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UBI quer contrato-programa para compensar subfinanciamento

Instituição quer ver mitigada “iniquidade” dos 15 anos em que foi a universidade portuguesa que recebeu menos dinheiro por aluno

A Universidade da Beira Interior (UBI) apelou ao novo Governo para que compense a instituição, através da assinatura de um contrato-programa, pelos “desequilíbrios financeiros” causados por 15 anos de subfinanciamento, durante os quais a unidade de ensino foi a universidade portuguesa que recebeu menos financiamento por aluno.

“É necessário continuar a corrigir os desequilíbrios financeiros da UBI e esperamos que nos compense através de um contrato-programa que possibilite a recuperação das infraestruturas, a construção de novos espaços pedagógicos, a recuperação das nossas infraestruturas desportivas, a recuperação das nossas cantinas e a estabilização dos nossos recursos humanos, docentes e funcionários, de apoio e suporte”, frisou o reitor, Mário Raposo, durante a sessão solene comemorativa dos 38 anos da universidade, em 30 de abril.

Na cerimónia, que assinalou também os 50 anos de ensino superior na Covilhã, o reitor da UBI aludiu ao relatório da OCDE que demonstra o subfinanciamento da UBI entre 2009 e 2022, uma situação que considerou uma “falta de equidade” que começou “a ser corrigida” a partir de 2023 e ficou prometido prosseguir esse caminho para o equilíbrio no Orçamento do Estado até 2027.

“Ao longo daqueles anos a UBI foi privada, em termos acumulados, de mais de 50 milhões de euros”, acentuou Mário Raposo, referindo que muito mais poderia ter sido feito com essa verba.

Segundo o reitor, “a UBI soube encontrar caminhos que permitiram a sua afirmação, apesar dos ataques sucessivos à instituição, o mais grave dos quais se traduziu num subfinanciamento crónico a partir do ano de 2009 e que se estendeu até aos nossos dias”, situação que espera ver ultrapassada.

A concretizar-se esse apoio, decorrente de um contrato-programa compensatório, Mário Raposo garantiu que a universidade saberá responder “através de uma escrupulosa utilização dos recursos, de uma transparente prestação de contas e de um compromisso cada vez mais acentuado para com a região, para com o país e para com a sociedade”.

Atualmente com mais de 9500 estudantes, entre os quais 720 de doutoramento, 1300 trabalhadores e envolvida em “158 projetos de investigação”, a UBI é “um farol de luz que ilumina e irradia o desenvolvimento” da região, com quem a instituição trabalha numa lógica “de complementaridade”, vincou o reitor.

Durante a cerimónia foi homenageado o antigo reitor Manuel Santos Silva, que recebeu o diploma de professor emérito, pelos altos serviços prestados e pelos relevantes contributos para a expansão e afirmação da UBI.

O antigo professor do Departamento de Engenharia Têxtil manifestou-se “honrado e privilegiado” pela distinção e disse que a UBI “constituiu o maior desafio” da sua vida.

O covilhanense Pedro Roseta, ex-ministro da Cultura e antigo deputado, com “intervenção preponderante na defesa do Instituto Politécnico da Covilhã e da sua conversão em Instituto Universitário da Beira Interior” foi também homenageado.

Pedro Roseta manifestou a sua gratidão à UBI “por tudo o que fez pela cidade”, considerou que a instituição “abriu uma perspetiva nova” na região e da sua criação “resultou uma modernização, uma qualificação das pessoas”, além de ter permitido “salvar o património” da cidade, referindo-se à recuperação de antigas fábricas onde os vários polos foram instalados.

O terceiro homenageado foi o professor aposentado Fernando de Jesus, pelo contributo para “a qualidade do ensino” e para “o prestígio da instituição”, na cerimónia em representação do “corpo inicial de docentes desta academia”, acentuou o reitor.

 

340 mil euros para a saúde mental

 

A saúde mental dos estudantes é uma das preocupações manifestada pelo reitor da UBI, assim como uma “potencial ameaça”, e Mário Raposo anunciou, na sessão solene comemorativa dos 38 anos da universidade, que a instituição conseguiu um financiamento de 340 mil euros para, “nos próximos anos”, desenvolver um projeto nesta área.

“A UBI candidatou um projeto para apoiar e ajudar a nossa comunidade de estudantes a enfrentar esta problemática”, informou o reitor, segundo o qual cada vez mais se nota um aumento dos problemas relacionados com a saúde mental dos estudantes, alguns mais vulneráveis durante o período académico. Situações como ansiedade, depressão, ‘burnout’ ou stress têm sido identificadas e pretende-se aumentar a capacidade de resposta.

Esse é também um assunto que deixa apreensivo o presidente da Associação Académica da UBI (AAUBI), João Nunes, que manifestou, na sua intervenção, a necessidade de prestar maior atenção ao “bem-estar psicológico” dos estudantes e para a urgência em encontrar recursos que respondam ao problema.

“É impensável que a capacidade de resposta do apoio psicológico seja tão reduzida e que os estudantes sejam remetidos para uma lista de espera quando têm a coragem de pedir ajuda. A saúde mental não espera”, alertou o representante dos alunos.

O presidente da AAUBI mencionou ainda que, face ao aumento de estudantes, “as infraestruturas começam a revelar-se insuficientes para dar resposta às necessidades”, dando como exemplo o alojamento, cantinas, laboratórios ou salas de aula, criticando as filas nas horas de refeição, a impossibilidade de almoçar durante o intervalo para o efeito e a ausência de diversidade nas ementas.

Para Mário Raposo, o rejuvenescimento do corpo docente, tal como as questões sociais e ambientais, são desafios para o futuro, embora o reitor antecipe possíveis ameaças.

A situação demográfica, com o envelhecimento da população e a baixa taxa de natalidade, obriga a universidade da Covilhã a “estar atenta e desenvolver “estratégias para atrair e reter alunos nacionais e internacionais, bem como adaptar programas e cursos às necessidades de formação ao longo da vida”.

No caso da Inteligência Artificial, o reitor mencionou a importância de a UBI estar “na vanguarda desta revolução”.

Segundo Mário Raposo, a UBI consolidou-se como um projeto “estimulante, arrojado, inovador”, que já formou mais de 40 mil pessoas e, ao longo de 50 anos, “foi capaz de se transformar e atingir níveis de prestígio nacional e internacional”.

O reitor enfatizou que, além do ensino, a investigação é “pedra angular” da missão da universidade. Nesse sentido, foram feitas 18 candidaturas no âmbito da FCT-Ternure e no início de abril foi assinado um protocolo com a tutela para a contratação de cinco investigadores este ano.

Mário Raposo acrescentou que a atual reitoria abriu 88 concursos para professores associados e professores catedráticos. “Este número é por si só superior ao número total de concursos de promoção realizados em todas as reitorias anteriores somadas”, comparou.

O responsável salientou que a UBI foi enfrentando fases de evolução e de revolução. “Encontramo-nos perante um novo estádio de desenvolvimento da instituição que exige uma cultura de adaptação à mudança e a necessidade de reinventar um novo modelo de desenvolvimento”, analisou.

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