fracionar o pagamento de propinas ao longo do tempo.
“É nosso objetivo promover ações inclusivas e de igualdade e aumentar as iniciativas de ajuda, bolsas de apoio e também esquemas de fracionamento no tempo do pagamento de taxas e propinas, de modo a garantir equidade no ensino, a continuidade dos estudos e o culminar do desejável sucesso escolar”, disse.
Reconhecendo o “descontentamento” dos alunos pela desativação da Cantina de Santo António (que fechou para obras) e a consequente sobrecarrega das restantes, pediu “um pouco mais paciência” e prometeu que, “entretanto, irão ser reforçadas” as equipas de funcionários nas cantinas das faculdades de Engenharias e de Ciências da Saúde.
Todavia, também avisou que terá de ser feito “algum pequeno ajustamento” no preço das refeições nas cantinas devido ao aumento dos alimentos.
A questão das cantinas foi também abordada pelo presidente da Associação Académica da UBI (AAUBI), Ricardo Nora, que, na sua intervenção, destacou o encerramento da referida cantina, revelando que já está a circular um abaixo-assinado que exige uma solução.
O documento já conta com mais de 300 assinaturas, entre estudantes, pessoal docente e pessoal não docente, adiantou.
Naquele que foi o último discurso que fez enquanto presidente da AAUBI – cargo que deixará porque foi eleito presidente da Federação Académica do Desporto Universitário – Ricardo Nora lembrou o percurso que foi feito e definiu a missão para quem fica, considerando que será preciso criar um grupo de trabalho para avaliar e apresentar soluções para os “problemas sistemáticos” da UBI.
Nesse campo, apontou o atraso na entrega de notas, o não cumprimento dos critérios de avaliação e o “desrespeito total” dos estatutos especiais dos alunos, como o do estudante atleta ou do estudante dirigente associativo.
A cerimónia também integra uma homenagem a título póstumo a Duarte de Almeida Simões, que foi o primeiro presidente do então Instituto Politécnico da Covilhã e que, como membro do designado Grupo de Trabalho da Cova da Beira, nos anos 70 do século passado, desenhou a estratégia para a criação do ensino superior na Beira Interior.