Porque se candidata à Câmara da Covilhã?
Foi um desafio que me foi lançado. Sou uma pessoa integrada na comunidade, através das associações que lidero, estou sempre no terreno, contacto as pessoas, tenho ideias, sou sonhador, criativo, e quando o desafio me foi lançado, refleti e cheguei à conclusão que esta era uma oportunidade, o tempo certo para apresentar as minhas propostas e ideias. Uma coisa é falar com amigos, outra é criar equipas, estrutura, uma plataforma, onde podemos pensar a cidade e as suas freguesias, não apenas para os próximos quatro anos, mas para os próximos 20 a 30 anos.
E que cidade e concelho serão esses?
A nossa candidatura e programa pautam-se por sete eixos fundamentais, que vão trazer nova vida à cidade e freguesias. São eles: o progresso (relacionado com o desenvolvimento económico e coesão territorial), o viver (habitação, mobilidade, segurança e infraestruturas), o cuidar (com a participação cívica e saúde), o aprender (com a educação e inovação), o transformar (cidades inteligentes, sustentabilidade e ambiente), o descobrir (cultura e turismo) e o impulsionar (associativismo, juventude e desporto). Ao fim de quatro anos, queremos alcançar objetivos muito concretos: mais população, já que perdemos 14,8%, e nós queremos aumentá-la, queremos que as pessoas tenham um salário médio mais elevado, queremos mais habitação, mais creches e mais espaços verdes.
Sendo um homem que vive a cidade, o que fica de melhor e pior dos últimos anos de governação?
Em relação aquilo que foi feito, nada tenho a comentar. Apenas sublinho que a sigla da nossa candidatura é o sinal mais, e isso quer dizer energia positiva, estar de uma forma positiva nesta candidatura. Por isso, o que de bem foi feito é para manter, ou fazer diferente, e o que não foi feito está à vista de todos os covilhanenses. Que nos chamam a atenção para inúmeros problemas que são conhecidos. O diagnóstico está feito. É hora de arregaçar as mangas, colocar o plano e estratégia em ação.
Que problemas são esses?
Passam por várias questões. Os jovens: é preciso fixá-los. Há muito que estão a deixar a nossa cidade, que é universitária, tem mais de 10 mil alunos, e por isso é preciso fixar estes quadros altamente qualificados. Como? Através de habitação a preços acessíveis para eles. Temos um programa para casais jovens e vamos lançar habitação para eles. Vamos lançar a construção de duas novas creches e a abertura do Bolinha de Neve. E vamos criar um gabinete de apoio ao investidor e empreendedorismo, que vai trazer novas empresas para a região, melhorar as que já cá estão, criando mais emprego. Esta é uma forma de aumentarmos a população.
Do que depreendo, a Covilhã não tem tirado partido do facto de ter a UBI?
Comigo à frente da Câmara, e sendo eu professor na UBI, conheço todos os corredores de lá, trabalhei com a atual reitora em vários projetos, e como tal penso ter a melhor relação com a UBI. Dentro da nossa candidatura teremos reuniões bimensais com a reitoria, e haverá um trabalho conjunto entre a universidade e município. Aquilo que tanto se fala da necessidade de haver uma relação próxima e estreita entre as duas instituições será uma realidade. Teremos projetos conjuntos, para infraestruturas, como por exemplo a Cidade das Artes, que temos pensada para o Parque da Goldra, que precisa de uma requalificação. Queremos dotar aquele espaço de outras valências.
Há outros projetos já pensados?
Há. A reitoria quer lançar uma nova residência, e há muito trabalho a fazer entre autarquia e UBI, que deve ser vista como um dos principais pilares para a estratégia futura para o concelho.
Falou de creches. A Covilhã revela falta de oferta nesse campo. O que propõe?
Na nossa candidatura isso é muito claro: existem dois projetos, para os parques industriais de Canhoso e Tortosendo, que iremos implementar. E assim que tomarmos posse iremos avaliar a situação do Bolinha de Neve, que será uma realidade, porque é uma infraestrutura no centro da cidade ao mais alto nível. Com muitas salas, que precisa de uma requalificação, mas vai ajudar as populações.
O que mais é preciso fazer para fixar gente cá?
Ter respostas muito rápidas e diretas aos investidores. Temos que facilitar isso. Mas também é preciso haver uma revitalização das zonas industriais, que já visitei, e em que há muito a fazer. Requalificar passeios, plantar mais árvores, criar áreas sociais, criar zonas de lazer. Para quem lá está e trabalha. Além disso iremos incentivar o emprego jovem e qualificado. A UBI tem, por exemplo, como projeto alargar o UBIMedical, e cá estaremos para dar todo o apoio necessário, para que seja uma realidade. Pois o cluster da saúde está a crescer na cidade, e com mais saúde, teremos uma cidade com mais futuro.
Estamos bem nesse capítulo da saúde?
É urgente a requalificação do centro de saúde. Ou fazer um novo. Está amplamente degradado. Não podemos ter, em 2025, aquelas instalações para receber os nossos cidadãos. E há todo um trabalho a fazer nas freguesias, que é urgente. Até no domínio da literacia da saúde.
Nas freguesias, é pública a dificuldade das pessoas em se deslocarem para a sede de concelho. Com passes a preços altos. O que está pensado?
É verdade, e nós temos estratégias delineadas. Uma para a parte da concessão da zona urbana, e outra para as zonas mais rurais. Teremos que perceber quais as necessidades, os números, para apresentar uma solução. Mas haverá resposta para todas pessoas que estão mais longe, porque é importante que todos possam ter as melhores acessibilidades. Não podemos pactuar com os preços exorbitantes de passes, havendo covilhanenses de primeira e segunda, nem sequer já falando nas diferenças para Porto ou Lisboa. Onde é quase tudo gratuito.
É culpa de quem? Do poder local, do central ou de ambos?
Há um trabalho a fazer com a CIM Beiras e Serra da Estrela. Esse pode ser um dos caminhos. Há que encontrar sinergias, com a CCDR-C, com o Governo. Nós defendemos o diálogo e união. Há determinados assuntos na cidade que exigem a união de todas as forças políticas. Acontece com os transportes, e por exemplo, com a água.
E que mais para ter mais Covilhã?
Temos que ter, em termos de infraestruturas, quatro a cinco obras. Não podemos dar um passo maior que a perna. A construção de uma piscina coberta no Complexo Desportivo. É urgente. Um pavilhão multiusos, a requalificação do Mercado Municipal, e a criação de um parque da cidade, um projeto que vamos lançar a longo prazo, que não é para fazer em quatro anos. Que terá não só multiusos, como um “pet park”, um parque infantil, zona de caravanas e piquenique, e um parque de exposições, pois esta questão da feira de São Tiago é transitória. Tem que sair do Complexo, que será requalificado com dois campos de relva sintética, e recuperada a pista de atletismo.
Já há local pensado para um projeto dessa envergadura?
Estamos a analisar várias localizações. A cidade vai ter que se expandir e crescer em direção ao rio Zêzere. Este é outro ativo que a Covilhã tem e para o qual está de costas voltadas. Iremos abrir duas avenidas, de um lado e do outro do rio, e a cidade crescerá nesse sentido.
Um crescimento ordenado?
Pensado e ordenado. Tem que se pensar com estratégia. Aquilo a que estamos a assistir na Covilhã foi o que foi planeado há 20 anos. Por isso, o que acontecerá nos próximos 20 tem que ser pensado já. E já estamos a perder tempo…
Há mais que queira fazer?
Muito. Desde ter mais árvores, requalificar o Pelourinho, a zona do Mercado, a rua Direita, enfim. Há muito onde intervir. A cidade precisa de dinâmica, e a criação de uma espécie de mercado ao ar livre, entre o Jardim Público e o Mercado Municipal, será ponto de encontro para as pessoas.
Na noite de 12 de outubro, o que será um bom resultado?
Para mim, e para as equipas que me acompanham, é ganhar a Câmara. É com esse sentimento que concorro. Acho que reúno todas as mais-valias, estou ligado à UBI, ao associativismo, à cultura. Se os covilhanenses querem uma cidade com vida, com futuro, bem como as freguesias, onde faremos reuniões descentralizadas de Câmara, apostem em mim.
Se perder, assume o cargo de vereador?
Não coloco essa questão, não está em cima da mesa. Estou a trabalhar para ganhar.
Haver tantas candidaturas pode beneficiar ou prejudicar?
É salutar. Estamos em liberdade, em democracia, há pessoas com propostas. Agora penso que os covilhanenses são inteligentes e vão olhar para os candidatos, vendo o que tem mais capacidades, liderança e projeto. E penso que a nossa candidatura é a decisão mais acertada para o futuro.